O mercado futuro de café arábica retoma negócios nesta segunda-feira na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), de olho no ambiente externo, com a turbulência político-econômica no Brasil.
São Paulo, 25/10/2021 – As manobras do governo Bolsonaro para garantir o Auxílio Brasil de R$ 400 impulsionaram o dólar em relação ao real e pressionaram commodities, como o café.
Na semana passada, o futuro de arábica com vencimento em dezembro/21, o mais negociado, acumulou desvalorização de 1,75% (355 pontos), fechando na sexta a 199,85 centavos de dólar por libra-peso. No período, o dólar, à vista, apesar da queda de 0,71% na sexta, a R$ 5,6273, registrou valorização de 3,16%, ou 3,33% em outubro. Segundo corretores, com aumento dos gastos pelo governo para bancar o Auxílio Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu grande parte da sua credibilidade entre os investidores. Na sexta, a especulação sobre a saída de Guedes elevou a volatilidade do câmbio, mas o fato de aparecer ao lado do presidente Bolsonaro trouxe alívio ao mercado, culminando com a queda do dólar.
Os fundamentos do mercado de café continuam positivos. A perspectiva de restrita oferta global do grão em 2022 deve manter o mercado sustentado. Segundo especialistas, as recentes chuvas nos cafezais brasileiros não devem ser suficientes para compensar as perdas provocadas pelo longo período de seca, entre meados do ano passado e este ano, além das geadas de junho e julho.
Os fundos de investimento continuam a carregar elevado saldo líquido comprado em café em Nova York, acreditando em alta das cotações. Esses participantes até diminuíram um pouco o saldo líquido comprado na semana, passando de 47.618 lotes, no dia 12, para 45.340 contratos, no dia 19, considerando futuros e opções, mostrou na sexta a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), com posicionamento de traders.
Já os fundos de índice aumentaram um pouco o saldo líquido comprado no período, de 55.050 lotes para 55.520 contratos. Levando em conta apenas o mercado futuro, os fundos cortaram um pouco o saldo líquido comprado, de 69.085 lotes para 68.889 contratos.
Pelos gráficos, os futuros de arábica romperam o suporte psicológico de 200 cents. Os próximos objetivos estão em 198,40 cents, 195 cents e 190 cents. Na parte de cima, as resistências estão em 205,60 cents, 211 cents e 215,15 cents (máxima de 12 de outubro).
Na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), os contratos de café robusta para novembro/21 tiveram alta de 0,85% na sexta (18 dólares), a 2.134 dólares a tonelada. Já o vencimento janeiro/22 subiu 0,28% (6 dólares), a 2.141 dólares a t.
O mercado futuro de arábica em Nova York trabalhou em alta na primeira metade de pregão de sexta, mas depois virou e acabou encerrando em baixa. O vencimento dezembro/21 fechou com desvalorização de 1,70% (345 pontos), a 199,85 cents. O mercado registrou máxima de 206,40 cents (mais 310 pontos) e mínima de 198,40 cents (menos 490 pontos).
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam em boletim diário que as cotações do café arábica caíram, mas as do robusta subiram na sexta no mercado físico.
Segundo os pesquisadores, os valores domésticos do café arábica refletiram a queda dos futuros. O
Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 1.246,22 a saca, baixa de 0,9% em relação ao dia anterior, 21. O mercado manteve-se calmo. Os preços do robusta subiram na sexta, impulsionados pela alta dos futuros e pela retração de vendedores. O Indicador Cepea/Esalq do robusta do tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 755,43 a saca, leve aumento de 0,3% em relação ao dia anterior. Para o 7/8, a média foi de R$ 744,87 a saca, elevação de 0,4% no mesmo comparativo – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.
Fonte : Broadcast Agro