O café industrializado do Brasil está ampliando sua participação na pauta de exportação do País e deverá sair de US$ 25 milhões vendidos este ano para US$ 30 milhões no próximo ano, ganhando força na distribuição internacional. Ações como a internacionalização dos grãos, hoje realizada por meio de parcerias e divulgação em feiras internacionais, já são realidade no setor. Além do café torrado e moído, o grão verde e o solúvel também estão registrando grande demanda no consumo externo.
A produção estimada para este ano é de 32,9 milhões de sacas. Cerca de 88% dos embarque são de café verde, 11% são de cafés tipo solúvel e outro 1% é de café industrializado. “Embora pequena, a participação do café industrializado está crescendo em vendas para o exterior. Saiu de US$ 4 milhões, em 2002, para US$ 25 milhões neste ano”, diz Natan Herzskowicz, diretor executivo Associação Brasileira da Indústria de café (Abic).
A previsão para este ano é que o total exportado ultrapasse US$ 3 bilhões, sendo que a participação do solúvel é de US$ 300 milhões. “Parcerias com grupos estrangeiros e a participação em feiras internacionais são formas de internacionalização que os produtores encontraram para ganhar mercado”.
De acordo com o executivo, um exemplo do potencial brasileiro é o fato de ter crescido seis vezes desde que o País começou exportar o produto torrado e moído. “A Itália, por exemplo, vendeu para os Estados Unidos US$ 50 milhões no ano passado e nós comercializamos com os norte-americanos, US$ 20 milhões.”
Mercado Mundial
Embora não haja um mercado novo para ser conquistado pelos produtores, já é percebido maior demanda para países que o poder de consumo está se elevando.
Para Guilherme Braga, diretor presidente do Conselho dos Exportadores de café do Brasil (Cecafé), mercados emergentes como a China e o Leste Europeu são apostas do setor para os próximos anos por conta do aumento de consumo interno nestes países. “Não temos uma região que possa se tornar um novo pólo consumidor, mas países como estes mais a Coréia do Sul despontam como grandes compradores do café brasileiro para os grãos verdes e o industrializado”, diz.
De olho em um nicho do mercado em que o marketing ganha força, a Ipanema Coffees está colhendo seus louros. A empresa ganhou, no início deste ano, um impulso da cadeia norte-americana Starbucks para distribuição, dentro do mercado americano.
Segundo Washington Luiz Alves Rodrigues, diretor presidente da companhia, a ação servirá para o café brasileiro chegar em todos os pontos de venda da rede e, com isso, ter novos contratos futuramente. “A parceria exclusiva com a rede americana nos prospectou outros 100 contratos. Clientes da Austrália, Rússia, Espanha, França, entre outros, deverão impulsionar nossa produção”, revela.
A projeção do executivo é que salte de até 120 mil sacas estimadas para este ano para 150 mil já em 2008. “Exportamos 75% de nossa produção, o restante é para o mercado interno, que está crescendo também”, constata. “Além dessa parceria exclusiva que temos há 10 anos com a rede americana, recentemente assinamos um contrato de distribuição com a alemã Tchibo”, completa.
Outra empresa que está caindo no gosto mundial é a café Tiradentes, do Grupo Nhá Benta Indústria de Alimentos, que abriu sua primeira loja no exterior. A empresa inaugurou em 2005, em Seul, capital sul-coreana, seu ponto de distribuição que está servindo para pesquisar outros mercados asiáticos. “O grupo pode, no futuro, efetivar outro contrato com grupos da região. O contato com os sul-coreanos partiu da participação de uma feira, que o grupo esteve”, comenta Luiz Clerici, consultor do grupo.
Em março último, a torrefadora Dallis Coffee, uma das principais empresas de comercialização de cafés especiais dos Estados Unidos, foi vendida para a empresa brasileira Octávio café, que produz cafés especiais em Pedregulho, região da Alta Mogiana. Após 10 meses de negociações, os empresários Orestes Quércia (Octávio Inc.) e David Dallis assinaram o contrato que repassa as operações da torrefadora de Nova York para a empresa paulista. “Nos interessamos em comprar essa empresa pela tradição que ela tem nos Estados Unidos e por ser especializada em cafés especiais”, afirmou Quércia na ocasião. A empresa brasileira prepara um plano de divulgação no exterior ainda este ano.