Café: Mesmo com geadas no Brasil e greve na Colômbia, NY demonstra fraqueza técnica e fecha semana com queda de mais de 3%
Após registrar alta durante quase toda a semana repercutindo as incertezas em relação à safra 2017/18 de café do Brasil com a recente onda de frio que afetou algumas lavouras, o mercado do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acabou despencando cerca de 500 pontos nesta sexta-feira (22) fazendo com que as cotações fechassem a semana com queda acumulada de cerca de 3,5%.
Nesta sexta-feira, em processo de ajustes técnicos, o contrato julho/16 encerrou a sessão cotado a 144,65 cents/lb com 315 pontos de queda, o setembro/16 anotou 141,90 cents/lb com 495 pontos de baixa. Já o vencimento dezembro/16 registrou 145,00 cents/lb com recuo de 490 pontos e o março/17, mais distante, teve 147,80 cents/lb com 490 pontos de desvalorização.
Segundo o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado, além dos ajustes técnicos, com o quadro sobrecomprado por parte dos fundos de investimentos, “a queda desta sexta-feira surge na esteira de um cenário macroeconômico negativo, que já havia sido verificado na quinta e foi contido por fundamentos específicos”.
No início da semana, áreas produtoras de café do Paraná, São Paulo e Minas Gerais receberam geadas de baixa e média intensidade que podem ter comprometido o potencial produtivo da safra 2017/18 do Brasil, que é o maior produtor e exportador do grão no mundo. Diante dessas informações, os preços chegaram a ficar próximos do patamar de US$ 1,55/lb.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, André Luís Garcia Alvarenga, quando os cafezais são expostos a temperaturas abaixo de zero, eles perdem o potencial produtivo. Para ele, o clima ainda reserva surpresas ao cafeicultor. “As previsões apontam que os próximos meses deverão ser de muita atenção para os produtores”, afirma Alvarenga.
Mapas climáticos apontam que o cinturão produtivo de café do Sudeste, principalmente Minas Gerais e São Paulo, ainda deve sofrer com as baixas temperaturas nas próximas duas semanas. No entanto, não há risco de novas geadas.
A colheita da safra 2016/17 não foi impactada pelas recentes imtempéries climáticas e chegou a 64% no Brasil até o dia 19 de julho, segundo a Safras & Mercado. Levando em conta a produção de 54,9 milhões de sacas de 60 kg, estimada pela consultoria, já foram colhidas 35,05 milhões de sacas.
Também deu suporte aos preços externos do arábica durante a semana, o prolongamento da greve dos caminhoneiros na Colômbia. Com esse problema logístico, que durou mais de 45 dias no país, os operadores estavam preocupados com a redução nas exportações. Após um acordo do governo com representantes do setor, a greve acabou nesta sexta-feira.
O câmbio, que sempre impacta nos preços externos das commodities, exerceu pouca influência sobre o café durante toda essa semana. O dólar recuou 0,72% nesta sexta, cotado a R$ 3,2581 na venda, repercutindo a melhora nos mercados externos. Na semana, a moeda norte-americana teve leve alta de 0,12 por cento. Com o dólar mais baixo nesses últimos meses, os embarques do Brasil têm apresentado queda.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou nesta sexta-feira que os estoques privados de café da safra 2014/2015 estavam em 13,5 milhões de sacas em todo o país. O número representa uma variação negativa de 5,4% com relação às 14,3 milhões de sacas da safra 2013/2014, apuradas na pesquisa de 2015.