Café da terra
São Paulo, 22/08/2013 – O fortalecimento do dólar no mundo provoca sucessivos fechamentos negativos do mercado futuro de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Ontem os contratos cederam pelo quinto pregão sucessivo, acumulando desvalorização de cerca de 6,5% no período.
A valorização da moeda dos Estados Unidos aumenta a remuneração do café brasileiro em reais, reduzindo os efeitos da queda dos preços futuros. Esse movimento atrai vendas de origem, abrindo espaço para queda em Nova York.
O banco holandês Rabobank, em relatório sobre commodities agrícolas para o trimestre de agosto a outubro deste ano, informa que o espaço para quedas mais acentuadas dos preços do café é limitado, mas existem riscos. “Um deles seria uma desvalorização mais pronunciada do real”, como ocorre atualmente, informa o banco.
Ontem à tarde, o dólar à vista no balcão superou os R$ 2,44, em reação à divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Analistas informaram que o documento sugere que a retirada dos estímulos do Fed está, de fato, a caminho, o que dá força à demanda pela moeda americana em todo o mundo.
Outra fator de baixa citado pelo Rabobank é uma possível revisão para cima da safra 2013/14 na Indonésia, que é o terceiro maior produtor de café robusta do mundo. No entanto, a safra da Indonésia tem enfrentado impacto climático, com pesadas chuvas. O banco atenta, ainda, para uma possível aceleração das vendas de robusta pelo Vietnã, “já que os produtores provavelmente ainda carregam estoques da safra 2012/13″.
Os contratos futuros de robusta na Bolsa de Londres (Euronext Liffe) corrigiram as perdas e fecharam em forte baixa ontem. O mercado aguarda a divulgação hoje do nível do estoque na Liffe, cuja expectativa é de queda, o que pode contribuir para sustentar um pouco o mercado de robusta.
Hoje é o primeiro dia de notificação de entrega do contrato setembro/13 na ICE. Foram notificados 57 lotes da ABN Amro. Do total, Newedge recebeu 43 lotes, Jefferies Bache (8 lotes), Morgan Stanley (3), FC Stone (2), e ADM (1).
O contrato futuro de café para dezembro/13 acabou encerrando em baixa de 1,39% (menos 165 pontos), a 117,15 cents. A mínima foi de 117,05 cents (menos 175 pontos). A máxima foi de 119,70 cents (mais 90 pontos).
O mercado físico voltou a ficar lento ontem, como no dia anterior, por causa da queda dos contratos futuros na Bolsa de Nova York. Mesmo com o fortalecimento do dólar em relação ao real, o vendedor não se anima a fazer negócios, informa corretor de Santos (SP). O comentário na praça de Santos é que café tipo 6, com 15% de catação, safra 2013/14, está cotado nominalmente entre R$ 290/R$ 295 a saca.
Os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) informam que o real voltou a se desvalorizar consideravelmente em relação ao dólar ontem, o que limitou novas quedas nos preços da variedade no físico brasileiro. O indicador Cepea/Esalq do tipo 6, bebida dura, posto na capital paulista, fechou a R$ 284,06/saca de 60 kg, ligeiro avanço de 0,2% em relação ao dia anterior. O dólar ficou em R$ 2,436, aumento de 1,75% na mesma comparação.
O indicador Cepea/Esalq do robusta, tipo 6, peneira 13 acima, fechou a R$ 255,25/sc de 60 kg, baixa de 0,6% em relação ao dia anterior. O tipo 7/8 bica corrida fechou a R$ 248,25/sc, pequeno aumento de 0,1% na mesma comparação – ambos à vista e a retirar no Espírito Santo.
Fonte : Agência Estado / Broadcast