O mercado internacional do café literalmente desandou nessa última semana, com as cotações despencando para o arábica na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures). Na bolsa, as cotações chegaram a romper a importante linha dos US$ 2,00 por libra-peso e atingiram os patamares mais baixos desde novembro de 2010, 15 meses atrás.
Alguns fatores vêm determinando essas perdas, notoriamente. Pouco a pouco, vai se aproximando do fim o período de maior demanda no Hemisfério Norte, queé o inverno, quando se consomem mais as bebidas quentes em grandes nações compradoras de café. Como o que é negociado agora vai ser entregue em pelo menos dois meses, pode-se dizer que os compradores já fizeram suas reservas até o final do inverno, com as compras de agora sendo para o começo da primavera no Hemisfério Norte. Assim, a tendência é de um ritmo mais compassado nas compras das torrefações, pois passou o período de maior demanda dos consumidores.
Essa questão da demanda se combina com a proximidade da entrada de uma safra brasileira de ciclo alto produtivo, dentro da bienalidade da cafeicultura.
Embora se discuta o número da safra, lá fora o mercado acredita em uma produção de pelo menos 55 milhões de sacas, o que não representa uma supersafra, mas dá fôlego para o mercado.
Em NY, tem se notado uma intensa rolagem de contratos de março para maio, e maio já figura como o começo da colheita da safra no Brasil. Embora o mercado ainda cnviva com um aperto na oferta contra a demanda global, após temporadas de déficit produtivo, é inegável que há um certo alívio nas relações de oferta e consumo.
Também nota-se um movimento importante de vendas de origens, pesando sobre as cotações internacionais. Em parte porque há uma melhor oferta no momento, e em parte porque os vendedores ficaram assustados com as recentes quedas nos preços e se apressam para negociar antes de temidas novas baixas. Fatores técnicos/gráficos também tem sua dose de “culpa”. Pouco a pouco o mercado vai rompendo suportes. Primeiro veio abaixo de US$ 2,20 por libra-peso (ao final do ano passado era forte esse suporte), depois US$ 2,10 foi quebrado, e agora tem se testado a importantíssima linha psicológica de US$ 2,00 no contrato maio, que é o mais negociado agora – março já fechou abaixo disso nesta quinta-feira (16/02).
Assim, no balanço da semana, o contrato maio do arábica na Bolsa de NY caiu 7,4%, recuando de 217,40 cents/lb na sexta-feira passada (10/02) para 201,20 cents nesta quinta-feira (16/02).
Para o robusta em Londres, a semana foi totalmente diferente. No contrato maio na LIFFE, as cotações subiram 2,3% da sexta-feira passada (US$ 1.934 por tonelada) no comparativo com esta quinta-feira, dia 16, quando o mercado fechou em US$ 1.979 a ton. O analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca que Londres avançou ao contrário de NY diante da oferta limitada neste momento na Europa para o robusta, com países asiáticos, principalmente o Vietnã, segurando a oferta. Barabach acredita que o Vietnã deva entrar mais forte nas negociações já no curto prazo e reequilibrar no mínimo as relações de oferta e procura.
No mercado físico brasileiro de café, a semana foi de muitas preocupações para os produtores, que viram essa queda acentuada do arábica emNova York. Naturalmente, as cotações cederam, apesar da fuga da maior parte dos vendedores do mercado. O dólar em nada ajudou, mantendo se próximo a R$ 1,70.
No balanço semanal, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, que fechara a semana passada a R$ 465,00/470,00 a saca, caiu para R$ 420,00/425,00 nesta quinta-feira (16/02), acumulando uma baixa na média de 9,6%.
Como o robusta em Londres subiu na semana, o conillon no Brasil também teve preços firmes. No balanço semanal, o conillon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo, subiu de R$ 260,00/262,00 a saca para R$ 270,00/272,00, uma valorização na média de 3,8%.