São Paulo, 6 – O diretor geral, Guilherme Braga, do Conselho dos Exportadores de Café (CeCafé), considera que o governo tem instrumentos de política econômica capazes de garantir liquidez ao comércio exterior. Uma das medidas é a venda de moeda norte-americana, como já ocorreu recentemente por meio de leilões. Segundo ele, o governo acumulou reservas para segurar a queda do dólar e agora é momento de fazer o inverso.
Para gerar crédito interno, Braga defende, ainda, alternativa de alocação de recursos específicos, que poderiam vir da exigibilidade bancária (porcentual de 25% dos depósitos bancários aplicados obrigatoriamente no crédito rural). “Parte da exigibilidade poderia ser aplicada no financiamento interno da exportação, permitindo manter o giro das operações”, informa.
Ele explica que determinados setores têm condições de direcionar a produção para o mercado interna. Outros, porém, dependem da exportação, como o agronegócio da soja, café e suco de laranja. Por isso, precisam de medidas que possam “evitar conseqüências mais sérias”, como dificuldade operacional e desarticulação, principalmente em empresas de menor estrutura.
O diretor geral ressalta que “já assistimos antes” esse movimento brusco no mercado internacional, referindo-se à forte alta dos preços das commodities, no início deste ano. Naquela ocasião, fundos de investimento recorreram ao setor como forma de proteção contra o risco.
Braga acrescenta que no caso específico do café, há, ainda, a possibilidade de “aplicação de recursos ociosos” do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), estimados em cerca de R$ 500 milhões.
Ele salienta que é possível tirar uma lição, desde o início da crise do subprime nos Estados Unidos, há cerca de 1 ano: “as influências exógenas ao mercado de café têm sido efêmeras”. “Os fundamentos tendem a prevalecer, pois existe uma adequação entre oferta e demanda pelo produto”, garante. (Tomas Okuda)