Os últimos dados da JCA (Japan Coffee Association) apontam para uma redução dos estoques japoneses em julho em relação à maio, para 2,4 M scs. No comparativo anual, o volume se manteve estável, ainda que os estoques seguem abaixo da média histórica.
Os dados atuais dos estoques japoneses, divulgados pela JCA, apontam para uma redução de 3,3% entre maio e julho, com o volume caindo para 2,42 M scs. Apesar dos estoques estarem nos mesmos níveis de 22/23 para esse período, ainda seguem abaixo dos valores históricos de 2,8 M scs.
Segundo Laleska Moda, analista de Café da Hedgepoint Global Markets, “apesar dos menores estoques serem um fator de suporte para as cotações, desde 2022 a demanda aparente do país asiático sofreu reduções, especialmente entre 2022 e 2023.
Entretanto, o consumo aparente para a temporada 23/24 (out/23-jun/24) tem se estabilizado, com um volume acumulado até o momento semelhante a 22/23, em torno de 4,7 M scs.
Diante deste cenário, nós seguiremos com nossa projeção inicial de demanda total do Japão em torno de 6,2 M scs, praticamente estável frente a 22/23”.
Por outro lado, é importante acompanhar o desempenho mensal do consumo nesse segundo semestre de 2024 para as estimativas quanto 24/25, uma vez que os elevados preços do café ainda podem ter um efeito negativo na demanda japonesa e global da commodity.
“Os preços, de forma geral, seguem suportados pelas apreensões do lado da oferta, em especial no Vietnã.
Além da menor produção em 23/24, o desenvolvimento da temporada 24/25 foi marcado pelas altas temperaturas e seca do início de 2024 e agora, com a possibilidade de chuvas excessivas durante a colheita da temporada 24/25”, destaca a analista.
A menor oferta no Vietnã também pode ser observada nas importações japonesas, com o recuo da participação dos países asiáticos de 34,2% em 22/23 para 33,1% em 23/24.
“Também houve redução da participação das importações de outros países, como os da América Latina, com exceção do Brasil. Esse último acabou se favorecendo dos problemas de produção em outras origens e aumentando seu share, de 33,4% em 22/23 para 37,5% em 23/24 – tendência também observada em outros destinos, especialmente no caso do conilon/robusta”, pontua.
Os últimos dados de exportações brasileiras também reforçam essa tendência. Segundo o Cecafé, foram embarcadas um total de 3,73 M scs em agosto, crescimento de 0,7% em relação à 2023 e um novo recorde para o mês, com o destaque para o conilon.
Enquanto os embarques do arábica recuaram 6,6% no mês, totalizando 2,49 M scs, as exportações do conilon somaram 924,6 mil scs em agosto, elevação de 31,4% frente ago/23 e um novo recorde mensal de toda a série histórica do Cecafé.
“Vale apontar que a demanda pelo conilon tem inclusive mantido o diferencial entre a variedade e o arábica negativo, como discutido na análise da semana anterior (link).”, diz.
“Quando analisamos as exportações brasileiras pelos destinos também fica evidente o crescimento dos embarques do conilon. Ainda que o arábica também tenha aumentado sua participação nos principais destinos em 2024, o conilon brasileiro teve um avanço significativo em mercados como a Europa, no Japão e, especialmente em outros países asiáticos. Assim, esperamos que os grãos brasileiros sigam com maior participação no mercado global em 24/25”, indica.
Em resumo, os últimos dados da JCA apontam que os estoques japoneses voltaram a recuar, seguindo abaixo das médias históricas.
Por outro lado, a demanda aparente de 23/24, que registrou queda nas últimas temporada, vem dando sinais de estabilidade e dá suporte para mantermos nossas expectativas iniciais de uma demanda total estável em 23/24.
Entretanto, vale destacar que para o médio a longo prazo ainda temos o risco de um efeito negativo dos elevados preços no consumo de café.
Os valores da commodity seguem sendo sustentados pelas incertezas climáticas e seu possível efeito na produção global, especialmente no Vietnã.
Vale destacar que o clima no Brasil também tem aumentado o risco do mercado nas últimas semanas – devido ao possível efeito da seca em 25/26 – especialmente uma vez que o país vem aumentando seu papel como principal fornecedor de café do mundo enquanto outros países enfrentam problemas de oferta.
Neste sentido, as exportações brasileiras de café seguem batendo recordes, impulsionadas sobretudo pelo conilon. Os dados por destinos mostram que a variedade teve aumento substancial lugares como a União Europeia, Japão e outros países asiáticos.
Assim, com as expectativas de que oferta global de robusta se mantenha restrita em 24/25, nossas expectativas são de que os embarques nacionais sigam em níveis altos, especialmente para o conilon.
Acesse o relatório completo clicando aqui.