Cafeicultores do país vizinho vêm conhecer técnicas de manejo de produtores de Santa Amélia | ||
A visita que começou na 27 de julho e só terminou ontem, propiciou aos venezuelanos conhecer todo o processo de plantio, colheita e beneficiamento do café, passando, inclusive pela degustação. Os visitantes também tiveram a oportunidade de conhecer o processo de diversificação das lavouras, aplicado em pequenas e grandes propriedades. Na quarta-feira, o grupo conheceu o programa ”Pólo Cereja Descascado”, desenvolvido por seis pequenos produtores, em Santa Amélia (63 km ao sul de Cornélio Procópio), cujas lavouras se estendem a um raio de apenas um quilômetro. Impressionados com a tecnologia de cultivo e o manejo com as lavouras cafeeiras de Santa Amélia, os venezuelanos pretendem aplicar em suas áreas o que aprenderam no Brasil. A viagem ao Brasil faz parte das visitas técnicas do intercâmbio Paraná/Venezuela, dentro do Plano Nacional do Café, reativado por uma parceria entre os dois países. Os produtores venezuelanos que participaram da visita, são do estado de Lara, considerado o pioneiro na cultura e com o posto de maior produtor, com uma área de 41 mil hectares, produzindo de 800 a mil sacas de café beneficiadas por ano. Lá, a atividade envolve 17 mil agricultores familiares. A pequena produção serve, basicamente, para o consumo, estimado em 700 mil sacas. O restante, cerca de 140 mil sacas, é exportado. Em toda a Venezuela são cultivados 200 mil hectares de café (arábica), envolvendo um total de 50 mil famílias de pequenos produtores. O cultivo garante 250 mil empregos diretos e outros 3 milhões indiretos. Na última safra, a produção venezuelana foi de 1,170 milhão de sacas, totalizando apenas seis sacas por hectare, três vezes menor que a safra paranaense. A produção média geral no país é de oito sacas (de 46 quilos) por hectare. Dependendo da qualidade do café, o produto é vendido por 280 bolívares, que equivalem a R$ 280 a saca. As dificuldades das lavouras na Venezuela, segundo o engenheiro agro-industrial, Maximiliano Escalona, ocorrem principalmente pela topografia da região muito montanhosa que dificulta o manejo. ”O produtor também não discute o preço do café, que é negociado direto com os intermediários”, afirma Escalona. ”Não temos assistência técnica nem incentivo para o plantio. Tudo o que fazemos na lavoura, somos nós, os próprios produtores que decidimos”, reclama o produtor Benerino Escalona, que produz 7,5 hectares, num total de 3 mil pés de café. A produtividade da lavoura é de 15 sacas por hectare. Para se ter uma idéia da precariedade do cultivo e da falta de assistência técnica venezuelana, a palha que sobra da descasca do café – que no Paraná serve como adubo na lavoura – é queimada na Venezuela. Os produtores se mostraram surpresos com o aproveitamento do produto. |