Café busca consumidor atento a causa social

Empresas pagam mais a agricultores para ter produto diferenciado, com certificação que legitima padrões éticos

18 de outubro de 2005 | Sem comentários Produção Sustentabilidade
Por: ALAN BEATTIE DO FINANCIAL TIMES

Foi um momento de profundo simbolismo, quando a gigante dos alimentos Nestlé reverteu sua já antiga resistência a pagar aos agricultores preços superiores aos de mercado para lançar um café instantâneo com o rótulo “fair trade” [comércio justo] na semana passada.

Mas, embora a marca “Fairtrade” esteja em uso em dezenas de produtos diferentes, não se trata da única certificação que legitima os padrões éticos, para ajudar empresas a vender seus produtos aos consumidores mais preocupados com as causas sociais.

O certificado “Fairtrade”, administrado pela Fairtrade Labelling Organisations International, está em uso em 20 países. Mas, para determinados produtos, entre os quais está o café
, um mercado de alta visibilidade, as empresas podem optar além disso por um certificado da Rainforest Alliance, sediada em Nova York.

As duas organizações, ambas sem fins lucrativos, têm por objetivo garantir aos agricultores um preço superior ao de mercado. A Rainforest Alliance tem metas mais amplas de promoção de sustentabilidade ambiental, social e econômica. Ainda que garanta que as fazendas que fazem parte de sua rede cumprem padrões básicos de proteção ao trabalhador, não há uma garantia de preços.

Para empresas e agricultores igualmente, os preços relativos de adesão aos esquemas dependem do preço de mercado do café
. A Fairtrade Foundation garante aos agricultores (e cobra dos produtores) cerca de US$ 2,70 por quilo de café arábica de qualidade mais elevada, e US$ 2,30 pelo robusta, de menor qualidade, se os preços de mercado estiverem abaixo desse patamar, ou um ágio de 5% por quilo caso estejam acima.

A Kraft Foods, que lançou um produto com o rótulo “Desenvolvimento Sustentável” sob sua marca Kenco, no ano passado, diz que paga entre 22 e 27 centavos de dólar por quilo acima do preço de mercado do momento, por seus grãos de café
certificados pela Rainforest Alliance.

Se os preços caírem abaixo do mínimo fixado pela Fairtrade, como aconteceu em várias ocasiões ao longo dos últimos anos, o processo de certificação da Rainforest Alliance pode sair mais barato para a empresa compradora.

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