Maiores desafios do brasil, a gestão de resíduos virou lei. Conheça algumas companhias que saíram na frente e criaram projetos que aliam sustentabilidade econômica e social Rosenildo Gomes Ferreira
As 50 empresas do Bem
E a mola propulsora é a Lei de Resíduos Sólidos (12.305/2010). Em linhas gerais, ela obriga todas as companhias a montar um esquema para recolher e dar destino correto aos insumos gerados por sua atividade. Em outras palavras, a chamada logística reversa.
Apesar de chegar atrasado nessa corrida países como Estados Unidos, Japão e Alemanha adotaram dispositivos semelhantes a partir da década de 1970 , o governo brasileiro espera recuperar o tempo perdido. Nossa lei é baseada nas últimas diretrizes da União Europeia, diz Silvano Silvério da Costa, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
Mas, antes mesmo da vigência completa da lei, prevista para 2016, diversas empresas vêm desenvolvendo mecanismos para obter dividendos da gestão correta de seus resíduos. E isso inclui todos os setores. Do bancário à confecção, passando pelos fabricantes de eletroeletrônicos. Em sua edição 2011 de “As 50 Empresas do Bem”, a DINHEIRO lança luzes sobre alguns exemplos marcantes nesta área. Não se trata de um ranking, mas sim de uma seleção de iniciativas voluntárias que surpreendem pela criatividade e pelo compromisso com a sustentabilidade. Tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.
Energia
1 – Sabesp
Oito fábricas do setor químico, instaladas em Mauá, na Grande São Paulo, vão começar a receber água de reúso para uso industrial, tratada na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Sabesp, no bairro de Heliópolis, zona sul da capital. A água sairá dos reservatórios da empresa de saneamento básico e chegará por meio de uma tubulação de 17 quilômetros de extensão até o complexo empresarial.
Diferentemente da água para beber, o insumo para fins industriais é utilizado para lavar maquinários, chão de fábrica ou para geração de vapor utilizado no processo fabril. As empresas ainda compram água potável para uso industrial, diz o engenheiro Guilherme Paschoal, diretor da Aquapolo Ambiental, uma sociedade da Sabesp com a Foz do Brasil, empresa do grupo Odebrecht, criada para atender o polo petroquímico de Mauá.
Além de ser ambientalmente responsável, o insumo reciclado custará bem menos para as empresas: em vez de R$ 10 o metro cúbico (preço da água para consumo), as empresas vão gastar R$ 3 por metro cúbico. Com a adição de produtos químicos, a qualidade fica excelente, só não pode ser consumida por ausência de minerais, afirma Paschoal. A Aquapolo está investindo R$ 253 milhões no projeto, que entrará em operação em julho do ano que vem.
2 – Marfrig/Seara
Em meados de 2010, a Seara Alimentos, do grupo Marfrig, iniciou o processo de troca do combustível utilizado em suas caldeiras industriais. Nas fábricas de Jacarezinho, (PR) e de Criciúma (SC), o óleo BPF, derivado do petróleo, foi substituído por um óleo vegetal feito à base de resíduos de soja.
Com isso, a empresa substituiu um combustível fóssil por outro renovável e ecologicamente correto. A previsão é de que mais cinco plantas de São Paulo e de Mato Grosso do Sul passem a utilizar o produto até o final de 2012. A velocidade da implementação do projeto nessas unidades depende de dois fatores: encontrar os fornecedores adequados dos resíduos do grão e empresas que transformem essa matéria-prima em bióleo.
Temos mais de 50 plantas no Brasil e a maioria já utiliza soluções sustentáveis como combustível, diz Clever Ávila, diretor de desenvolvimento industrial e sustentabilidade do grupo Marfrig. Além da soja, biomassa de cana e de eucalipto são as outras fontes utilizadas. Segundo Ávila, a empresa levou um ano e meio para desenvolver a tecnologia do bióleo.
3 – McDonald’s
O mesmo óleo que frita as batatas, nuggets e tortinhas do McDonald’s vai movimentar os veículos que levam os alimentos às unidades da rede de fast-food em São Paulo. A Arcos Dourados, que controla a rede americana de lanchonetes na América Latina desde 2007, e sua operadora logística Martin-Brower passaram os últimos 18 meses desenvolvendo e testando um projeto para reutilizar o óleo de fritura no transporte e permitir a economia de combustíveis.
O projeto-piloto abrange dez unidades em São Paulo, abastecidas pelo centro de distribuição em Osasco (SP), responsável por 70% dos insumos. Os parceiros são a Volkswagen e as fabricantes de motores Cummins e MWM International, que produziram quatro veículos com 20% de biodiesel e um veículo capaz de rodar apenas com o combustível sustentável.
