Agência Estado
09/01/2013
Tomas Okuda
O consumo de café no Brasil em 2013 deve manter o ritmo de crescimento de 2012, quando a taxa alcançou entre 3,5% a 3,7%, conforme dados preliminares da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), totalizando perto de 20 milhões de sacas de 60 kg. A indústria projeta aumento de 3,5% em 2013, alcançando 21 milhões de sacas. Entre outros estímulos, o café continua soberano nos lares, ainda mais agora, com os brasileiros aderindo aos poucos à moda de máquinas de uma única dose. Fora de casa, indústrias e cafeterias apostam em sofisticação, oferecendo grãos de maior valor agregado.
“Uma tendência que parece irreversível é que o mundo aprende a tomar café em máquinas de dose única, seja ele ‘espresso’ ou filtrado”, diz o diretor executivo da Abic, Nathan Herszkowicz. No Brasil já são cerca de 870 mil unidades nos lares, volume que praticamente dobrou em comparação com as cerca de 450 mil máquinas há um ano, conforme pesquisa da Kantar Worldpanel, encomendada pela Abic.
A diversidade de marcas acirrou a concorrência e quem saiu ganhando foi o consumidor, que viu cair os preços dessas máquinas. A Starbucks é responsável pelo lance mais recente, com o lançamento do seu sistema de xícara única, o Verismo. Na Europa, empresas já produzem cápsulas ‘genéricas’, compatíveis com as máquinas Nespresso, da Nestlé. Isso acabou desatando o nó que amarrava cada marca com seu próprio tipo de sachê de café para dose única.
Fora do lar, as lojas de café se reinventam, pois não há “cafeteria que sobreviva atualmente sem oferecer qualidade”, comenta Nathan. Segundo ele, nas lojas é cada vez maior a oferta de cafés de qualidade superior, tipo gourmet. Isso tem atraído o consumidor em busca de diferenciação.
As pequenas indústrias torrefadoras também entenderam que é difícil se estabelecer no mercado sem qualidade. Anualmente, a Abic premia as melhores empresas, incentivando a diferenciação da concorrência, em qualidade e preço. Na categoria gourmet, das cinco marcas premiadas, quatro são pequenas empresas, que “estão se reposicionando no mercado”, diz Nathan.
A pesquisa da Kantar considera que novos tipos de bebida, principalmente as consumidas no café da manhã, são ameaça ao crescimento do café. Com a melhora da renda, a mesa do brasileiro ficou mais farta. São novos sabores, como leite à base de soja, sucos e chás. “A Kantar vê como ameaça (novas bebidas concorrentes), mas a verdade é que o consumidor não substitui o café. Por isso, é altíssimo o índice de penetração do café, que alcança 95% dos lares brasileiros”, explica ele.
Para 2013, a expectativa é positiva. “O segmento de cafeterias deve continuar crescendo, o preço do café caiu e a indústria torrefadora está estimulada a melhorar a gestão”, enumera Nathan. Mais: depois de 2011 muito difícil, principalmente por causa da explosão das cotações do café, em 2012 os preços do grão recuaram e as indústrias conseguiram se equilibrar. “Estamos mais tranquilos. Ainda longe, no entanto, de estarmos capitalizados”, pondera o diretor da Abic.
Ele considera que medidas do governo favoreceram o setor. Uma delas é a desoneração na cobrança de PIS/Cofins, “que eliminou a concorrência predatória”. O Ministério da Agricultura também liberou recursos da ordem de R$ 200 milhões, o que, segundo Nathan, “foi importante para recompor capital de giro das indústrias”.