Café cai nesta Terça em Nova York devido ao dólar, mas cenário se mantém altista

As vendas generalizadas nos mercados de commodities, estimuladas pela alta do dólar, fizeram com que os futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerrassem esta terça-feira com baixas.

No encerramento do dia, o dezembro apresentou baixa de 260 pontos, com 143,65 centavos de dólar por libra peso, com a mínima em 143,65 e a máxima em 146,15 centavos por libra, com o março aferindo uma perda final de 270 pontos, com a libra a 143,90 centavos, sendo a máxima em 146,50 e a mínima em 143,60 centavos de dólar. Na Euronext/Liffe, a posição janeiro teve baixa de 22 dólares, com 1.355 dólares por tonelada, ao passo que o março apresentou desvalorização da ordem de 21 dólares, com 1.388 dólares por tonelada.

O café recuou das altas da segunda-feira, quando atingiu os melhores níveis em sete semanas, devido às preocupações com a oferta mundial do grão. Especuladores entraram vendendo no café e em outras commodities baseadas no dólar, aproveitando a valorização da moeda norte-americana. Commodities com o petróleo, os metais e os softs fecharam a terça com perdas.

“As quedas no café foram basicamente devido às altas do dólar”, disse Jimmy Tintle, analista da Transworld Futures, em Tampa. No entanto, analistas internacionais continuam apontando que o cenário fundamental é altista para o produto. “Tudo o que está ao redor do café é bullish (altista)”, sustentou Tintle.

A fraqueza na disponibilidade do grão por parte do maior produtor mundial, o Brasil, o atraso na safra dos países da América Central e a expectativa dse produção menor do Vietnã e da Colômbia dão sustentação às cotações.

Os fundos estão ampliando as suas posições compradas em Nova York  e poderão  se mover especialmente no contrato Março de 2010, visando direcionar esse contrato acima dos 148,00 centavos, disse Rogrigo costa, diretor de vendas institucionais da Newedge USA, em Nova Iorque. Para ele, o mercado está inserido num range entre 140,00 e 150,00 centavos.

Os preços do café deverão subir nas próximas semanas, diante da incerteza quanto a disponibilidade de café arábica e robusta em países produtores chave, sustentou o Commerzbank, em comunicado emitido nesta terça-feira.

Um déficit global de café pode ser verificado, por conta dos problemas climáticos, afirmou o diretor executivo da OIC (Organização Internacional do Café), Néstor Osorio. A oferta no ano iniciado em 1 de outubro ficaria em 125 milhões de sacas, ao passo que o consumo está estimado em 132 milhões de sacas. No ano anterior, a produção foi de 128 milhões de sacas e a demanda esteve em 130 milhões de sacas. A queda na produção seria decorrente das fortes chuvas observadas no Brasil, Vietnã e Colômbia, ao passo que o consumo doméstico nas nações produtoras também cresceu, o que faz com que a disponibilidade se torne mais curta e um impulso aos preços seja dado.

Os cafés suaves, muito usados, por exemplo, pela Starbucks, teve um reajuste de 30% neste ano, ao passo que os robustas tiveram desvalorização de 12%. “O clima é errático e janeiro e fevereiro serão meses cruciais para a safra do Brasil e do Vietnã”, disse Osorio em um evento na cidade vietnamita de Ho Chi Min.

As exportações de café do Brasil em agosto atingiram 2,3 milhões de sacas, de acordo com dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). O volume aferido é menor que o registrado em outubro e “a expectativa é que os números dos embarques seja menor nos próximos meses”, apontou a entidade.

As exportações de café do Brasil em dezembro, até o dia 7, somaram 100.698 sacas, contra 288.862 sacas do mesmo período de novembro, também de acordo com o Cecafé.

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram aumento de 4.542 sacas, indo para 2,196 milhões.

Os contratos em aberto na bolsa nova-iorquina subiram 4.434 lotes e totalizam 119.028. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 14.183 lotes, com as opções tendo 3.245 calls e 1.847 puts.

O março na ICE Futures US tem suporte em 143,60-143,50, 143,30, 143,10-143,00, 142,80, 142,65, 142,50 e 142,30 centavos de dólar por libra peso, com a resistência em 146,50, 146,70, 146,90-147,00, 147,15, 147,30, 147,50, 147,70 e 147,90-148,00 centavos por libra.