Após um ano de testes, percebemos que os caminhões com 20% de biodiesel consumiram apenas 5% mais do que os alimentados por diesel comum, afirma Celso Cruz, diretor da cadeia de suprimentos da Arcos Dourados. Ficou dentro do esperado porque, embora o biocombustível tenha menor poder calórico, por ser mais barato que o diesel, ainda traz recompensa econômica.
O processo de transformação do óleo em biodiesel acontece em uma usina em Sumaré, no interior de São Paulo. Com o projeto-piloto aprovado, a empresa estuda, no momento, a ampliação da iniciativa.
Está sendo avaliado quantas das 620 lojas da rede poderão adotar a prática e se ela será expandida para o Nordeste, onde existe um centro de distribuição no Recife. No futuro, o McDonald’s pretende substituir, com biocombustível, dois milhões do total de cinco milhões de litros anuais de diesel consumidos pelos caminhões da Martin-Brower.
4 – Solví
Aos olhos da maioria da população, os aterros sanitários não passam do destino final do lixo doméstico produzido diariamente. A partir da introdução de novas tecnologias, porém, esses depósitos estão deixando de ser sinônimo de poluição. Administradora de oito aterros na região Sul, a Solví apresenta hoje uma das melhores experiências de redução de impactos ao meio ambiente em sua unidade de São Leopoldo (RS), onde são processadas 130 toneladas de lixo por dia.
Desde 2007, a empresa adota um processo de evaporação do chorume, um líquido negro e tóxico resultante da decomposição do lixo. Para gerar o calor necessário, a Solví, subsidiária do grupo Veja, capta o metano um gás combustível gerado pelo aterro e o canaliza para um evaporador.
A cada dia, 18 metros cúbicos de chorume são evaporados, num processo limpo que libera vapor para a atmosfera e deixa apenas 2% de resíduos sólidos, que são devolvidos ao aterro. Já fazíamos o tratamento do chorume, que agora está sendo queimado em condições adequadas, eliminando qualquer risco de contaminação, diz Idacir Pradella, gerente operacional da regional sul da Solví.
A experiência deu tão certo que será replicada no aterro da cidade gaúcha de Giruá. Serão investidos R$ 2 milhões no sistema, que reduzirá de oito para dois o número de tanques de contenção do chorume.
5 – Embaré
A empresa mineira de laticínios Embaré resolveu gerar a sua própria energia. E fez isso por meio do tratamento de suas sobras industriais. Desde 2008, a estação de tratamento localizada no município de Lagoa da Prata, a 200 quilômetros de Belo Horizonte, conta com um gerador que permite a queima do gás metano, gerando 1,3 quilowatt (KW) de energia diariamente.
Dessa forma, a empresa economiza R$ 15 mil mensais, que antes eram gastos com a conta de luz. Futuramente, a Embaré pretende acrescentar mais um gerador no local, que permitirá também fornecer energia para o clube dos seus funcionários, localizado perto da estação.
Esse projeto consumiu investimentos de R$ 5,5 milhões. Outra iniciativa é o tratamento do líquido que resta da produção de leite em pó e de outros produtos lácteos fabricados pela empresa. Tratamos a água extraída do leite e a devolvemos limpa à natureza, diz Hamilton Antunes, vice-presidente de gestão e finanças da Embaré.
6 – Monsanto
A Monsanto, produtora de sementes e defensivos agrícolas que se tornou sinônimo de alimentos geneticamente modificados, já foi vista com desconfiança pelos ambientalistas, devido à polêmica em torno dos transgênicos. Para reverter essa imagem negativa e revigorar sua marca, a empresa americano resolveu apostar na sustentabilidade.
Um dos projetos nessa área utiliza um plástico reciclável, denominado Ecoplástica Triex, proveniente de galões de defensivos agrícolas em parte das embalagens de 20 litros de sua linha de herbicidas.
Com a utilização de cada embalagem, a Monsanto contribui para reduzir a emissão de 3,6 kg de CO² na atmosfera, o que representa cerca de 45% menos na comparação com outros recipientes. Por meio do processo de reciclagem e transformação, para cada 100 bombonas Ecoplástica Triex fabricadas, duas árvores deixam de ser cortadas ou um barril de petróleo é economizado.
