A comercialização da safra de café do Brasil 2012/13 (julho/junho) fechou o mês de agosto em 35%. Houve um avanço de 7 pontos percentuais em agosto no comparativo com julho. O dado faz parte de levantamento de SAFRAS & Mercado, com base em informações compiladas até 31 de agosto.
Entretanto, os negócios estão atrasados em relação a 2011. Em igual período do ano passado, 42% da safra 2011/12 estava comercializada.
Com isso, já foram comercializadas até o final de agosto 19,48 milhões de sacas de 60 quilos, tomando-se por base a estimativa de SAFRAS & Mercado, de uma safra 2012/13 de café brasileira de 54,9 milhões de sacas.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o produtor continua mostrando tranquilidade na hora de vender seu café, dosando suas posições e apostando no futuro. “Assim, adota uma estratégia que já se mostrou adequada em outras temporadas”, comenta o analista.
Este percentual de café negociado no Brasil nos últimos dias, entretanto, pode muito bem ter avançado significativamente. Isso porque as cotações internacionais subiram quase 10% em uma semana, se refletindo em melhores níveis também no Brasil, e os cafeicultores estão sim aproveitando para vender mais café nesta situação mais favorável.
Na Bolsa de Mercadorias de Nova York, o café arábica subiu nesta semana 9,7% no contrato dezembro, passando de 163,05 centavos de dólar por libra-peso do fechamento da última sexta-feira (07 de setembro) para 178,85 cents nesta quinta-feira (13).
Gil Barabach diz que, depois de testar e romper momentaneamente para baixo a linha de 160,00 cents/lb no contrato dezembro, rapidamente o mercado reagiu aos sinais de que isso era demais para os fundamentos do café. Tecnicamente NY demonstrou muita força de reação nos últimos dias e conseguiu romper para cima a linha de US$ 1,80 a libra-peso ao longo da manhã desta sexta-feira (14). “Com a colheita já se encaminhando para o final no Brasil e diante do vazio de novidades fundamentais, os fundos resolveram testar os limites negativos do mercado. Forçaram a linha inferior do canal lateral e finalmente romperam o patamar de 160 cents, com o mercado encontrando fundo em 156,55 cents no último dia 09 de setembro. Mas, como não havia razão fundamental para tanto, o mercado logo reagiu e, com efeito similar ao de uma mola, subiu de forma rápida e intensa após ser pressionado”, avalia Barabach.
Além de fatores técnicos e gráficos, que levaram fundos e especuladores a cobrirem posições vendidas e “virarem a mão”, passando também para novas posições compradas, há aspectos fundamentais por trás desse movimento. Informações vindas do Vietnã apontam para atraso na colheita do robusta, com a safra podendo ser ainda prejudicada por aspectos climáticos. Aproxima-se ainda o período de frio no Hemisfério Norte, quando cresce a demanda por bebidas quentes. E as notícias macroeconômicas foram bem positivas essa semana, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, que inclusive teve pacote de medidas anunciado, o que traz maior tranquilidade aos investidores para aplicações em commodities.
Todas essas questões abriram caminho para essa escalada nas cotações do café em NY, que baliza as cotações internacionais. E no Brasil, com os produtores aproveitando para vender mais, fazendo média nos seus preços de venda, a semana também foi de boa escalada nos referenciais. No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa subiu de R$ 363,00 a saca de 60 quilos no dia 06 para R$ 395,00 a saca nesta quinta-feira (13), alta de 8,8% no período.
(LC)