O Brasil exportou 4,4 M de sacas de café em setembro, um novo recorde para o mês
As exportações de café do Brasil continuam a bater novos recordes: o volume total de setembro é um novo marco para o mês, com 4,4 M de sacas, representando um aumento de 33,3% em relação às 3,3 M de sacas embarcadas em set/2023.
Houve um aumento significativo no volume de café arábica verde que, após uma ligeira queda em agosto, alcançou 3,19 M de sacas, 31,9% ou 773 mil sacas a mais que há um ano.
Embora as exportações do conilon/robusta tenham diminuído em relação aos números de agosto, em comparação com set/23 ainda houve um aumento de 40,9% (ou 264 mil sacas), para 912 mil sacas, o que coloca os embarques dessa variedade muito acima dos níveis médios históricos.
Os números acumulados também destacam essa tendência. Para a temporada 24/25 (abr/24-set/24), as exportações de arábica alcançaram 17,5 M de sacas, um aumento de 26,5% (+3,5 M de sacas) em relação ao mesmo período de 23/24, enquanto o acumulado de robusta foi de 5,1 M de sacas, um crescimento de 2,8 M de sacas (ou 120,8%).
Esses volumes também são os maiores já registrados nos dados do Cecafé para esse período para ambas as variedades, indicando que 24/25 pode terminar com um novo recorde de exportações.
Esse cenário é esperado dado que outras origens estão com níveis mais baixos de produção em 24/25, especialmente o Vietnã, com o Brasil aumentando sua participação e importância no mercado como o maior fornecedor de café do mundo.
Brasil – Exportações de Arábica (M sacas)
Brasil – Exportações de Conilon/ Robusta (‘000 sacas)
Entretanto, há alguns riscos que podem afetar os embarques nos próximos meses. Em primeiro lugar, a possibilidade de um atraso na implementação da EUDR pode reduzir a pressão de compra da Europa no curto prazo, conforme discutimos em nosso relatório anterior (link).
Esse é um ponto importante, pois, ao analisar os números acumulados de 2024 por destino, fica claro que a UE aumentou significativamente sua participação nas importações do grão brasileiro.
As importações de arábica do bloco aumentaram em quase 3 M de sacas em relação aos níveis médios (+31,8%), enquanto as importações de conilon aumentaram em quase 2 M de sacas (+320,2%), refletindo principalmente a queda no Sudeste Asiático.
Esse aumento nas importações do Brasil tem ajudado a recompor os estoques da UE e, com um possível atraso no EUDR, os exportadores e empresas europeus podem reduzir as importações do Brasil no curto prazo.
Do ponto de vista logístico, embora pareça haver alguma melhora nos portos brasileiros, ainda poderemos enfrentar atrasos nos embarques nos próximos meses, o que também poderá afetar as exportações de café.
Brasil – Exportações de Arábica por País/Região (sacas)
Brasil – Exportações de Conilon/Robusta por país/região (sacas)
Por outro lado, a oferta na Ásia pode aumentar até o final do ano. Apesar de alguns atrasos esperados devido ao alto índice pluviométrico, a colheita da safra 24/25 no Vietnã deve começar nas próximas semanas, podendo elevar a oferta de robusta no mercado no curto prazo, pressionando os preços para baixo e reduzindo a demanda pelo grão brasileiro nos próximos meses.
A médio e longo prazo, no entanto, espera-se que as exportações brasileiras de conilon permaneçam acima da média, já que a safra vietnamita de 24/25 deverá ser menor.
Embora as chuvas tenham sido favoráveis desde julho, o sentimento geral do mercado é que a seca e as altas temperaturas da primeira metade de 2024 afetarão os níveis de produtividade no país asiático.
Nossa previsão é de que 27,2 M de sacas de café sejam produzidas no Vietnã no ciclo 24/25, uma redução de cerca de 500.000 sacas em relação ao ciclo 23/24.
Vale lembrar que a produção de café do Vietnã diminuiu nos últimos ciclos devido à redução da área e a condições climáticas adversas, o que já teve impacto sobre as exportações.
Por exemplo, a temporada 23/24 terminou com exportações de 25,1 M de sacas, abaixo das 27,6 M da temporada anterior, devido à escassez de oferta, e nossas expectativas para a 24/25 também são de embarques abaixo da média.
É interessante notar que isso também levou o Vietnã a importar mais café, especialmente do Brasil, como se vê nos dados do Cecafé. Nesse sentido, a tendência em 2024 tem sido um aumento das exportações do Brasil para a Ásia, especialmente para países como o Vietnã, conforme mencionado acima, mas também para a Indonésia e a China, reforçando nossa expectativa de maiores exportações em 24/25, mesmo com uma possível mudança na EUDR.
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