Depois de em agosto as cotações internacionais do café terem caído, em setembro o mercado reencontrou o caminho para subir. É bem verdade que, no comecinho desse mês o quadro ainda piorou, com a mínima na Bolsa de Mercadorias de Nova York, que baliza as cotações internacionais, ocorrendo em 06/09, quando a bolsa fechou com o contrato dezembro a US$ 1,58 a libra-peso. Mas, veio a escalada.
Se houve a reação, entretanto, ela manteve o mercado entre margens que parecem difíceis de serem rompidas sem uma novidade muito forte no campo fundamental. NY está com cotações para o café bem estabelecidas numa linha que vai de US$ 1,60 nos piores momentos a US$ 1,80 libra-peso nos picos.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, dois pontos foram primordiais para a valorização do café em setembro: a boa dosagem da oferta de uma grande safra por parte do produtor brasileiro; e a firme demanda dos compradores, que vai ainda crescer rumo ao final do ano.
Mesmo em ano de safra cheia, dentro da bienalidade cafeeira para o arábica, o cafeicultor brasileiro não causa pressão de baixa demasiada no mercado com excesso de oferta. Pelo contrário, o fluxo de comercialização é bem moderado, demonstrando amadurecimento do produtor. Ou seja, o produtor não traz volumes demais para a venda que derrubem as cotações, mas também não deixa de aproveitar os melhores momentos para a negociação do seu café, quando os preços internacionais sobem. Ele vai fazendo uma boa média nas cotações de venda justamente aproveitando as subidas de NY.
Barabach observa ainda que o cenário financeiro, as notícias macroeconômicas, foi melhor em setembro – apesar de novos temores ao final do mês. Pacotes financeiros foram anunciados pelo banco central norte-americano e também na Europa, o que deu segurança em muitos dias para os investidores poderem voltar sem tantos temores às commodities, e o café se apoiou nisso no mercado internacional.
As grandes torrefadoras globais precisam agora entrar mais para aquisições com a proximidade do inverno no Hemisfério Norte, quando cresce a demanda em países desenvolvidos, o que representa outro fator altista. Além disso, informações de atraso na colheita do robusta no Vietnã contribuíram para a sustentação do café. E para completar há os fatores técnicos e gráficos, com o mercado conseguindo romper as resistências na linha de US$ 1,70 a libra-peso no contrato dezembro em Nova York, chegando a fechar no dia 14 de setembro em US$ 1,81. Aí veio o “problema”. Se conseguiu romper US$ 1,70, o mercado não mostrou a mesma força para superar US$ 1,80. E caiu dessas máximas. Neste ponto há a lembrança de que, sim, o Brasil colheu uma grande safra em 2012, o clima está favorável às floradas no país para a safra 2013, e adiante neste último trimestre do ano há a entrada da safra nova na América Central, Colômbia e ainda o Vietnã. Ou seja, tem boa oferta entrando nos próximos meses. Daí esse equilíbrio que o mercado vem encontrando entre US$ 1,60 e US$ 1,80.
A questão das floradas, destaca Barabach, é aspecto importante para a definição dos preços em outubro. Se chover bem e houver boas floradas, o mercado terá dificuldades em subir e pode corrigir para baixo. E ainda há a questão da safra centro-americana e colombiana. Qualquer problema maior com chuvas excessivas ou com a passagem de furacões traz sustentação ao mercado.
Em Nova York, no balanço mensal de setembro, o contrato dezembro do arábica subiu de US$ 1,6475 por libra-peso (do fechamento de 31 de agosto) para US$ 1,7430 (no fechamento de 27 de setembro), acumulando valorização de 5,8% no período.
No Brasil, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu 5,9% em setembro, passando de R$ 373,00 a saca para R$ 395,00, acompanhando o desempenho de NY, com boa dosagem da oferta por parte do produtor.
O robusta na Bolsa de Londres subiu 5,3% em setembro até o dia 27, passando de US$ 2.077 para US$ 2.188 a tonelada. Já o conillon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, subiu 1,8%, passando de R$ 280,00 para R$ 285,00 a saca.
(LC)