Café espresso é moda na Câmara de Cascavel

14/04/2014 –

14 de abril de 2014 | Sem comentários Cafeteria Consumo



 
Vereadores vão gastar R$ 36.293,80 com água, café e chá, dos quais R$ 7,1 mil só para tomar cappuccino e chocolate quente durante as sessões…
 
 Aline Cristina – Fernando Maleski/ Gazeta do Paraná
                

Quem não gosta de um bom cafezinho que atire a
primeira pedra, ou a primeira xícara, se estiver mais a mão. Porém, é
preciso gastar tanto em sofisticação para este hábito nacional? Os
vereadores de Cascavel acham que sim. Pelo menos é o que se pode deduzir
do ato do presidente Márcio Pacheco (PPL), que decidiu este ano
investir pesado na sofisticação do café diário dos vereadores.


Em licitação realizada no ano passado, o presidente investiu R$
6.395,00 na compra de uma máquina de café expresso, da marca Bianchi
Vending, uma das mais sofisticadas do mercado e líder mundial na
produção de máquinas super automáticas. O modelo escolhido, precisa ser
abastecido com cafés, açúcar, chocolate e leite em pó especial.


E não para por aí. A máquina, que está encostada na majestosa sala de
reuniões anexa ao plenário, equipada com pia, mesa de reuniões de
mármore e geladeira, espera por um eletricista há meses, porque o
equipamento adquirido só funciona em 220 volts.


Quando estiver em operação, o equipamento vai proporcionar aos
vereadores além de café quentinho, 10 opções diferentes de bebidas aos
21 vereadores, que vão do tradicional café preto, expresso, moccaccino,
leite moccaccino, chocomilk, White café, cappuccino, expresso chocolate
ao hot whiter, com opção ainda para com mais açúcar ou mais leite.


‘Cafezista’


O presidente da Câmara, Márcio Pacheco é um aficionado por café
especiais. Ele mesmo, no ano passado, logo após eleito presidente,
promoveu uma vaquinha entre seus assessores diretos e mandou instalar
uma máquina de café expresso Vending (modelo 5S), um pouco inferior a
adquirida para o plenário, capaz de produzir café pingado, cappuccino,
moccaccino, chocolate ou cafés curtos (menos cafeína) ou cafés longos
(mais cafeína e mais forte). Para isto, os assessores racharam o custo
da máquina que chega perto dos R$ 6 mil e também a despesa para
abastecer o equipamento com os kits especiais de café, açúcar, chocolate
e leite em pó, exclusivos para este tipo de equipamento.


Licitação


Esta semana, a Câmara Municipal foi além e promoveu licitação oficial
para abastecer a cozinha, com o café “crioulo” tradicional, que é
servido nos gabinetes e oferecidos aos populares que procuram o
legislativo, e o novo e sofisticado café, agora restrito as sessões
plenárias e ao gabinete do presidente, com sua máquina particular.


A ata de registro de preços 06/2014 prevê a aquisição de R$ 12.192,00
para o abastecimento da cozinha e a empresa vencedora é a S. Trzeciaki
& Cia Ltda, que se compromete em fornecer pelo mesmo preço durante
12 meses, 800 embalagens de 10 gramas de Canela em Casca, ao custo total
de R$ 440,00. Mais 800 embalagens de 14 gramas de cravo da índia, ao
custo total de R$ 1.040,00 e a aquisição de mil embalagens de 250 gramas
de Chá mate, ao custo total de R$ 3.500,00. Também foram reservados a
compra de 120 Pacotes de mistura para preparo de leite com chocolate
para máquinas semiautomáticas de bebidas quentes, versão expresso em
grãos (Marca Qualimax e modelo Lei Sá Expresso/Bianchi), embalagens de
um quilo ao custo unitário de R$ 30,00 e total de R$ 3.600,00.


No mesmo extrato de ata de registro de preço a Câmara também reservou
a compra de 70 pacotes de leite em pó para preparo de bebidas em
máquina semiautomática (marca Qualimax e modelo Expresso/Bianchi) em
embalagens de 1 quilo, ao custo unitário de R$ 30,00 e total de R$
2.100,00. Também foram reservados 70 pacotes de café 100% arábica,
expresso torrado em grãos para máquinas semiautomáticas de bebidas
quentes, (marca Itamaraty, modelo Expresso/Bianchi), ao custo unitários
de R$ 20,00 e total de R$ 1.400,00, além da aquisição de 50 caixas de
fósforo do tipo Fiat Lux ao custo unitário de R$ 2,24 e total de R$
112,00. O total despendido só com pacotes e misturas para as modernas
máquinas de café, custarão no ano R$ 7.100,00.


