Café continua com perspectiva de valorização

AGRÍCOLA  / 02/04/2008 
 
Apesar da queda nas cotações em março, contratos futuros registram aumento em torno de 2,4%
 
Tomas Okuda

Os preços internacionais do café devem manter trajetória ascendente, apesar da forte queda em março. O contrato futuro de arábica, com vencimento em maio na Bolsa de Nova York, acumulou queda de 24%. Nos últimos 12 meses, porém, o contrato registra valorização de cerca de 2,4%.


‘A trajetória dos preços do café é para cima’, informa o pesquisador Celso Luis Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), da Secretaria de Agricultura de São Paulo. A avaliação do pesquisador tem como base o aumento do consumo mundial de café, que cresce a uma taxa anual de 2%, principalmente na Ásia, enquanto a produção está relativamente estabilizada.


A Organização Internacional do Café (OIC) projeta o consumo mundial de café em 123 milhões de sacas (de 60 quilos) em 2007. Este ano, a demanda pode crescer cerca de 2 milhões de sacas. Quanto à produção, a OIC estima que os países produtores colheram 118 milhões de sacas em 2007/2008. O volume pode crescer para 123 milhões a 126 milhões de sacas em 2008/2009, por causa da bienalidade da cultura.


O pesquisador acrescenta que a oferta não deve se ajustar à demanda no curto prazo, porque a lavoura de café é perene, exigindo cerca de três anos para iniciar a produção. O Brasil, maior produtor mundial, tem dificuldades para elevar o volume colhido, em virtude de diversos fatores, como aumento dos custos de produção, sem que os cafeicultores pudessem repassá-los integralmente aos preços recebidos. Além disso, o café enfrenta a concorrência de outras culturas mais rentáveis, como cana, soja e milho.


Vegro salienta que o café é uma das commodities que mais demoraram para realinhar preços. O problema do aumento dos preços das commodities é a inflação, na opinião do pesquisador. Trata-se de um perigo que o mundo não gostaria de encarar, ‘pois provoca turbulências no tecido social’, explica ele. Paralelamente, os Estados Unidos, maior economia mundial, enfrentam uma crise imobiliária sem precedentes, que ninguém sabe quando vai terminar.

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