08/08/2012 – Café da terra
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta terça-feira com quedas, eliminando, assim, toda a valorização alcançada no pregão anterior. O dia foi caracterizado por uma movimentação crescente no mercado, mas os preços não tiveram uma maior volatilidade, ficando presos dentro do range que já vem sendo trabalhado há vários dias na bolsa britânica.
Mesmo com indicadores externos bastante positivos, o café não conseguiu manter o ritmo de ganhos e teve uma sessão marcada por realizações e ações especulativas de correção, que redundaram em perdas, ainda que moderadas.
Em um dia de commodities e bolsas de valores internacionais em alta e dólar em queda, a expectativa era de que o café continuasse sua escalada de altas, mas foi limitado por algumas ações técnicas, como realizações e vendas de origens. Apesar da retração, os parâmetros continuam a ser mantidos na bolsa nova-iorquina. Suportes e resistências mais efetivas não são testados e, com isso, os preços flutuam em um intervalo relativamente curto, dentro do nível de 170,00 centavos.
Graficamente, o mercado dá sinalização de trabalhar em um viés neutro, após as intensas oscilações negativas verificadas recentemente. O mercado continua a especular em relação à safra do Brasil que, mesmo com um volume considerável, vai contar com alguns prejuízos, notadamente nos cafés de qualidade, já que o volume de grãos que tiveram queda ao longo das chuvas de junho foi considerado, por agrônomos do país, muito alto. O clima nos últimos dias nas zonas cafeeiras do Brasil tem sido caracterizado por temperaturas de amenas a altas e sem ocorrência de chuvas, o que tem contribuído para a efetiva aceleração do processo de colheita.
No encerramento do dia, o setembro em Nova Iorque queda de 285 pontos, com 172,65 centavos, sendo a máxima em 176,20 e a mínima em 172,40 centavos por libra, com o dezembro tendo desvalorização de 290 pontos, com a libra a 175,30 centavos, sendo a máxima em 178,75 e a mínima em 175,05 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição setembro teve queda de 29 dólares, com 2.199 dólares por tonelada, com o novembro tendo desvalorização de 21 dólares, com 2.194 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, mais uma vez o café gira em torno do nível de preço da média móvel de 100 dias. Se na segunda-feira, com os bons ganhos verificados, o fechamento se deu acima desse patamar, nesta terça-feira o quadro se inverteu e o encerramento do dia esteve abaixo do referencial. Para esses analistas, as baixas do dia foram muito mais técnicas que afetadas por fatores fundamentais. “Evidentemente, que questões como a aceleração da safra do Brasil e a chegada de novos grãos são levados em conta pelo mercado, mas muito disso está precificado. Vários players aguardam para avaliar quanto de cafés de maior qualidade poderá ser colocado pelo Brasil no mercado, algo que ainda é uma incógnita, até mesmo por produtores do país. A Cooxupé divulgou na segunda-feira que ainda aguarda uma avaliação, para setembro, para saber quanto de café de qualidade terá em mãos para disponibilizar ao mercado”, disse um trader.
Os operadores ressaltaram que aumenta consideravelmente o volume de operações de rolagem no intervalo de setembro para dezembro, uma vez que no próximo dia 23 tem início o período de notificação do primeiro contrato.
As remessas internacionais de café do Brasil encerraram o mês de julho com ligeira alta. Os cafés verdes tiveram aumento de 0,9% em suas remessas, atingindo 1,81 milhão de sacas no mês, indicou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café). Adicionalmente, o país realizou a remessa de 263.631 sacas de café solúvel no mês, 0,6% a menos que em julho do ano passado. Em 2012, a origem realizou a remessa ao exterior de 14,7 milhões de sacas de café verde, 20% a menos que nos primeiros sete meses de 2011. A receita com os embarques do país teve uma queda de 22% entre janeiro e julho, indo a 3,5 bilhões de dólares.
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 9.939 sacas, indo para 1.803.751 sacas.
O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 38.294 lotes, com as opções tendo 573 calls e 232 puts.
Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 176,20, 176,50, 177,00, 177,50, 177,85, 178,00, 178,50, 178,65, 179,00, 179,50, 179,00-180,00, 180,50, 181,00, 181,50, 182,00, 182,50, 183,00, 183,50, 184,00, 184,50 e 184,90-185,00 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 172,40, 172,00, 175,50, 171,30, 171,00, 170,60-170,50, 170,10-170,00, 169,50, 169,00 168,50, 168,00, 167,50 e 167,00 centavos por libra.
Fonte : Agnocafe