Café comum


Os preços para o abastecimento das máquinas de café expresso da
Câmara rivalizam e quase dobram o gasto anual da Câmara com café, chás e
outros tipos de bebida, ente elas, a indispensável água mineral.


A ata de registro de preço 05, destinada a compra de gêneros
alimentícios para abastecer a cozinha do legislativo, prevê gasto máximo
de R$ 7.930,80 no ano para o cafezinho tradicional do legislativo. O
pregão eletrônico 04/2014, do último dia 2 de abril, contratou a
Distrivel Distribuidora de Alimentos Ltda para o fornecimento de 600
pacotes de 5 quilos (marca Estrela) ao custo unitário de R$ 6,95 e total
reservado para o ano de R$ 3.954,00. Também estão reservados 300
pacotes de leite do tipo UHT integral, ao custo unitário de R$ 1,99,
totalizando R$ 597,00 no ano. Também foram reservados para a compra R$
119,20 para compra de 80 frascos de adoçante dietético, mais R$ 520,00
para compra de 800 pacotes da marca Golly para refrescos de vários
sabores. Mais 240 garrafões PET de 20 litros da marca Fontana Outro,
totalizando R$ 2.100.00. Além de 40 coadores para café em tecido
flanelado ao custo unitário de R$ 12,70, totalizando R$ 508,00 e mais 20
coadores tamanho 140 mm ao custo total para o ano de R$ 132,60.


Completando o gasto do legislativo estimado para este com produtos
alimentícios, a Câmara ainda contratou a ATM Alimentos Ltda para
reservar pelo período de 12 meses a compra de R$ 371,00 para 700
saquinhos de chá de erva doce e mil caixas de água mineral sem gás, cada
uma com 48 copinhos de 200 mililitros, da marca Itaipu ao custo
unitário de R$ 15,80, totalizando R$ 15.800,00.


As empresas participantes do pregão foram desclassificadas para o
fornecimento de café torrado e moído em embalagens de 500 gramas, cujo
preço estimado na licitação era de R$ 13.800,00. Ou seja, caso não
tivesse fracassado a compra para café em pó, o total de gasto com a nova
moda da Câmara, o café expresso, custaria 62% de todo o gasto com o
café comum distribuído para os 21 gabinetes e os populares que
freqüentam o legislativo.


A respeito da opção pelo café expresso, o presidente não utilizou
nenhum argumento cientifico sobre os supostos benefícios que a bebida
poderia trazer para a concentração dos legisladores, no estudo de suas
matérias legislativas. Pelo contrario, preferiu hesitar sobre a
divulgação da nova moda legislativa ao dizer, “não acredito que vão
publicar”, disse para então pedir que o assunto fosse deixado de lado.


O café pelo mundo 


A história do café começou no século IX. A bebida é originária das terras altas da Etiópia


e difundiu-se para o mundo através da cultura árabe.  Uma lenda
conta que um pastor chamado Kaldi observou que seus carneiros ficavam
mais espertos ao comer as folhas e frutos do cafeeiro. Ele experimentou
os frutos e sentiu maior vivacidade. Um monge da região, informado sobre
o fato, começou a utilizar uma infusão de frutos para resistir ao sono
enquanto orava. Verdade ou apenas uma lenda, o fato é que a
bebida antes de ganhar o gosto apurado dos vereadores de Cascavel, se
disseminou pelo mundo.


Atualmente o Brasil consome anualmente 20 milhões de sacas de café, o
que corresponde a 173 bilhões de xícaras. O Brasil é o 7º maior
consumidor mundial da bebida com um consumo per capita de 5,6 kg por
habitante. Os maiores consumidores mundiais são os países nórdicos da
Europa. Finlândia com 12 kg per capita, seguida da Noruega com 10 kg per
capita e da Suécia com 8,4 kg per capita.


Em alguns períodos da década de 1980, o café era a segunda mercadoria
mais negociada no mundo por valor monetário, atrás apenas do petróleo.

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