O mês de junho vai chegando ao final e foi mais um período de perdas no mercado internacional do café. As cotações seguiram recuando e o cenário segue o mesmo, de sentimento de boa oferta global combinado com uma demanda tranquila. As preocupações com a economia americana e europeia voltaram a dar seus sinais e a subida do dólar contra outras moedas, e contra o real em particular, pressionou ainda mais para baixo o café nas bolsas de futuros.
A colheita do café no Brasil vai evoluindo e segue como fator baixista. Os indicativos continuam sendo de uma safra ampla para os padrões de um ano de bienalidade baixa produtiva. Lá fora, o clima melhorou muito para a safra futura do Vietnã, que foi presença forte vendedora no mês, pressionando as cotações do robusta na Bolsa de Londres.
No lado da demanda, os grandes compradores não se importam em transferir seus estoques para a mão dos produtores, em época de apreensão com a economia mundial, de menor crédito. Continuam com a estratégia de manter compras da mão-para-boca, o que vem funcionando, não trazendo pressão de alta para as cotações. Afora isso, o verão no Hemisfério Norte arrefece o consumo em grandes nações consumidoras.
Quanto ao dólar, a moeda americana seguiu avançando em relação ao real em junho, acumulando até o dia 27 no comercial uma valorização de 2%. No mercado de café isso é fator negativo na medida em que o Brasil ganha ainda maior competitividade nas exportações, podendo melhorar o seu ritmo de embarques.
Enfim, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a distribuição de recursos do Funcafé para a temporada no Brasil. O governo quer dar fôlego para que o produtor possa segurar 10 milhões de sacas. Nem isso teve um reflexo mais forte na Bolsa de NY, que baliza a comercialização do arábica no mundo.
No balanço mensal, o contrato setembro do café arábica na Bolsa de Nova York caiu de 129,15 centavos de dólar por libra-peso ao fim de maio para 121,90 cents nesta quinta-feira (27/06), acumulando desvalorização de 5,6%. Mas NY chegou a ter preço abaixo de US$ 1,20 e deve testar ainda o fundo do poço. As cotações caíram aos patamares mais baixos desde meados de 2009.
Na Bolsa de Londres, o café robusta também tombou. Depois do Vietnã, o sentimento agora é de pressão adiante com a entrada da safra da Indonésia. O contrato setembro do robusta em Londres recuou em junho até o dia 27 de US$ 1.923 para US$ 1.745, queda de 9,2%.
No mercado físico brasileiro de café, o único alento é que o dólar ao subir limita o efeito negativo das perdas nas bolsas. Ainda assim, no balanço mensal o arábica bebida dura caiu no sul de Minas Gerais de R$ 287,00 a saca para R$ 285,00 e o conillon tipo 7 em Vitória/ES de R$ 243,00 para R$ 238,00. Sobra para o produtor brasileiro muita frustração e esperança que novas medidas do governo possam frear o quadro desfavorável em julho.
(LC)