As cotações do café despencaram ainda mais nesta última semana nas bolsas de futuros e caíram também no mercado nacional.
Porto Alegre, 03 de agosto de 2018 – As cotações do café despencaram ainda mais nesta última semana nas bolsas de futuros e caíram também no mercado nacional. Em Nova York, o café arábica atingiu os preços mais baixos em nove anos. O mercado sucumbe ao cenário de comodidade e tranquilidade no abastecimento global de café, com notícias de safras recordes e de boas colheitas no geral nas principais nações cafeeiras.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, em parte da semana o tombo no petróleo e a alta do dólar frente ao real acabaram pressionando as cotações do arábica na ICE Futures em Nova York. O bom fluxo externo mundial de café também colaborou para as perdas na bebida. “Assim, a posição setembro/18 não conseguiu resistir e acabou sucumbindo à pressão vendedora, avançando abaixo da referência de 110 cents na bolsa nova-iorquina”, comenta.
Fundamentalmente, o quadro é de poucas mudanças. “A safra brasileira avança bem, com clima seco favorecendo os trabalhos de colheita e secagem. Além disso, os sinais de boa produção no Vietnã e a safra cheia na Colômbia garantem uma boa perspectiva produtiva mundial. Desenha-se, assim, uma temporada 2018/19 de excedente produtivo. E, por isso, a demanda continua na defensiva, desfazendo-se, gradualmente, dos estoques formados temporadas atrás”, afirma o consultor.
Afora isso, o risco com frio diminuiu no Brasil e o inverno brasileiro não assusta tanto, não trazendo maiores temores de geadas. Assim, os fundos voltaram a elevar as suas posições líquidas vendidas, que passaram a 66,16 mil contratos ao final do pregão do último dia 24 de julho, segundo a CFTC.
No balanço da semana, o contrato setembro do arábica em NY acumulou uma queda de 3,4%, caindo de 110,45 para 106,70 centavos de dólar por libra-peso no contrato setembro. Em Londres, o robusta baixou menos, 0,5% no comparativo para setembro. Já no mercado físico brasileiro de café, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais recuou de R$ 425,00 para R$ 415,00, acumulando uma baixa de 2,3%. O dólar subiu na semana 1,1% no comercial, atenuando o efeito negativo da bolsa no mercado interno. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, baixou de R$ 320,00 para R$ 315,00 a saca na semana.
Julho
O mês de julho fechou com a bolsa de NY para setembro a 109,90 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma queda de 1,4% no mês. Em Londres, o robusta caiu 4,6% no mês de julho para este contrato setembro.
Já o mercado físico brasileiro de café teve perda no mês acumulada de 7,7% para o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, que baixou de R$ 455,00 para R$ 420,00 a saca. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, recuou no perído 4,8%, baixando de R$ 333,00 para R$ 317,00 a saca. As perdas foram maiores no mercado físico que nas bolsas muito diante da baixa do dólar no acumulado de julho, que chegou a 3,4% no comercial.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS