café caiu até 6,45% nas bolsas de mercadorias e futuros

Publicação: 17/08/07

17 de agosto de 2007 | Sem comentários Cotações Mercado
Por: O ESTADO DE S. PAULO

Preços de commodities desabam


Cotação de produtos como o café cairam até 6,45% nas bolsas de mercadorias e futuros


 


Fabíola Salvador e Alexandre Inácio


As principais bolsas de comercialização futura de produtos agrícolas fecharam com forte queda ontem. As cotações do café caíram 6,45% para os contratos com vencimento em dezembro. As do algodão caíram 4,9% e as da soja, 4,6%. Mas o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, avaliou que os agricultores brasileiros não serão prejudicados pela crise no mercado financeiro.


Stephanes disse que a grande maioria dos produtores já havia vendido a safra e fechado os contratos de câmbio. Aqueles que venderam e não fecharam o câmbio (estão numa posição) ótima porque vão fechar o câmbio mais alto, afirmou.


Para o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, poucos produtores vão se beneficiar da alta do dólar, que fechou ontem em R$ 2,092. Esse momento de alta precisaria perdurar por muito tempo para beneficiar os agricultores, disse.


O ministro comentou também a situação dos produtores que não tinham vendido a safra nem fechado o câmbio. Os que não tinham feito nada não estariam perdendo; eles estariam num pequeno movimento positivo, pois a queda (dos preços) foi menor que a valorização do dólar, avaliou.


Para o ministro, um movimento especulativo foi responsável pela forte queda dos preços futuros e a expectativa é de normalização nos próximos dias. Segundo ele, quem comprou contratos agrícolas para vender na alta ficou com receio e optou pela venda no pregão de ontem.


O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, diz que ainda é cedo para fazer novas previsões sobre o cenário. Precisamos esperar o mercado se equilibrar novamente, disse. Vamos operar com câmbio maior, é verdade, mas o cenário é de um mundo mais contraído.


REPERCUSSÃO


Gilberto Gil Ministro da Cultura “Essas crises passageiras refletem o crescimento da economia do imaterial”


José Alencar Vice-presidente da República “Aqueles que aplicam em bolsa sem consciência, quase que como um jogo, são os maiores responsáveis (pela crise)”


Sandra Rios Diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento “Se podemos ter bom desempenho sem acordo comercial, por que fazer acordo? Tenho a impressão de que vamos ver isso agora”


Armando Monteiro Neto Presidente da Confederação Nacional da Indústria “Os empresários brasileiros não estão alarmados, mas não subestimam as quebras que podem vir dessa situação”


Cosan mantém emissão de ações e capta US$ 1 bi


Agnaldo Brito


O Grupo Cosan, maior processador de cana-de-açúcar do País, enfrentou ontem a turbulência dos mercados e manteve uma emissão inicial de 100 milhões de ações nas bolsas de valores de Nova York e de São Paulo. A Cosan Limited – nova empresa do grupo com sede em Bermudas – captou US$ 1,050 bilhão. O papel foi colocado no mercado a um valor de US$ 10,50.


Os planos do grupo era conseguir emissão de US$ 1,5 bilhão a US$ 1,75 bilhão. mas suas ações sofreram forte desvalorização . No fim de julho, eram cotadas na Bovespa a R$ 32,50. Ontem, valiam R$ 23,15


Analistas já contam com corte de juro mais modesto


Célia Froufe e Vinícius Pinheiro


A turbulência nos mercados financeiros globais será um ingrediente a mais para o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir o ritmo de corte da Selic na reunião de 4 e 5 de setembro para 0,25 ponto porcentual. A avaliação é do economista da equipe de América Latina do Morgan Stanley, Marcelo Carvalho. Segundo ele, essa possibilidade já existia antes da turbulência, mas a aposta no corte de 0,5 ponto não era desprezível.


Carvalho lembrou que, mesmo antes do início da onda de volatilidade, os diretores do B C já indicavam a preferência por uma redução do ritmo de corte. Primeiro, por causa do placar de votação do Copom, que passou de 5 a 2 para 4 a 3 na última reunião – sempre a favor do corte de 0,5 ponto. Depois, porque a ata desse último encontro já apresentou um tom mais cauteloso. A discussão era sobre quando a redução do ritmo de corte passaria a ocorrer.


O economista do Morgan disse que não espera uma alteração radical do quadro econômico do Brasil. Segundo ele, tanto os núcleos quanto as expectativas do mercado para este e o próximo ano sugerem que os indicadores de preço seguirão abaixo do centro da meta de 4,5%. Ele mantém a previsão de que, até dezembro de 2007, haverá três cortes de 0,25 ponto, reduzindo a Selic a 10,75%.


Para Ricardo José de Almeida, professor do Ibmec São Paulo, o agravamento da crise nos mercados financeiros reforça o argumento de redução no ritmo ou até da interrupção do processo de cortes de juros. Mesmo que a situação se acalme até a próxima reunião, o BC não terá tempo suficiente para determinar os impactos do ajuste.


Almeida não vê a elevação do dólar como crítica, mas reconheceu que, mantido o nível atual, a possibilidade de haver pressões inflacionárias é grande. O professor classificou a atual turbulência nos mercados como uma caixa-preta. Diferentemente das crises anteriores, que atingiram diretamente um determinado país, dessa vez os problemas vêm das instituições privadas. 

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