Por Lessandro Carvalho / lessandro@safras.com.br
SAFRAS (19) O preço do café arábica na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque (Nybot) deverá atingir a faixa de US$ 2,00 por libra-peso no médio a longo prazo, em até dois anos. Esta é a avaliação do diretor da Suporte e Resistência, Samuel Levy, que fez palestra nesta quinta-feira no 16 Seminário Internacional de Café de Santos, que se realiza de 16 a 19 de maio em Guarujá, São Paulo. Os fatores fundamentais e técnicos (gráficos) estão apontando para uma alta bastante sólida nos preços, segundo Levy, que falou do tema “O café no contexto da conjuntura atual do mercado internacional de commodities”. v Os fundamentos são muito altistas, observou Levy, com os estoques no nível mais baixo dos últimos 50 anos, segundo a Organização Internacional do Café (OIC). Destacou que os estoques mundiais estão em torno de 39 milhões de sacas, sendo 19 milhões de sacas com os importadores e 19 milhões com os produtores. Com um consumo mundial estimado em 117 milhões de sacas, os estoques hoje ficam em 32,5% na relação estoque consumo, menos que a relação do açúcar, que é de 39,8%, commodity que vem tanto grandes elevações nos preços, tendo atingido recentemente os níveis mais altos em 25 anos.
No Brasil, Levy aponta que os estoques privados estão em 9,7 milhões de sacas e os públicos em 2,6 milhões. Sendo “otimista”, como disse, se o Brasil tiver uma safra 2006/2007 de 45 milhões de sacas e uma 2007/2008 de 40 milhões de sacas (deve ser menor com o ciclo bianual), em dois anos o país teria 85 milhões de sacas. O consumo interno em duas temporadas foi avaliado por Levy em 32 milhões de sacas (16,5 milhões por ano) e as exportações no período em 52 milhões de sacas (26 milhões por ano). Logo, o cenário é muito justo de oferta somente dando para consumo interno e exportação. E no resto do mundo a situação também é de equilíbrio.”Estamos com o volume mínimo previsto para satisfazer a demanda mundial nos próximos anos. Não temos colchão para nenhum acidente”, ressaltou Levy. Assim, qualquer problema causaria um problema sério de oferta.
Graficamente, Levy mostrou que os preços também têm todas as condições para subir. Observou que o gráfico está formando um claríssimo “triângulo” e que o “mercado está cozinhando, preparando uma linha técnica muito altista”. “Se o mercado não quebrar suportes, que ainda não foram encontrados, vamos romper em algum momento no médio, longo prazo, a faixa de US$ 2,00 por libra em NY”, reiterou. No curto prazo, acredita, entretanto, que o mercado possa testar alguns suportes, como 96 cent/lb em NY.