Café em alta aquece a economia do campo

O café atingiu este ano, de janeiro a maio, preço médio de R$ 448 a saca, o maior valor desde 2011, e foi o contrapeso da balança comercial mineira, fortemente atrelada a commodities que atravessam período de desvalorização, como é o caso do minério de ferro, principal item da pauta de exportações do Estado.

Para muitas cidades mineiras, café em alta significa economia forte, ou em tempos de crise, pelo menos um freio no desaquecimento do comércio de bens e serviços.

Sobretudo no Sul de Minas, onde a produção ocorre majoritariamente por pequenos e médios cafeicultores, sem a concentração em grandes fazendas, o impacto na economia regional é mais direto.

Não há espaço para otimismo em um cenário econômico tão negativo, mas o comércio segue com bons negócios em Guaxupé, no Sul de Minas, onde está instalada a Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil.

“O café tem segurado as vendas, que estão aquecidas. Vemos a situação de outras cidades, onde as lojas estão demitindo e isso não acontece aqui”, afirmou Maura Giannini, gerente da Associação do Comércio e Indústria de Guaxupé.

Em Três Pontas, onde o comportamento da economia também é ditado pelo desempenho do setor cafeeiro, o início do período de colheita tem minimizado os impactos das demissões realizadas pela indústria, comércio e prestação de serviços.

“Como o agronegócio é o maior empregador, a colheita alivia momentaneamente a crise. Mas muitas pessoas que foram demitidas em outras atividades não têm aptidão ou interesse em ingressar na colheita. Acabam indo por falta de opção, diferentemente de outros anos, quando havia grande dificuldade para contratar pessoas dispostas a trabalhar na lavoura”, disse Michel Renan Simão, presidente da Associação Comercial e Agroindustrial de Três Pontas.

Simão acrescentou que a situação não é melhor porque os cafeicultores enfrentaram um período de negócios fracos nos últimos anos e muitos estão compensando os prejuízos.

Endividamento

Situação semelhante é a de Patrocínio, também importante produtor de café no Alto Paranaíba . De acordo com a gerente da CDL de Patrocínio, Cleide Araújo, as vendas do comércio neste ano ficarão estáveis em relação ao ano passado. As dívidas contraídas anteriormente pelos produtores impedem um desempenho melhor.

“Há uma valorização do café, mas ainda não vemos reflexo disso nas vendas. Os produtores que já venderam a produção estão usando os recursos para abater dívidas geradas nos anos anteriores”, observou.
O gerente de vendas da Casa Cruzeiro Veículos, concessionária Chevrolet em Patrocínio, Leandro Maciente, relata que tradicionalmente as vendas aumentam se o comércio de café está aquecido, mas este ano esse movimento perdeu força. “Acho que muita gente antencipou as vendas de café por dificuldades econômicas e há também um receio de investir em um cenário de muitas incertezas”, disse.

Fonte: Hoje em Dia

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