fonte: Cepea

Café fecha ano com ‘gosto amargo’ entre produtores

Por: Safras & Mercado


Safras & Mercado
24/12/2007
 


O ano de 2007 vai fechando suas portas com um balanço negativo em relação ao mercado físico brasileiro de café. Embora na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque, que baliza as cotações internacionais, os preços do arábica tenham subido, no Brasil houve decréscimo em reais no valor do café. O culpado por isso, sem sombra de dúvidas, foi o dólar, que despencou ao longo de 2007 e retirou a possibilidade de uma recuperação dos preços no Brasil em moeda nacional.
 
Com isso, como destaca o analista de Safras & Mercado, Gil Barabach, ficou deste ano uma sensação incômoda de que 2007 poderia ter sido melhor, restando um “gosto amargo” entre os produtores.
 
O mercado foi sustentado ao longo do ano pelo quadro de aperto na oferta em relação à demanda mundial com a modesta safra colhida este ano pelos produtores brasileiros. No entanto, houve momentos bastante negativos, como o começo do ano, quando as vendas surpreendentemente cresceram e o Brasil ainda foi pressionado pelas incertezas sobre a economia chinesa, que acabaram contaminando diversos mercados, incluindo o café. Afora isso, o mercado passou a olhar para a safra de 2008 que, diante do ciclo bienal da lavoura cafeeira, deve apresentar um crescimento significativo na comparação com 2007.
 
Os “mercados de clima” também deram um toque especial ao ano, como destaca Barabach. O inverno chegou mais cedo e mexeu com o andamento do mercado, como não acontecia faz um tempo. O risco de geada sobre os cafezais foi mais evidente nesse ano. Assim, tivemos um “mercado de clima” com o inverno. Mas, sem geada ou danos aos cafezais, os preços recuaram. As atenções, então, se voltaram para a pós-colheita, mais especificamente sobre as floradas. Um novo “mercado de clima”, que tem se mostrado, inclusive, mais determinante sobre o mercado do que o inverno.
 
Barabach diz que a festa estava montada e a expectativa era grande em torno das floradas, que deveriam confirmar a tão esperada supersafra de café brasileira em 2008. Porém, a chuva não chegou em setembro, só aparecendo em outubro. Sem chuva, as floradas atrasaram, o que comprometeu o potencial produtivo da próxima safra. Nesse período de indefinição e falta de chuva, o mercado se manteve extremamente agitado e nervoso. O preço primeiro deu um salto para, depois, abruptamente cair.
 
Ainda assim, no final das contas, o ano de 2007 foi positivo na Bolsa de Nova Iorque. O mercado ainda vai especular muito sobre o tamanho da próxima safra brasileira. Inegável que o Brasil vai encerrar a temporada 2007/08 com estoques mínimos, e isso é um fator forte de sustentação aos preços. A safra do próximo ano não vai atingir seu potencial em função dos problemas climáticos, com destaque para a falta de chuvas até outubro, e o Brasil precisaria de uma grande safra em 2008 para a recomposição de estoques no mundo. Como comparação, o contrato março na Bolsa de Nova Iorque para o arábica encerrou o ano de 2006 cotado a 127,95 centavos de dólar por libra-peso. Neste último dia 20 de dezembro, de 2007, o contrato março fechou a 133,70 cents/lb. Logo, a comparação de um ano contra o outro aponta uma valorização do café de 4,5%.
 
Entretanto, o dólar, que, junto com Nova Iorque, representa um pilar fortíssimo para a formação dos preços em real no Brasil teve um ano de grandes quedas na sua cotação. Enquanto o dólar comercial fechou 2006 cotado a R$ 2,137, neste dia 20/12/2007 a cotação era de R$ 1,806, indicando queda no comparativo de 15,5%.
 
Assim, o mercado físico brasileiro de café se viu sustentado por um período no acumulado positivo na Bolsa de Nova Iorque e por outro pressionado, negativamente e com mais intensidade, pelo dólar enfraquecido. No frigir dos ovos, o café arábica, bebida boa no sul de Minas Gerais, chega a este dia 20/12/2007 a R$ 260,00 a saca, enquanto este mesmo café fechou 2006 a R$ 280,00 a saca. No comparativo, houve queda de 7,1% no acumulado do ano.


 

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