Após dois dias consecutivos de fortes quedas, o mercado do café arábica fechou em alta nesta quinta-feira (17) na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Os contratos para entrega mais próxima registraram altas acima dos 1.500 pontos e recuperaram o patamar dos US$ 2,00. Analistas afirmam que a alta faz parte do movimento de volatilidade do mercado.
No fechamento, o vencimento maio fechou em 201,20 centavos de dólar por libra-peso, julho alcançou os 204,10 cents e setembro fechou em 206,20 cents /libra-peso, todos com alta de 1.525 pontos. O analista de mercado Eduardo Carvalhaes explica que, mesmo com as fortes quedas registradas na terça e na quarta-feira, a semana deve encerrar com saldo positivo.
A notícia de que cafeicultores da Colômbia estaria agendando protestos contra o governo para o dia 28 de abril, por conta da falta de pagamento de subsídios. Os planos do grupo chamado ‘Dignidad Cafetera’ também pode ter influenciado as altas do mercado, já que protestos similares que ocorreram em 2013 prejudicaram o andamento das colheitas naquele país. “Não dá para saber se isso está ligado às altas, mas é uma preocupação a mais para o mercado”, afirma o analista.
Carvalhaes explica também que a previsão de perdas acima dos 30% para a safra brasileira em 2014, projetada pela Fundação Prócafé em março, começa a se impor mais no mercado, já que não se fala mais em uma perda moderada. “Além disso, os danos previstos para a safra 2015 estão cada vez mais claros”.
Efeitos negativos da chuva
Apesar das notícias de que as chuvas nas regiões produtores de café em Minas Gerais poderiam beneficiar os cafezais, e por isso teriam provocado a queda nas cotações nos últimos dois dias, especialistas afirmam que os efeitos podem ser mais negativos do que positivos.
Fernando Barbosa, presidente do Conselho Regional de Café da região de Guaxupé-MG, explica que se continuar a chover mais de uma semana, as perdas podem começar a se intensificar. “Os fungos podem afetar a qualidade da bebida nas regiões baixas, onde os cafés são adensados. Além disso, os lugares onde choveu com mais intensidade, alguns grãos maduros caíram”. Ele explica que principalmente os grãos desnutridos e atingidos pela cercósporea começam a inchar a cair no chão com as chuvas.
O presidente do Conselho explica que a má qualidade dos grãos colhidos já está sendo comprovada. “Vamos ter café de vários tipos, mal-granados, chochos… Além disso, nesta época os dias são mais curtos e as noites mais longas, e o clima mais frio dificulta a secagem no terreiro… Teremos cafés com seca duranto 30 dias no terreiro, quando o normal seria de 7 a 14 dias”.
O relatório diário da trader sul-africana I&M Smith também informou que, apesar de exercer pressão negativa no mercado, investidores internacionais já entenderam que chuvas neste período não irão reverter as perdas já consolidadas para a safra 2014.
O mercado físico também registrou fortes altas, seguindo a tendência de NY. Em Guaxupé-MG, a saca de 60 do café tipo 6, bebida dura, teve alta de 7,74% e é vendida a R$ 473,00. Em Franca-SP, a alta foi de 10,11% e a saca é comercializada a R$ 490,00.
Fonte: Notícias Agrícolas // Fernanda Bellei