Temperaturas sem precedentes e chuvas irregulares, aumentam a incerteza em relação à produção da safra 24/25
Por hEDGEpoint Global Markets
O mercado de café enfrentou anomalias climáticas no último trimestre de 2023, largamente influenciadas pelo padrão El Niño que dominou as principais regiões produtoras de café no Brasil. Temperaturas sem precedentes e chuvas irregulares caracterizaram esse período, impactando a produção e criando um efeito cascata no mercado de café.
“No Sul de Minas Gerais, as temperaturas atingiram níveis recordes, alterando os padrões climáticos usuais. Apesar do padrão El Niño diminuir no início de 2024, as temperaturas permaneceram acima da média, representando um desafio contínuo para o cultivo de café”, pontua Natália Gandolphi, analista de Café da hEDGEpoint.
As reservas hídricas construídas em 2023 ajudaram a amenizar o impacto da menor precipitação em novembro e dezembro, mantendo níveis médios no final do ano. No entanto, as perspectivas para 2024 são incertas, com os níveis de chuva atualmente relatados abaixo da média, aumentando a pressão em uma situação já vulnerável.
“O Cerrado enfrentou um conjunto diferente de desafios, experimentando chuvas consistentemente mais baixas ao longo do ano. No último trimestre, os volumes acumulados de chuva já estavam abaixo dos registrados em 2021. Aliado a temperaturas em um nível mais alto em uma década, a região enfrentou uma pressão crescente na produção de café. Com o início do novo ano, o otimismo fica escasso, com os níveis acumulados de chuva relatados como sendo 30% abaixo do normal, estabelecendo um tom menos otimista para o próximo ciclo de colheita em comparação com o período pós-florada”, destaca.
A proximidade com o Espírito Santo expôs a ZMT ao impacto do El Niño, com chuvas consistentemente abaixo da média no último trimestre de 2023. Embora a região tenha passado por um período mais curto de temperaturas extremas, as preocupações para 2024 giram principalmente em torno dos baixos níveis de chuva, apesar de uma diminuição nas temperaturas.
“Essas condições podem dificultar a superação do recorde estabelecido nas safras anteriores. O Espírito Santo suportou o peso do El Niño durante o último trimestre de 2023, com temperaturas persistentemente altas em janeiro agravando a situação”, observa a analista.
Os números recordes de chuva acumulada até o final de 2023 lançaram uma sombra sobre a safra de conilon do Brasil em 24/25, apesar de uma leve melhoria no início de 2024.
Apesar dos diferentes perfis de produção nas regiões, os níveis acumulados de chuva em 2023 compensaram parcialmente o impacto das chuvas mais baixas no quarto trimestre, resultando em uma situação geral média no final do ano. No entanto, a atenção agora se volta para 2024, onde os níveis de chuva em janeiro permaneceram abaixo da média, ecoando os desafios enfrentados em 2021.
Em resumo, à medida que a indústria enfrenta esses desafios induzidos pelo clima, o mercado é caracterizado por pontos tanto otimistas quanto pessimistas.
As condições quentes e secas no Brasil durante o quarto trimestre de 2023, a possível redução na produção, assim como alguns indicadores de demanda analisados em nossos relatórios anteriores, contribuem para um sentimento otimista.
No entanto, a safra 24/25 no Brasil pode surpreender positivamente, de acordo com os padrões de chuva em cada região ao longo do ano, e a recente recuperação nas primeiras semanas de janeiro.
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