Café: Enfraquecimento do dólar faz Bolsa de NY avançar mais de 3% na semana e fechar acima de US$ 1,20/lb
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a semana com alta de mais de 3% no vencimento março/16. O mercado teve impulso da forte queda do dólar ante o real, a redução nas vendas brasileiras e vietnamitas com a proximidade dos feriados, além das expectativas menos otimistas dos operadores em relação à safra 2016/17 do Brasil e da Colômbia. No entanto, o fechamento desta sexta-feira (5), acabou interrompendo a trajetória de alta dos preços externos, que registraram avanço por três sessões consecutivas.
Os lotes com vencimento para março/16 fecharam a sessão de hoje cotados a 120,40 cents/lb e 280 pontos de queda, o maio/16 anotou 122,40 cents/lb com recuo de 275 pontos. Já o contrato julho/16 registrou 124,25 cents/lb com baixa de 265 pontos e o setembro/16 teve 125,85 cents/lb com 255 pontos negativos.
O mercado realizou ajustes nesta sexta-feira ante as recentes altas, mas também acompanhou o câmbio. O dólar vinha caindo forte ante o real durante a semana, mas hoje trabalhou em alta, o que acaba dando maior competitividade às exportações da commodity, mas pressiona os preços do café. Os investidores repercutiram a queda nos números de desemprego dos Estados Unidos. A moeda estrangeira encerrou o dia cotada a R$ 3,9100 na venda com avanço de 0,41%.
Segundo o analista do banco Société Générale, Rodrigo Costa, o mercado do café deve continuar atento ao câmbio nos próximos dias. “Caso o dólar continue se desvalorizando ante a moeda brasileira, podemos ter cotações do café voltando ao patamar do final do ano, em cerca de US$ 1,30/lb”, explicou o analista na quinta-feira.
Além das questões técnicas, os operadores também repercutiram durante a semana informações um pouco menos otimistas sobre a produção das principais origens produtoras. “Os futuros estão repercutindo mais o câmbio, mas percebe-se que o mercado já começa a precificar a queda nos estoques de passagem do Brasil e revisões na safra 2016/17, principalmente, da Colômbia, que deve ter perdas de mais de 1 milhão de sacas nesta temporada”, afirma o analista.
Ainda no aspecto fundamental, a queda nas vendas brasileiras e vietnamitas com a chegada de feriados em ambos os países também acabou sendo um fator de impulso para as cotações. O ano novo lunar no Vietnã (Tet) começa neste fim de semana, assim como o carnaval no Brasil. Traders também apontam a queda dos estoques certificados nas bolsas como um fator de suporte aos preços.
Nesta semana, as áreas produtoras de café do Brasil enfrentaram altas temperaturas e baixo volume de chuvas, cenário diferente do registrado nas últimas semanas. No entanto, não houve relatos de prejuízo nas plantações. Segundo mapas climáticos da Somar Meteorologia, a tendência para os próximos 10 dias é de que o tempo continue quente em praticamente todo o cinturão produtivo, mas com pancadas de chuva. Somente no Espírito Santo, Zona da Mata de Minas Gerais e sul da Bahia, o tempo permanecerá seco.
Mercado interno
Com estoques apertados, os negócios no mercado físico brasileiro foram baixos nesta semana – o que acabou dando impulso às cotações. No entanto, os vendedores consideram os preços aquém das expectativas. De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), as cotações da variedade arábica devem permanecer firmes até pelo menos o início da colheita. Em função da oferta restrita, o indicador do café conillon bateu ontem novo recorde de preços.
O tipo cereja descascado teve maior valor de negociação hoje na cidade de Guaxupé (MG) com saca cotada a R$ 563,00 e queda de 1,23%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Espírito Santo do Pinhal (SP) com avanço de 5,66% e saca cotada a R$ 560,00.
Da sexta-feira passada para hoje, a cidade que registrou maior variação para o tipo foi Espírito Santo do Pinhal (SP) com alta de R$ 30,00 (5,66%), saindo de R$ 530,00 para R$ 560,00 a saca.
O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 565,00 a saca e recuo de 1,22%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com alta de 1,63% e saca a R$ 499,00.
Para o tipo, conforme o gráfico, a maior oscilação na semana foi registrada em Guaxupé (MG) que tinha saca cotada a R$ 548,00, mas subiu R$ 17,00 (3,10%) e agora vale R$ 565,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 530,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com recuo de 1,38% e saca cotada a R$ 502,00.
A variação mais expressiva de preço na semana para o tipo 6 foi registrada em Guaxupé (MG), por lá a saca estava cotada a R$ 485,00 na sexta passada, mas teve valorização de R$ 17,00 (3,51%), e agora está em R$ 502,00.
Na quinta-feira (4), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 499,49 com alta de 0,51%.
Bolsa de Londres
As cotações do café robusta na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, registraram leve queda nesta sexta-feira, após avançar forte na sessão anterior. O contrato março/16 registrou US$ 1428,00 por tonelada e o maio/16 teve US$ 1455,00 por tonelada, ambos com recuo de US$ 7. O vencimento julho/16 anotou US$ 1482,00 por tonelada com desvalorização de US$ 6.
Na quinta-feira (4), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 400,37 com avanço de 1,21%.