Essa condição climática atrapalhou a colheita das variedades arábica e conilon no país e também há preocupação dos produtores com a qualidade do grão.
O mês de maio está chegando ao fim e as chuvas no período atingiram acumulados que chegaram a mais de 100 milímetros em áreas produtoras de café do Brasil, maior produtor e exportador da commodity. Essa condição climática atrapalhou a colheita das variedades arábica e conilon no país e também há preocupação dos produtores com a qualidade do grão.
De acordo com dados do Sismet (Sistema de Monitoramento Meteorológico Cooxupé), até o dia 30 de maio, a cidade de Guaxupé (MG), no Sul de Minas Gerais, registrava 114,2 milímetros de chuva. Em Coromandel (MG), no Cerrado Mineiro, o acumulado no mês foi um pouco menor, de 91 mm, e em São José do Rio Pardo (SP) há dados de chuvas acumuladas no período de 111,4 mm.
O cafeicultor Marcelo Tristão, que tem uma fazenda de café de 60 hectares no Sul de Minas, em Córrego do Bom Jesus (MG), teve seu café já colhido afetado pela chuvas. “Colhi apenas 10% da produção, que está no terreiro, e foi afetada pelas chuvas. A situação está complicada. Cobrimos o café com chuva e tiramos a lona nos momentos de sol”, afirmou. Tristão estima produção de 3 mil sacas em sua lavoura nesta safra.
“Produtores que já haviam iniciado a colheita de cafés precoces da temporada 2017/18 tiveram que interromper as atividades, e aqueles que planejavam iniciar os trabalhos decidiram esperar. Os reais prejuízos quanto à qualidade da bebida ainda não foram calculados, o que deve acontecer nos próximos dias”, explicou em nota o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Esalq/USP).
As chuvas já diminuíram ao longo da semana passada e a expectativa é de que as atividades sejam intensificadas nos próximos dias, favorecidas pela previsão de tempo mais seco, segundo a Climatempo.
De acordo com estimativa da consultoria Safras & Mercado, até o dia 23 de maio a colheita da safra 2017/18 do Brasil estava em 15%. Na semana passada, a colheita estava em 11%. Levando em conta a estimativa da consultoria, de produção de 51,1 milhões de sacas de 60 kg neste ano no Brasil, já foram colhidas pelos produtores 7,44 milhões de sacas.
No Espírito Santo, maior estado produtor de conilon do Brasil, a colheita começou no início de maio e muitos produtores já tinham parado de colher nas últimas semanas. Assim, as chuvas vieram em boa hora e não atrapalharam a safra – pelo contrário, segundo o gerente de comercialização da Cooabriel, Edmilson Calegari, ajudaram a reforçar a planta para o próximo ano.
Apesar do clima instável em maio, segundo o pesquisador da Embrapa Café e EPAMIG na área de Agrometeorologia e Climatologia, Williams Ferreira, a expectativa é de chuvas abaixo da média para o mês de junho, quando a colheita deve estar em pleno vapor no país, e isso pode favorecer a secagem dos cafés, principalmente nos terreiros.
“Apesar da previsão de clima favorável ao processo de secagem, os cafeicultores devem ficar atentos com o ponto de maturação dos frutos na colheita e com a movimentação do café nos terreiros, principalmente nos primeiros dias, de modo a evitar fermentações indesejáveis, fatores esses fundamentais para a obtenção de cafés de qualidade”, explicou.
Ele alerta ainda que os produtores devem ficar atentos com a alta infestação da ferrugem do café que já vem sendo identificada em algumas regiões de Minas Gerais.
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas