O mercado cafeeiro atinge um recorde histórico, impulsionado por oferta restrita e incertezas climáticas. Saiba mais sobre esse momento sem precedentes!
Por Antonio Sergio Souza – Revista Cafeicultura
O mercado de café na Bolsa de Nova York registrou um feito histórico no dia 10 de fevereiro de 2025, com os contratos atingindo impressionantes 430 centavos de dólar por libra-peso. Esse nível de preço marca um recorde absoluto e reflete um cenário de incerteza que tem desafiado analistas e operadores do setor.
A disparada das cotações ocorre em meio a uma conjuntura complexa: produção reduzida nos principais países produtores, incertezas climáticas e um mercado já pressionado por estoques baixos. No Brasil, maior produtor global, as previsões apontam para uma safra menor em 2025, afetada pela bienalidade negativa e um intenso estresse hídrico. Além disso, há receios sobre uma possível seca nos próximos meses, o que poderia comprometer ainda mais a oferta.
No mercado financeiro, operadores têm rolado contratos para maio, enquanto alguns especuladores enfrentam dificuldades e são “estopados” – termo usado quando posições são liquidadas automaticamente por atingirem limites de perda. Como destacou o corretor de mercado Eduardo Carvalhaes, “ninguém nunca viveu um quadro semelhante ao atual”, reforçando a imprevisibilidade do momento.
Entre as preocupações vividas pelo mercado de café, o pesquisador José Braz Matielo alerta que já estamos vivenciando um período de seca, que está atingindo as lavouras de café tanto conilon quanto arábica, principalmente na Zona da Mata mineira. Essa seca pode queimar os grãos e causar um xoxamento dos grãos de café. Outro ponto levantado por Matielo foi o alto índice do ataque da doença Cercospora, que afeta os frutos do café e provoca perda de qualidade e rendimento da produção.
A combinação de oferta restrita e demanda aquecida mantém os preços em alta, e os próximos meses serão decisivos para definir os rumos do mercado. Se as previsões climáticas de seca se confirmarem, os preços podem seguir pressionados, consolidando este como um dos momentos mais desafiadores da história recente do setor cafeeiro.
Para os cafeicultores brasileiros, a valorização do café é uma oportunidade para rentabilizar a produção, mas também um alerta para a necessidade de planejamento e estratégias bem definidas diante da volatilidade extrema do mercado.