27/02/2014
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICEFutures US tiveram uma sessão mais técnica nesta quarta-feira, mas, ainda assim, a movimentação foi efetiva e novamente a força dos vendedores prevaleceu. Ao longo de boa parte do dia, os preços flutuaram no lado negativo da escala e o maio chegou a registrar perdas de mais de 500 pontos, numa clara sinalização de realizações de lucro e vendas especulativas.
Na metade dopregão, porém, o viés vendedor perdeu fôlego e as baixas se mostraram apenas modestas, sendo que, na seqüência, os preços voltaram a ganhar fôlego e o fechamento do dia se deu no lado positivo da escala. Mesmo diante de um quadro mais técnico, os compradores ainda se mostram consistentes, num indício de que o temor climático ainda é efetivo.
Muitos participantes continuam em compasso de espera. Querem saber o quanto a oferta global será afetada com os possíveis prejuízos na safra brasileira. Entretanto, ainda não parece ser possível avaliar a extensão de tal prejuízo, desse modo, o mercado se mostra precavido , sem vendas tão agressivas e, tecnicamente, parece confortável dentro de um range ligeiramente longo, mas dentro do intervalo de 170,00 centavos.
Por suavez, novas informações começam a chegar das zonas produtoras brasileiras. Elas apontam para problemas na qualidade dos grãos. Se há quase um consenso de que haverá perdas em volume de produção, agora também começa a se avaliar o potencial do produto que será obtido nas lavouras, sendo que em algumas zonas já se fala em montantes altos de grãos chochos e de peneiras consideravelmentebaixas.
No encerramento do dia em Nova Iorque , a posição maio teve alta de 145 pontos, com 177,70 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 178,30 centavos e a mínima de 171,05 centavos, com o julho registrando ganho de 135 pontos, com 179,65 centavos por libra, com a máxima em 180,00 centavos e a mínima em 173,10 centavos. Na Euronext/Liffe, o março teve queda de 17 dólares, com 2.021 dólares por tonelada, com o maio tendo desvalorização de 21dólares, para o nível de 1.996 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi pragmático, com os preços até variando consideravelmente, mas se mantendo dentro do intervalo de 170,00 centavos, sem contudo romper, por exemplo, a máxima da sessão passada, que foi de 181,25 centavos.
No segmento externo, odia foi de dólar em alta em relação a uma cesta de moedas internacionais, ao passo que as bolsas de valores nos Estados Unidos recuaram modestamente. Amaior parte das commodities softs teve um dia de perdas, com exceção do café e do cacau.
“Tivemos, enfim, uma sessão volátil, mas que, mais umavez, demonstrou que o mercado continua temeroso com o clima e sem saber realmente a dimensão da perda da safra brasileira de 2014 e os reflexos que esse calor e essa seca poderão trazer até mesmo para 2015. Esperávamos algumas correções nesta quarta-feira e, ao final, fomos surpreendidos com mais uma alta, num claro sinal de que o mercado está procurado. No físico brasileiro, os preços continuam sustentados e os produtores vendem de forma regrada”,disse um trader.
Enquanto a exata dimensão dos prejuízos causados pela seca e calor aos cafezais de Minas Gerais ainda é incerta, um estudo do governo desse Estado aponta para problemas de qualidade em boa parte do café arábica da principal região produtora, com índices de até 45% de grãos chochos em algumasáreas. O estudo da Epamig, da Secretaria Estadual de Agricultura, indicou omaior índice de grãos chocos — avariados ou secos — em fazenda do governo emTrês Pontas, no Sul de Minas Gerais, região que é a principal produtora doEstado que responde por cerca de metade da produção do Brasil. Depois de TrêsPontas, com um índice de grãos chochos de 45%, a pior situação foi verificadaem Machado, também no Sul de Minas, com 25% de café de qualidade inferior; SãoSebastião do Paraíso (Sul de Minas) registrou 20%; Lavras, 12%; e Patrocínio(cerrado Mineiro), 7,7%. Em anos normais, o teste apontaria menos de 5% defrutos chochos.
As exportações brasileiras de café no mês de fevereiro, atéo dia 24, totalizaram 1.508.388 sacas, queda de 4,50% em relação às 1.579.490sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações doCecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorquetiveram queda de 2.850 sacas, indo para 2.626.978 sacas.
Tecnicamente, o maio na ICE Futures US tem resistência178,30, 178,50, 179,00, 179,50, 180,00, 180,50, 181,00, 181,25, 181,50, 182,00,182,50, 183,00, 183,50-183,60, 184,00, 184,50, 184,90-185,00, 185,50, 186,00 e186,50 centavos de dólar, com o suporte em 171,05-171,00, 170,50,170,10-170,00, 169,70, 169,50, 169,00, 168,50, 168,30, 168,00, 167,50, 167,00,166,50, 166,00, 165,50, 165,00, 164,50, 164,00, 163,50, 163,00 e 162,05centavos.
Fonte : Agnocafe