Depois de ganhar mais de 1.000 pontos nos principais vencimentos na sessão anterior, o café arábica fechou em queda nesta quarta-feira (30) na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Um novo movimento de realização de lucros teria levado à queda nos preços.
Os contratos para entrega em maio caíram 585 pontos e fecharam em 203,05 centavos de dólar por libra-peso. Já o contrato julho fechou em 205,85 cents, com queda de 605 pontos. Os vencimentos setembro e dezembro perderam 610 pontos e fecharam em 207,75 cents e 2010,10 cents / libra-peso, respectivamente.
Segundo Fernando Barbosa, presidente do Conselho Regional de Café da região de Guaxupé-MG, a véspera do feriado e a aproximação do final de semana também influenciam o mercado e propiciam as baixas nos preços.
Barbosa explica que o mercado deve continuar bastante volátil, especialmente enquanto aguarda o novo relatório da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que deve ser divulgado no próximo dia 15, com informações dos estoques privados e com uma nova previsão de safra.
Frio representa ameaça
Além do clima tipicamente mais seco que predomina durante o inverno, outros fatores preocupam os cafeicultores. Fernando Barbosa conta que este período facilita a incidência da phoma, doença fúngica que ataca os cafezais na época do frio. Ele explica que os cafezais que tiveram menos tratos e pulverizações ficam mais suscetíveis a sua incidência.
Sobre os riscos de geada, Fernando afirma que a probabilidade de uma ocorrência é pequena, principalmente antes de julho. “Para ocorrer uma geada em nossa região, a temperatura tem que cair mais de 4°C”.
Rendimento baixo
Diversos produtores já iniciaram suas colheitas em Minas Gerais, mas fizeram uma pausa por conta das chuvas. “Os cafeicultores estão fazendo a ‘colheita seletiva’ dos grãos já maduros, mas muitos ainda estão verdes”.
Os grãos já colhidos indicam rendimento baixo e qualidade comprometida, conforme relata Maurício de Oliveira, diretor da Câmara do Café das Matas de Minas. “As previsões são de uma quebra de 22%, mas eu creio que vai chegar a 30% na área da zona da mata”. Ele afirma ainda que os preços altos praticados no mercado internacional ainda não estão beneficiando os cafeicultores brasileiros. “Não existe esse café que está sendo cotado a R$ 500 e R$ 480… O café que está sendo colhido está chocho, mesmo nas melhores lavouras”.
Os preços do café no mercado físico também registraram queda. A saca de 60 kg do café bebida dura, tipo 6, caiu 2,05% em Guaxupé-MG e vale R$ 478,00. Em Espírito Santo do Pinhal-SP teve queda de 6,00% e é comercializada a R$ 470,00.