Mercado de café
05/07/2009 – Metade do ano se passou e o período levou embora a sensação do fim do mundo que pairava no ar no começo de 2009. O último trimestre foi responsável pela recuperação das bolsas de ações ao redor do mundo depois dos resultados ruins do 1º trimestre. Os resultados são mistos já que os países “maduros” tiveram perdas acumuladas de até 5% enquanto os mercados emergentes se destacaram com ganhos substanciais. O famoso bloco denominado BRIC – Brasil, Russia, India e China – tiveram performances invejáveis com valorizações acumuladas no ano até o dia 30 de junho de 37.06%, 48.50%, 50.24% e 62.53% respectivamente (números não dolarizados). Nada mal!
Os índices de commodities também se comportam bem recuperando perdas do primeiro quarto, entretanto apenas sete das principais commodities tiveram retorno positivo, enquanto as restantes acumularam perdas. No lado dos ganhadores estão a gaso lina que subiu 39.9%, o cobre com ganhos de 35.17%, e o açúcar com alta acumulada de 13.82%. Os maiores perdedores são o gás natural com -50.30%, trigo com baixa de 32.27% e o milho com perdas de 31.93%. O café que chegou a ser um dos destaques de valorização até o final do mês de maio encerrou os primeiros seis meses com queda de 13.98%.
A semana curta, em função do feriado da sexta-feira antecipado para a celebração da Indepêndencia dos Estados Unidos (4 de julho), foi morna para o café com volumes negociados abaixo da média e um fechamento baixo que não se via desde o dia 30 de abril. O mercado em Nova Iorque caiu US$ 1.85 por saca, em São Paulo -1.05 dólares por saca, e em Londres subiu 2.64 dólares por saca.
O mercado físico também foi bastante calmo. Nos países que produzem o café do tipo suave os diferenciais não se modificaram muito já que a oferta é limitada. Salvo no Perú onde apareceu um pouco mais de vendedores. No mercado brasileiro os nível de n egociação está constante mas não com tanto volume. Os produtores de café brasileiros continuam vendendo apenas o necessário para pagar as contas em função da queda acentuada recente dos preços, porém ainda não estão dispostos a vender seus cafés descontando toda a queda da bolsa. A diferença entre o preço do café de 600 defeitos para a bica se mantém relativamente estreita, em torno de R$ 20.00 por saca, com a indústria local mantendo seu nível de cobertura.
A demanda internacional está praticamente dormente. Compradores não estão dispostos a pagar diferenciais abaixo de 20 ctsl/lb de desconto, e com o custo de reposição para o exportador brasileiro estando ao redor de 15 cts/lb a negociação se torna difícil. Parece que um ou outro andou vendendo alguns poucos containeres a -23 cts/lb para o período entre setembro de 2009 e maio de 2010, nível que faz pouco sentido dado o quadro atual e que pode dar certo apenas em uma apreciação forte da bolsa ou uma queda forte da m oeda brasileira.
O governo brasileiro continua se esforçando para atender às requisições do setor produtivo. O conselho monetário aprovou esta semana um pacote que permite que os produtores liquidem suas dívidas com a entrega do café para o governo. Ainda faltam sair os detalhes da medida, mas não há dúvida que caso seja mantido o preço mínimo atual (+ou- R$ 263.00/saca) e o mercado físico não melhore, o pacote pode ser mais efetivo para provocar uma alta nos preços das cotações do que o plano de opções que está a beira de ser re-lançado.
Café entregue para o governo para recompor os estoques, algo pleiteado pelo setor produtivo há algum tempo, é café que em teoria sai do mercado por algum tempo e dependendo do volume que pode ser usado para liquidar dívida cria-se um referencial de preço bem mais alto do que o praticado pelo mercado, forçando exportadores e o mercado internacional a adequar seus interesses de compra para cima. Por outro lado gostamos de salie ntar que não é saudável que os produtores fiquem sentados em cima de seus cafés esperando que o governo ou qualquer outra força maior venha ajudá-los.
É muito importante ter os custos da produção, de preferencia bi-anualizados, na ponta do lápis para que se possa aproveitar as oportunidades de venda que vimos durante o mês de maio por exemplo. Estudar o fluxo de caixa e as melhores alternativas que são oferecidas pelos agentes do mercado são outros passos importantes para um bom gerenciamento da fazenda. Tendo tudo sob controle é essencial para para que o produtor disciplinadamente possa vender seu café com lucro de pouco em pouco, diminuindo o risco de preço e de eventualmente não poder contar com o apoio sempre incerto do Estado.
Com o período de férias começando no hemisfério norte e os livros dos torradores parecendo estarem confortáveis, nos dá a impressão que o mercado vai permanecer chato. Fundos continuam diminuindo suas posições compradas e por enquanto tecni camente eles não têm muito motivo para voltar a comprar o mercado. É importante que Nova Iorque respeite o nível de 115.00 ctsl/lb para que o mercado não sofra um novo assalto dos vendedores. De qualquer forma os níveis de preços atuais, principalmente considerando o dólar, são atrativos para que a indústria aproveite para se proteger. A compra de opções está se tornando mais interessante já que a volatilidade continua caindo.
Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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