Safra 2016/17 do arábica ainda é uma incógnita e irá depender do comportamento do clima nos próximos meses. Custos de produção estão elevados, especialmente com a mão-de-obra, que está escassa na região
No Norte do estado, irrigação dos cafezais foi comprometida devido à seca de
2015. Rompimento da barragem em Mariana (MG) contaminou o Rio Doce e também
prejudicou a irrigação da produção de conillon.
O clima irregular continua sendo uma preocupação dos cafeicultores no
Espírito Santo e já afeta o desenvolvimento dos chumbinhos. Com isso, a safra
2016/17 do café arábica em Vargem Alta é uma incógnita e dependerá do
comportamento das chuvas. As precipitações ocorreram no final de novembro do ano
passado e só retornaram à região na 2ª quinzena de janeiro/16.
E com o déficit hídrico considerável, o produtor rural do município, Amarildo
José Sartori, destaca que as floradas foram espaçadas e os grãos estão em
diferentes estágios de desenvolvimento. “Uns estão mais adiantados, enquanto que
outros são pequenos. A falta de tratos culturais no momento correto prejudica o
desenvolvimento e o enchimento dos grãos. Ainda é prematuro fazer qualquer
perspectiva em relação à colheita”, afirma.
Além disso, alguns produtores reduziram o parque cafeeiro e, inclusive
introduzindo outras culturas características de montanha como o abacate,
renovando muitas lavouras. “Consequentemente, diminui o volume de safra que
poderia ser colhida, caso todas as lavouras estivessem em franca produção.
Também é preciso destacar que ano passado tivemos perdas em função do clima
adverso. A falta de chuvas e o sol forte comprometeram a qualidade dos grãos”,
completa o produtor.
Preços
Nesse momento, Sartori sinaliza que os preços seguem firmes no mercado
interno, influência da valorização cambial e da escassez de produto de boa
qualidade. Atualmente, a saca de café de boa qualidade é negociada entre R$
400,00 até R$ 430,00 na região. Já o de qualidade inferior é cotado entre R$
368,00 a R$ 370,00 a saca.
“O problema é que são poucos os produtores que se beneficiam desse cenário.
Isso porque, muitos cafeicultores tiveram que negociar o produto com preços mais
baixos para quitar as dívidas. E os poucos que têm o café, o produto não tem
qualidade”, diz o cafeicultor.
Paralelamente, os custos de produção também subiram nesta temporada
acompanhando a movimentação do dólar. “Outra variável que também pesa bastante
nos custos é a colheita. A mão-de-obra está escassa e cara na nossa região, uma
alternativa seria a mecanização dos trabalhos, porém, os custos são altos”,
pondera Sartori.
Produção de conillon
No Norte do estado, o destaque é a produção de café conillon, que também
sofreu com a falta de chuvas. “O período de seca impediu que houvesse a retirada
de água de mananciais e rios para a irrigação dos cafezais, pois o Governo
priorizou o consumo humano. A perspectiva é que em algumas áreas as quebras
deverão ser consideráveis”, relata.
Por outro lado, o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, poluiu
o Rio Doce. “E há muitos cafezais estabelecidos às margens do rio, o que deve
trazer consequências para a produção, já que os cafeicultores ficaram temerosos
em utilizar a água do rio”, finaliza Sartori.