Pequim – O grupo português de Vasco Pereira Coutinho está lançando um “café de estilo europeu” na China, tentando atrair o paladar da nova classe média e capitalizar a crescente ocidentalização dos seus hábitos de consumo.
Chama-se “Olá café” – “Ou Lai Ka Fei”, expressão que em chinês soa como “café vindo da Europa” – e é fabricado em Macau, com matéria-prima importada sobretudo do Brasil.
A diretora comercial da “Olá café” em Pequim, Dora Martins, afirma: “O consumo de café na China vai disparar dentro de cinco anos”.
“Neste aspecto – acrescenta – os chineses vão seguir os mesmos passos do Japão, outro país asiático habituado ao chá e que é hoje um dos maiores consumidores de café do mundo”.
É o primeiro projeto do grupo Vasco Pereira Coutinho na área do café e, antes de ser formalmente anunciado em Pequim, no final de março, já começou a ser apresentado na capital chinesa, e também em Macau, Cantão e Hong Kong, no sul do país.
Os “alvos” do produto são a classe média alta, os hotéis de quatro e cinco estrelas – “só em Pequim há cerca de 100”, realça Dora Martins – e os restaurantes ocidentais, que já ultrapassam as duas centenas.
“Somos uma empresa portuguesa, com uma fábrica em Macau e que vende um café de estilo europeu” – é assim que Dora Martins apresenta o seu negócio.
A fábrica de torrefacção, a Sociedade Industrial de Macau (SIM), que começou a trabalhar no final de 2008, com “a mais moderna tecnologia da Ásia”, tem capacidade para produzir 9.000 toneladas por ano.
Dora Martins considera que a localização da fábrica “em território chinês”, é “outra vantagem” face à concorrência, principalmente das empresas italianas, implantadas há mais tempo na China.
Além de Pequim, a Olá café pretende expandir-se para Xangai, a capital econômica da China e a cidade mais cosmopolita do país.
Tianjin, o maior porto do Norte da China, a cerca de 150 quilômetros de Pequim, e Qingdao, onde ocorreram as provas náuticas dos Jogos Olímpicos de 2008, estão também no horizonte.
Dora Martins, que estudou numa universidade de Pequim de 1999 a 2003, reconhece que “o consumidor chinês ainda não sabe apreciar um bom café”, mas acredita que isso mudará, “como aconteceu com o vinho”, outra bebida exótica importada do Ocidente.
“O café vai seguir o mesmo caminho que o vinho. Neste momento, está um passo atrás do vinho, mas cada vez vão aparecer mais apreciadores de café (…) Será uma forma de entrar na cultura ocidental”, acrescenta.
Especialista em relações internacionais e ex-professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas, em Lisboa, a diretora comercial da “Olá café” em Pequim avisa os empresários portugueses atraídos pelo mercado chinês que “o lucro não aparece a curto prazo”.