Cooxupé espera receber 6,5 milhões a 7 milhões de sacas este ano; incertezas sobre preços atrasam negociações futuras com o grão
Por Globo Rural
A Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), maior comercializadora de café do mundo, espera atingir na safra 2024 uma originação de 6,5 milhões a 7 milhões de sacas de café. O volume representa uma alta de até 7,7% em relação à safra passada. Mas esse número pode mudar, dependendo do impacto do clima sobre a produção. As incertezas também pairam em relação à venda do grão. Até agora, a Cooxupé negociou de 10% a 15% do volume esperado para o ano, ante 30% no mesmo período de 2023.
Em entrevista à reportagem, o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto de Melo, disse que até agora foram negociados contratos para entrega de 700 mil sacas da safra atual. No mesmo período de 2023, eram 1,2 milhão de sacas negociadas.
“O produtor entendeu que fechou contratos aquém do preço que poderia obter no ano passado, porque os preços subiram a partir de setembro. E está mais reticente para trabalhar o mercado futuro. Mas ainda é um valor rentável para o produtor”, afirmou Melo. Segundo ele, preços acima de R$ 1 mil são vantajosos para o cafeicultor.
Alguns fatores contribuem para os produtores acreditarem que os preços do café possam subir nos próximos meses, de acordo com o dirigente. A falta de estoques remanescentes nos países produtores e consumidores, a possibilidade de perdas de safra devido a fenômenos climáticos extremos no mundo e a falta de contêineres para o transporte marítimo internacional devem influenciar as cotações da commodity neste ano.
A Cooxupé exporta entre 80% e 85% do café originado. Em 2023, a cooperativa vendeu 4,8 milhões de sacas no exterior, uma queda de 29,4% em relação a 2022, quando foram exportadas 6,8 milhões de sacas. “Tivemos problemas para embarcar devido à falta de contêineres e navios no mercado internacional”, afirmou. A Cooxupé registrou em 2023 originação de 6,5 milhões de sacas, sendo 5,2 milhões entregues pelos cooperados. Em 2022, a originação total foi de 5 milhões de sacas, sendo 3,8 milhões de sacas dos cooperados.
Para 2024, a previsão é de recebimento de 6,5 milhões a 7 milhões de sacas no total, sendo 5,5 milhões de sacas dos cooperados — neste último caso, aumento de 5,8%. “O produtor não tirou pé dos tratos com a cultura. O clima pode comprometer a produção, mas acredito que não vai comprometer tanto quanto em 2021 e 2022”, estimou Melo.
A Emater/MG projeta para a safra 2024 produção de 29,7 milhões de sacas de café em Minas Gerais, com um aumento de 11,5% em relação à safra anterior. A área plantada tem incremento de 1,7%, para 1,095 milhão de hectares. Sérgio Brás Regina, coordenador técnico estadual de culturas da Emater/MG, disse que um novo levantamento será feito até o dia 15 e esses números serão atualizados, podendo sofrer alguma redução.
“O volume de chuvas tem até crescido em algumas regiões do Estado, mas a distribuição ainda está irregular. Houve queda de frutos no sul do Estado, por causa do calor excessivo em dezembro. Isso deve reduzir um pouco a produtividade das lavouras”, afirmou Regina. Ele ponderou que os modelos matemáticos da Emater/MG apontam para chuvas regulares até fevereiro. Se isso se confirmar, a produtividade será alta.
Segundo o presidente da Cooxupé, os cooperados da Cooxupé relataram queda de frutos por causa do calor e da falta de chuvas no fim de 2023. “Mas choveu de maneira constante nas áreas de produção na primeira semana de janeiro. Isso pode ajudar no enchimento dos grãos”, disse.
Diante do baixo volume de café negociado até o momento e das dúvidas sobre o impacto do clima na safra, é difícil prever quanto a cooperativa irá faturar neste ano, disse Carlos Augusto de Melo. Em 2023, a Cooxupé faturou aproximadamente R$ 8 bilhões, abaixo dos R$ 10,1 bilhões de 2022. O resultado no ano passado, segundo ele, foi afetado principalmente pela oscilação nos preços do café. A inadimplência ficou abaixo de 2%, disse.