26/06/2014 – O mercado de café arábica segue bastante volátil. O fechamento desta quinta-feira (26) registrou leves quedas na Bolsa de Nova Iorque (Ice futures US), após forte ascensão no dia anterior de 580 pontos para os principais contratos.
O vencimento julho encerrou em 178,80 centavos de dólar por libra/peso com queda de 115 pontos. Há cerca de um mês, os índices para esse contrato se aproximam do patamar de 180, mas não conseguem alcançar o valor. “Esse cenário reflete um ‘bate-bola’ dos fundos e de especuladores que aproveitam as altas para vender e garantir lucros nas negociações. Logo as baixas aparecem, por conta disso também”, explicou Anselmo Magno de Paula, gerente do departamento de café da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca-SP).
Os contratos para entrega em setembro registraram decréscimo de 120 pontos para 180,85 cents/libra-peso. Dezembro anotou 184,35 cents/libra-peso, enquanto março/2015 desceu 130 pontos para 187,40 centavos/libra-peso.
Quebra na colheita brasileira
A volatilidade do mercado de café arábica se deve também pelas incertezas quanto ao tamanho da safra brasileira. Segundo pesquisa realizada pelo site Notícias Agrícolas entres as principais cooperativas do Brasil, a maioria das regiões terá quebra na produção.
A Coopinhal (Cooperativa dos Cafeicultores da Região do Espírito Santo do Pinhal) que contém cerca de 500 associados e abrange 8 municípios – terá queda de 30 a 40% na produção estimada, que era de 115 a 125 mil sacas, mas que pela demanda não deve passar de 80 a 90 mil.
A equipe da Cocatrel estima uma perda entre 20% a 30%. “As regiões mais atingidas são aquelas às margens de Furnas, em municípios como Boa Esperança, Guapé e Campos Gerais”, explicou Fernando Miranda, presidente da cooperativa.
O rendimento do café colhido na região da Cooparaíso (Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso) também está bem abaixo do normal, de acordo com o engenheiro agrônomo da cooperativa, Marcelo de Moura Almeida. “Nas lavouras velhas, estão sendo necessários entre 600 a 750 litros para encher uma saca… Já nas lavouras mais novas, estamos precisando entre 900 até 1.100 litros, em alguns casos”.
“As baixas no sul de Minas devem chegar a 30%, no cerrado talvez um pouco menos”, projetou Carlos Paulino, presidente da Cooxupé – maior cooperativa cafeeira do mundo, que também declarou: “Os cafés estão chochos, parecendo isopor de tão leves”.
A estimativa inicial da Coopemar era de 100.000 sacas, mas com os defeitos apresentados nos grãos e a maior quantidade utilizada para conseguir uma saca beneficiada, esse número deve descer para cerca de 80.000 sacas.
Apesar das baixas nas diferentes regiões do país, a Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca-SP) comemora uma safra boa. “nós esperávamos uma quebra superior a 10%, mas com o andamento da colheita que está adiantada e registra cerca de 25% já concluída, analisamos que não teremos queda tão alta na produção, deve ficar inferior a esses 10% estimados”, projetou Anselmo Magno.
Qualidade do café
A estiagem que afetou as plantações de café no início do ano e prejudicou muitas safras brasileiras segue influenciando os cafezais. Porém, a falta de chuvas e dias relativamente quentes apesar da chegada do inverno tem contribuído de maneira positiva desta vez para manter a qualidade do grão.
Fonte: Notícias Agrícolas // Talita Benegra