Dona Irene Cardoso de Oliveira é um dos pequenos agricultores beneficiados pelo projeto “Capacitação na Produção de Café Orgânico”, que faz parte do programa Universidade sem Fronteiras. Nascida no meio rural, ela trabalhou durante muito tempo com a produção de café tradicional. Depois de participar do curso de Cultivo do Café Orgânico em Jundiaí do Sul (PR), onde o projeto é realizado, ela aderiu definitivamente à modalidade.
Com cerca de 38 mil habitantes, o município de Jundiaí do Sul registra
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,721, abaixo da média estadual. Para o coordenador do projeto, professor Valdir Lopes, da
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), a iniciativa é interessante por oferecer uma condição de melhoria desse índice, principalmente nos assentamentos Itambé e Pau d’Alho, onde vivem 135 famílias.
No período inicial, o principal objetivo era oferecer cursos de capacitação em produção do café orgânico aos assentados. Agora, o projeto está na segunda fase, que visa colocar em prática o aprendizado. O assentado vai plantar, conduzir e manejar o café, e será orientado por três profissionais recém-formados e dois estagiários.
O agrônomo Gleison de Souza Alves, recém-formado pela
UENP, considera este acompanhamento fundamental para que o produtor se sinta seguro. Ele ressalta a importância do projeto em sua carreira profissional. “Além de quebrar aquele medo do primeiro emprego, o projeto proporcionou um encontro, que não tive enquanto estava na faculdade: o encontro com a realidade do produtor e dos seus familiares. Isto foi uma experiência indescritível”, afirmou.
Gleison ainda afirma que a cafeicultura orgânica é algo que vem ganhando espaço, pois esse é um mercado que se fortalece em todo o mundo, principalmente em países desenvolvidos. “Isto não deixa de ser uma forma de transferir riquezas destes países para os menos desenvolvidos. O café orgânico consegue um prêmio a mais na sua comercialização, estimula um produto nobre não só por suas qualidades, mas também por sua preocupação com o meio ambiente, com o trabalhador rural e com a remuneração justa ao produtor”, disse.
Como alternativa para tentar equilibrar os exageros da agricultura química, a agricultura orgânica está sendo bastante difundida. Em vários casos, o cultivo orgânico traz soluções viáveis à não degradação ambiental, pois além de produzir alimentos saudáveis, reduz-se significativamente a degradação do solo.
O projeto
Capacitação na produção de café orgânico é um dos 450 projetos do programa
Universidade sem Fronteiras, da
Secretaria da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior do Paraná (Seti). É desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Jundiaí do Sul, o
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/PR) e a
UENP.
“Devemos lembrar que a iniciativa do Programa Universidade sem Fronteiras é importantíssima para o desenvolvimento da Pesquisa e Extensão no Paraná e em todo Brasil. A aplicabilidade do projeto nos assentamentos foi tão bem sucedida na primeira fase que não poderia deixar de inscrevê-lo novamente”, ressaltou o coordenador do projeto, Valdir Lopes.
EXTENSÃO
O programa Universidade sem Fronteiras é a maior ação de extensão universitária em curso no país. Realizado desde outubro de 2007, é composto por equipes de educadores, profissionais recém-formados e estudantes das universidades e faculdades públicas do Paraná. São 450 projetos aprovados em seleção pública, em mais de 250 municípios com baixos Índices de Desenvolvimento Humano.
A previsão é que até novembro de 2010 sejam investidos R$ 40 milhões do
Fundo Paraná para desenvolvimento de novos projetos e manutenção de projetos já existentes.