Café do Norte Pioneiro ganha certificação que pode abrir novos mercados

O Norte Pioneiro será a primeira região do Paraná a receber a certificação de Indicação Geográfica (IG) para seus cafés especiais. A certificação, que aponta a procedência do café, representa um reconhecimento das qualidades particulares do produto e atribui a ele identidade própria. Considerada uma das mais importantes certificações do mercado mundial, a IG deve ampliar o valor agregado do café do Norte Pioneiro paranaense e abrir novos mercados para o produto, como já ocorre com os cafés produzidos nas regiões do Cerrado Mineiro (MG) e da Serra da Mantiqueira (SP).
 
A notícia foi apresentada nesta segunda-feira (21) pela Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), durante reunião de validação do projeto Cafés Especiais promovida pelo Fórum do Agronegócio Paranaense, na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em Curitiba.
 
O presidente da Associação, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, contou que o processo de certificação começou em 2008, por iniciativa dos cafeicultores do Norte Pioneiro, que tiveram o apoio da Secretaria da Agricultura e empresas vinculadas, como o Instituto Emater e o Iapar. Segundo ele, a certificação deverá ser anunciada ainda esta semana pelo Instituto Nacional de Produtos Industrializados (Inpi).
 
Rodrigues explica que é classificado como especial o café limpo e sem defeitos. Segundo ele, a Acenpp se responsabiliza pela qualidade da produção dos cafés certificados e só encaminha para comercialização cafés com certificado de origem e que tenham passado por todos os processos de produção recomendados. Antes de receberem o selo e o lacre da associação, os cafés passam por testes físicos e de qualidade sensorial e as propriedades são visitadas.
 
A certificação vai beneficiar uma região que envolve 45 municípios com 7.500 cafeicultores, responsáveis pela produção de 1,1 milhão a 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano, que correspondem a 50% da produção paranaense de café. A região ganha visibilidade e projeção no mundo e a expectativa é abrir mercados mais disputados para a produção do Norte Pioneiro.
 
Com o avanço na qualidade, a Associação fechou um contrato de exportação de um contêiner com 320 sacas de café beneficiadas para os Estados Unidos, ao custo equivalente a R$ 590 a saca – acima do preço vigente no mercado, que era de R$ 450,00 a saca, informou o presidente da Acenpp.
 
UNIÃO – A qualidade do café do Norte Pioneiro não é conquista recente. Ela é resultado de um trabalho que iniciou com o associativismo dos cafeicultores da região. Eles sentiram a necessidade de sobreviver à crise que persistiu por cerca de 10 anos sem valorização do produto no mercado. Os produtores se uniram em torno da Acenpp e depois da Cocenpp (Cooperativa de Cafés Especiais do Norte do Paraná) para mudar os paradigmas de produção e de comercialização, com foco no consumidor.
 
O projeto do Norte Pioneiro é resultado da mudança de comportamento do produtor e de sua família que passou a produzir de acordo com o que o mercado quer comprar, explicou Rodrigues. Segundo ele, os cafeicultores, com o apoio da Emater e Iapar, foram capacitados a produzir de acordo com as boas práticas que levam em conta a aquisição de mudas de qualidade, adoção de técnicas de proteção do solo, de redução de agrotóxicos nas lavouras, de sanidade e higiene na fase de secagem e adotaram técnicas que permitem a rastreabilidade da produção.
 
Os produtores também incluíram no processo de produção as regras da legislação ambiental e de responsabilidade social, como estratégia para conquistar o mercado. A diferença, segundo Rodrigues, não era vender o produto mais caro, mas sim vender melhor para valorizar o trabalho do produtor.
 
RECEPTIVIDADE – O projeto ganhou a adesão dos promotores do agronegócio. A Secretaria da Agricultura vai solicitar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que inclua essa iniciativa no Plano de Marketing dos Cafés do Brasil, que prevê a concessão de recursos para promoção de cafés especiais em feiras internacionais. O Banco do Brasil também acenou com a concessão de financiamentos especiais aos produtores.
 
Para potencializar os resultados alcançados até agora, a Acenpp pediu apoio das entidades parceiras do Fórum do Agronegócio Paranaense para a criação de um Centro de Excelência em Cafeicultura no Norte Pioneiro, para formar e capacitar filhos e filhas de agricultores a trabalhar com cafés de qualidade.
 
O diretor-geral da secretaria, Otamir Cesar Martins, atribuiu a consolidação dos resultados obtidos com o projeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro ao trabalho do Fórum do Agronegócio Paranaense, que prevê a promoção da competitividade e a sustentabilidade do agronegócio no Estado. “Esse trabalho tem como base a busca de soluções conjuntas e de parcerias institucionais entre as entidades, visando o desenvolvimento do agronegócio”, afirmou.
 
Além de Martins, participaram da reunião o diretor-presidente do Iapar, Florindo Dalberto, e representantes do Banco do Brasil, Sebrae, Faep, Emater, Iapar, Sebrae e Banco do Brasil, entre outros.

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