Os preços do café seguiram pressionados e caindo no mercado internacional em abril.
Porto Alegre, 03 de maio de 2019 – O cenário de pressão fundamental sobre as cotações não mudou no mês. A ampla oferta global traz tranquilidade ao abastecimento, sobretudo agora com a colheita da safra brasileira de 2019 em andamento, e prometendo ser uma boa produção.
Na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional do café arábica, os preços chegaram a bater nos patamares mais baixos desde novembro de 2004 ao longo de abril. Houve alguns esboços de recuperação, mas que sempre travaram em resistências técnicas e nos fundamentos baixistas.
“E em um horizonte de curto prazo há pouca chance de mudança consistente deste quadro. Talvez, alguns ajustes, puxados pela volatilidade do mercado financeiro internacional”, comenta o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach. As principais apostas para quebrar essa dinâmica negativa e para o café subir (em NY) com mais consistência continuam recaindo sobre o clima no Brasil, que até o momento é bastante favorável às lavouras de café, observa.
Ele destaca que a colheita inicia em boa parte das regiões produtoras, devendo ganhar força nesse início de maio. “A previsão de tempo mais seco nas próximas semanas deve ajudar no desenvolvimento dos trabalhos de colheita e secagem do café. As temperaturas devem diminuir durante a madrugada nas áreas de café, mas sem risco de geada. O inverno ainda não chegou por aqui”, avalia.
O fato é que o mercado intensificou as perdas nas últimas semanas, como destaca o consultor. A flutuação do dólar e a chegada da safra brasileira deram o tom na bolsa nova-iorquina. E como a colheita de arábica começa mais cedo esse ano, ainda há a preocupação com o volume considerável da safra de 2018 nos armazéns. “Isso tudo ajuda a expor a sequência de grandes safras no Brasil e explica a postura dos compradores, bem como, a inclinação negativa das cotações”, comenta.
No balanço de abril, o café arábica para entrega em julho na Bolsa de NY caiu de 97,05 para 93,15 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma queda de 4%. Na mínima do mês, o arábica chegou a trocar de mãos a 89 cents. “É o pior patamar desde novembro de 2004. A referência de baixa passou a ser o começo dos anos 2000, onde o mercado mundial de café ainda se recuperava da grave crise de excedente na oferta, que jogou a cotação do arábica em NY ao patamar histórico de 42 cents”, avalia Barabach. Na Bolsa de Londres, o contrato julho acumulou baixa no mês de 4,3%.
No Brasil, o ritmo segue lento nos negócios. O mercado físico interno anda de lado. A chegada de café novo ao mercado, mesmo que de forma tímida, começa a alterar a dinâmica comercial nas principais praças de negociação de café do país. O volume ainda é muito pequeno e a qualidade baixa (café com alta catação), o que acaba influenciando ainda muito pouco os preços, diz o consultor de SAFRAS.
O dólar comercial acumulou em abril uma alta de 0,18%, dando em alguns momentos sustentação para o café em reais no país. No balanço mensal, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu de R$ 385,00 para R$ 380,00 a saca na compra. Já o conilon caiu um pouco mais, com a chegada da safra. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, recuou no comparativo mensal de R$ 295,00 para R$ 280,00 a saca na base de compra.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS