Os preços do café arábica na Bolsa de Nova York, que baliza a comercialização internacional da commodity, se mantiveram dentro de margens relativamente estreitas nesta semana.
Porto Alegre, 08 de fevereiro de 2019 –Houve sessões de altos e baixos, com a bolsa sendo guiada por fatores técnicos e seguindo outros mercados, ante as notícias sobre a crise comercial entre Estados Unidos e China.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca que a bolsa está amarrada nesse espaço, ou margem, entre US$ 1,01 e US$ 1,07 a libra-peso. Quando sobe, não chega a atingir o patamar mais alto, e quando desce não rompe esse suporte. “O mercado segue à espera de novidades fundamentais. A queixa dos produtores brasileiros com perdas potenciais na safra deste ano por conta da estiagem e altas temperaturas de janeiro não se reflete em ganho na bolsa nova-iorquina. Por lá, a leitura que prevalece é que as chuvas de fevereiro ajudam a normalizar a situação, garantindo a granação e, por isso, o problema de janeiro deve trazer apenas perdas localizadas, tendo pouco efeito sobre o resultado geral da produção nacional”, observa o consultor.
Barabach comenta que a safra 2019, mesmo devendo ser menor que a colhida em 2018, deve ser suficiente para atender as necessidades. “O fato é que a demanda mundial continua sem dificuldade de encontrar café. A concorrência aumenta e a ideia de superávit global é mantida. E o sentimento em torno da próxima safra brasileira continua positivo”, afirma. Sem apoio fundamental, as investidas de alta limitam-se a movimentos corretivos impulsionados por ganhos em outros mercados, como o petróleo, ou a ajustes a partir da queda do dólar. E, com isso, a posição março/19 segue espremida e sem conseguir se distanciar das mínimas para os contratos em NY.
Para quebrar o marasmo e forjar um movimento de alta mais consistente, é preciso tirar o comprador da zona de conforto, acredita o consultor. “E isso só acontece se a demanda perceber algum problema com o abastecimento futuro”, defende.
O mercado também esteve atento na semana às notícias sobre a crise comercial entre Estados Unidos e China. Pessimismo na quinta-feira levou o dólar a subir e as commodities a caírem nas bolsas de futuros, com o café seguindo o movimento. A possibilidade de os presidentes da China e dos Estados Unidos não se encontrarem antes do final do prazo da trégua comercial – dia 1 de março – abalou os mercados.
Em meio a isso, o mercado físico brasileiro de café se manteve lento na semana. O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais ficou entre R$ 410,00 e R$ 415,00 a saca. Os produtores dosam a oferta e muitos apostam em quebra na safra deste ano em razão da seca em janeiro. Entretanto, os compradores também estão cautelosos, o que leva à morosidade na comercialização.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS