Café : Cenário : Risco de Geada deve manter futuros sustentados
23/07/2013 Café da terra
Tomas Okuda – tomas.okuda@estadao.com
São Paulo, 23/07/2013 – Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) iniciaram a semana em recuperação das perdas da sexta-feira passada. O mercado está atento às previsões climáticas para as regiões produtoras brasileiras.
O analista Felipe Kamia, da Pharos, informa que os futuros de arábica tiveram alta volatilidade na semana passada, por causa da especulação com o clima no Brasil. A meteorologia prevê risco de geadas na Região
Sul nas próximas madrugadas. O café no Paraná é cultivado principalmente no norte do Estado, com produção estimada em cerca de 1,7 milhão de sacas, ou 3,5% da safra nacional. O risco é baixo para as áreas produtoras de café de São Paulo e de Minas. “Mas é preciso acompanhar as previsões nos próximos dias”, diz ele.
A Climatempo informa que o sol reaparece na quarta-feira no Paraná, mas a colheita ainda deve ficar parada por causa das chuvas nos últimos dias. A meteorologia alerta para o resfriamento intenso e risco de geada entre amanhã (24) e 25 de julho. Em São Paulo, o frio deve se intensificar especialmente no oeste e sul do Estado, com previsão de geada no centro-oeste, no sul e no leste paulista. Em Minas, não há previsão de ocorrência do fenômeno, mas “colheita fica prejudicada nos próximos dias por causa das chuva”, informa a Climatempo.
Os fundos de investimento já cobriram um bom volume de posição vendida diante da incerteza climática, mas ainda há espaço para liquidação. Na semana encerrada em 16 de julho, os fundos estavam com saldo líquido vendido de 30.104 lotes, em comparação 34.082 lotes em 9 de julho, considerando futuros e opções.
A expectativa é de que as cotações do café devem voltar a ceder, passado o período de risco climático. Conforme Kamia, a tendência é de recuo das cotações no médio prazo, considerando a perspectiva de aumento da oferta. Segundo ele, o que se tem observado é que os ralis de alta têm encontrado vendas de café.
Na Bolsa de Londres (Euronext Liffe), os contratos futuros de robusta cederam ontem, ajustando o diferencial de preços entre o café negociado em Nova York e Londres, depois da forte queda do arábica na sexta-feira. O potencial de alta dos contratos diminuiu, já que os fundos de investimento reduziram a posição líquida vendida nas últimas sessões. Conforme Kamia, o mercado acompanha agora a evolução dos prêmios para o café nas origens, como Vietnã. Uma diminuição dos prêmios vai sinalizar a disponibilidade do grão no país asiático.
Pelos gráficos, o mercado de arábica mostra sinais positivos de curto prazo, encerrando acima da média móvel de 9 dias, a 124 cents. Ontem os contratos trabalharam no terreno positivo ao longo de toda a sessão.
O contrato futuro de café para setembro/13 na ICE acabou encerrando em alta de 3,80% (485 pontos), a 122,70 cents. A máxima foi de 125,70 cents (mais 300 pontos). A mínima foi de 122,60 cents (10 pontos acima do fechamento anterior).
Entre outras notícias, a Comissão Nacional de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defendeu na semana passada um programa de opções públicas de venda como único instrumento capaz de recuperar o setor. Na próxima quinta-feira, haverá reunião do Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC), quando o assunto deverá voltar a ser discutido .
Os preços internos avançaram 0,7% no dia, com o indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6, bebida dura, posto na capital paulista, fechando a R$ 292,28/saca de 60 kg. A moeda norte-americana fechou a R$ 2,236, desvalorização de 0,13%.
O indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 255,75/sc de 60 kg, recuo de 0,21% em relação à sexta. O tipo 7/8 bica corrida fechou a R$ 248,40/sc, baixa de 0,24% no mesmo período – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.