Publicado em 23/04/2014
O café arábica negociado na Bolsa de Nova Iorque registra cotações bastante voláteis na sessão desta quarta-feira(23) transitando pelos dois lados da tabela. Depois de alcançar na sessão de ontem o maior patamar de preços em 26 meses as cotações iniciaram o dia dando continuidade às altas atingindo níveis ao redor dos 120 centavos de dólar por libra-peso. Não se sustentaram nesse patamar e por volta das 10h30 (Brasília) começou a prevalecer um movimento de realização de lucros. Por alguns momentos os principais contratos trabalharam no vermelho.
Por volta das 10h40(Brasília) os contratos com vencimento em julho/2014 operavam a 213,90 centavos de dólar por libra-peso, acréscimo de 50 pontos em relação ao fechamento anterior. Setembro/2014 trabalhava a 215,50 centavos de dólar por libra-peso, valorização de 10 pontos e Dezembro/2014 era negociado a 217,80 centavos de dólar por libra-peso com 30 pontos de elevação .
A volatilidade tem sido marca registrada dos pregões em Nova Iorque, com operadores aguardando o início da colheita no Brasil e a confirmação das perdas já anunciadas por entidades representativas do setor, bancos e tradings. Além disso, o mercado agora especula o tamanho dos estoques de café existentes no mundo e se eles serão suficientes para atender a crescente demanda pelo produto.
Na última terça-feira (22) na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Todos os contratos fecharam acima dos US$ 2,10 a libra-peso. A divulgação da Volcafe, que reduziu sua estimativa para a safra brasileira 2014/15 de arábica em 18%, passando de 34,6 milhões para 28,4 milhões de sacas, ajudou a sustentar o mercado, de acordo com analistas.
O contrato para entrega em maio fechou em 211,8 centavos de dólar por libra-peso, com alta de 1510 pontos. O vencimento julho fechou em 213,4 cents / libra-peso e alta de 1420 pontos. Setembro alcançou os 215,40 cents e dezembro fechou em 217,5 cents / libra-peso.
A sessão foi marcada por extrema volatilidade, registrando variações de mais de 1600 pontos entre as máximas e mínimas para os contratos de entrega mais próxima.
De acordo com o analista Eduardo Carvalhaes, o mercado continua de olho no clima e nas estimativas para a safra brasileira e é influenciado pela intensa “briga” entre comprados e vendidos na Bolsa de Nova Iorque. A divulgação da Volcafé, divisão de café da trading de commodities ED&F Man, também pesou sobre o mercado. “A Volcafé é uma empresa de capital suíço, que tem bastante credibilidade no mercado… Agora não temos apenas os cafeicultores brasileiros dizendo que há uma quebra, mas grandes consultorias e traders que apontam para uma safra menor”.
A agência de notícias Bloomberg informou hoje que os preços do arábica já subiram mais de 90% este ano, depois que “a pior seca em décadas” atingiu os cafezais brasileiros no início do ano. Agora, o excesso de chuvas ameaça atrasar as colheitas no país e reduzir a qualidade da safra 2014/2015. “A redução na safra brasileira estimada pela Volcafé indica um déficit de produção global do tamanho da safra da Colômbia, o segundo maior produtor de café arábica no mundo”, informa a agência.
Michaela Kuhl, analista do Commerzbank AG, segundo maior banco comercial da Alemanha, afirmou que “a redução é considerável” e que, se for concretizada, “veremos um déficit de 11 milhões de sacas em 2014/15”, fazendo com que o os preços tenham forte alta.
Volcafé e Wolthers Douqué reduzem drasticamente a estimativa de safra
Além da Volcafé, que reduziu em 18% sua estimativa para a safra brasileira de arábica, outras empresas e traders estão reconhecendo os grandes danos provocados pela seca nos cafezais do Brasil.
A Wolthers Douqué, importadora de café com sede na Flórida, Estados Unidos, também projetou uma redução drástica para a produção de arábica no Brasil. O presidente da empresa, Christian Wolthers, visitou recentemente o Sul de Minas Gerais e, avaliando os cafezais, estima uma perda de até 35% para a região. Wolthers compara os grão de café a um “origami”, por serem mal-formados e ao vinho branco Sauterne, devido a sua maturação precoce e ao excesso de açúcar nos grãos.
“Os cafezais parecem saudáveis e com uma boa quantidade de frutos, mas quando examinamos de perto, vemos uma grande quantidade de grãos pequenos, mal-formados, secos e até mortos por dentro”. Afirma Wolthers. “Eu peguei uma grande quantidade de frutos e percebi que estão excessivamente macios e secos… Achei muitos grãos desuniformes e mal-formados, por isso os chamei de ‘origami’”.
Christian Wolthers afirma que esta foi a primeira vez que viu grãos naquela condição, com aparência de “papel amassado”. “Esses grãos vão resultar em uma renda baixa para o produtor, já que não vale a pena colhe-los”.
Fonte: Notícias Agrícola