03-02-2015
São Paulo, 03/02/2015 – Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) voltaram a se recuperar ontem, depois da queda de cerca de 4,5% na quinta-feira da semana passada. O mercado, no entanto, ainda mira o suporte a 157,80 cents, após a ocorrência de chuvas nas regiões produtoras brasileiras.
A Somar Meteorologia informa que a frente fria que atua na Região Sudeste deve ganhar o reforço de áreas de instabilidades ao longo desta semana. Chuvas generalizadas devem ocorrer nas regiões produtoras, o que irá repor parte do déficit hídrico acumulado durante o mês de janeiro, que foi de poucas chuvas. Na segunda metade da semana também deve ocorrer “o retorno das chuvas para a região da Zona da Mata, área que recebeu pouca chuva neste verão”, prevê a Somar.
O diretor de Café da Newedge, Rodrigo Costa, comenta que “há um pouco de dúvidas novamente sobre o resultado potencial da safra brasileira, não só por causa do crescimento dos ramos dos cafeeiros, como também em relação ao estresse as diversas áreas produtoras, por causa da chuvas abaixo da média e das temperaturas acima da média em janeiro”.
No entanto, além da melhora no clima, o estoque em mãos da indústria torrefadora pode ser suficiente para evitar a necessidade de urgência nas compras. Ontem a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), divulgou que a exportação brasileira de café em grão no mês de janeiro (21 dias úteis) alcançou 2,725 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a uma elevação de 7,04% em relação a igual mês do ano passado (2,546 milhões de sacas).
Os futuros de arábica, no entanto, mantiveram-se em recuperação ontem, depois da forte perda de cerca de 4,5% na semana passada. Entre outros fatores, os fundos de investimento podem ter recomprado posição. Esses participantes diminuíram o saldo líquido comprado para 13.632 lotes no dia 27 de janeiro, em comparação com 20.196 lotes no dia 20, considerando futuros e opções.
As rolagens de posição para fora do março devem prosseguir nos próximos dias, antes do início do período de notificação de entrega, a partir de 19 de fevereiro. O spread março/maio deve movimentar o volume de negócios na ICE.
Os indicadores técnicos sinalizam inclinação negativa para os contratos. O mercado tenta se consolidar abaixo de 170 cents e acima do suporte a 160,10 cents. O suporte é de 159,25 cents, mas o objetivo é 157,80 cents. Em contrapartida, os contratos só devem indicar melhora acima de 170 cents.
Conforme Costa, o mês de fevereiro tem dois feriados importantes: um no Vietnã, o Tet, e o carnaval no Brasil. Isso, de alguma forma, deve contribuir para que o mês seja mais lento em termos de negócios. “Os spreads permanecerão dominando as sessões de negociação, tanto em Nova York e Londres. A direção dos preços deve ser ditada no curto prazo pelos sinais técnicos e por alguma mudança nas previsões de chuvas”, estimas Costa.
Os futuros de arábica em Nova York trabalharam em alta na maior parte da sessão de ontem, apesar da elevação do dólar. Março/15 teve alta de 55 pontos (0,34%) e terminou a 162,45 cents por libra-peso. A máxima foi de 163,65 cents (mais 175 pontos). A mínima alcançou 159,70 cents (menos 220 pontos).
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que as cotações do arábica no mercado físico brasileiro subiram ontem. as negociações seguem travadas, com produtores aguardando valores melhores. O indicador Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura, posto na capital paulista, fechou a R$ 456,06/saca de 60 kg, avanço de 2,39% em relação à última sexta-feira. O dólar foi a R$ 2,7130, valorização de 1,04% no mesmo período.
Os preços do robusta se firmaram com a previsão de clima seco nas regiões produtoras do Espírito Santo. O indicador Cepea/Esalq do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 290,07/saca de 60 kg, avanço de 0,38% em relação à sexta-feira. O tipo 7/8, bica corrida, ficou em R$ 280,31/sc, estável (+0,04) na mesma comparação – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.
Fonte: Agencia Estado