Essa é uma ação não apenas ambiental, mas econômica, em sintonia com nossa filosofia de negócios, diz Leonardo Mattos, gerente-geral da unidade da Monsanto em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A economia gerada para a Monsanto chega a 13% nos custos de produção das embalagens. A intenção agora é ampliar o uso do Ecoplástica Triex em recipientes de tamanhos variados. Para isso, a empresa já trabalha na criação de novos moldes.
7 – Vale
Olha, olha o trem. Ele vem surgindo por trás das montanhas azuis movido com uma mistura chamada de B20 (20% biodiesel e 80% de diesel comum), acima do estipulado pela legislação brasileira.
Esse é o projeto da paraense Biopalma da Amazônia, cujo controle foi assumido em janeiro pela Vale, que pagou R$ 173,5 mi-lhões por uma fatia de 70% do capital. A companhia, que começa a produzir biocombustível neste ano, usará o óleo de palma para alimentar a frota de locomotivas, máquinas e equipamentos de grande porte da maior mineradora brasileira.
Do ponto de vista ecológico, trata-se de uma energia renovável. Optamos pela palma, pois é a cultura que tem a maior produtividade de óleo vegetal por área plantada, diz Ivo Fouto, presidente interino da Biopalma.
A Biopalma possui seis polos em implantação na região do Vale do Acará e Baixo Tocantins, no Pará. Até 2019, o objetivo é atingir uma produção anual de 500 mil toneladas de óleo de palma, que será depois transformado em biocombustível. A empresa vai também apoiar os pequenos produtores. Em projeto-piloto, que teve início em 2010, 24 famílias já começaram a plantar a palma. Neste ano, mais 100 famílias vão ser incorporadas ao programa.
8 – Petrobras
Uma iniciativa que começou no Com-plexo Petroquí-mico do Rio de Janeiro, em Ita-boraí, será levada para todas as operações da Petrobras. Trata-se da Agenda 21, que propõe a formação de fóruns municipais de debates, unindo a empresa à iniciativa pública e aos representantes das comunidades envolvidas.
Trata-se da nossa mais moderna ferramenta de relacionamento da Petrobras com as comunidades, diz Ricardo Frosini, diretor da Petrobras, responsável pela Agenda 21. Entre as propostas do programa se destacam o cuidado com o saneamento básico e a preservação ambiental.
Na prática, as ações previstas pela Agenda 21 devem ser implementadas pelos governos locais, regionais e nacionais, em articulação com os demais setores, como ONGs. Nesse processo, a Petrobras atua apenas como um fomentador dos debates, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico das populações que vivem próximas às unidades. Após um diagnóstico do município, ajudamos a elaborar um planejamento, com foco no desenvolvimento sustentável, afirma Frosini.
9 – Souza Cruz
Praticamente não há cestos de lixo na fábrica da Souza Cruz, em Uberlândia (MG), uma das duas unidades industriais da empresa. Ou melhor, há cestos, mas o que eles coletam não é lixo. Não existe lixo, mas um insumo que não foi aproveitado, diz Jorge Augusto Rodrigues, gerente de meio ambiente da Souza Cruz.
Com a intenção de aproveitar ao máximo tudo o que entra na empresa, a unidade iniciou em 2000 um programa para reciclar pó de fumo e outros resíduos resultantes da produção do cigarro. Naquela época, eram enviados para o aterro sanitário 40% dos resíduos.
No ano passado, o reaproveitamento foi de 99,6%, o que rendeu à unidade de Uberlândia o prêmio Benchmarking Ambiental Brasileiro e uma economia de R$ 225 mil. Este ano, o aproveitamento deve subir para 99,9%. Das 7.155 toneladas de resíduos, apenas 40 toneladas devem seguir para aterros sanitários.
O resultado foi obtido por meio de uma parceria com a Conspizza, empresa de soluções ambientais que recolhe materiais como pó de fumo, lodo do tratamento de esgoto, cascas de lenha usadas na geração de vapor, sem custos para a empresa, e utiliza o material em usinas de compostagem. O resultado é, então, vendido como adubo a outras empresas.
Embalagem
10 – Copel
A concessionária de energia elétrica paranaense Copel foi a primeira a comprar, de forma organizada e por meio de contratos de longo prazo, energia gerada por criadores de suínos.
Os dejetos desses animais são um potente poluidor de cursos d’água na re-gião Sul, especialmente no Paraná. Mas, graças à instalação de biodigestores, esses insumos estão se tornando uma fonte de lucro para os fazendeiros e de energia elétrica limpa para a sociedade.
Em um processo anaeróbio, o material orgânico é convertido em gás metano, utilizado para movimentar turbinas de geração de energia para uso próprio dos criadores de suínos. A potência de energia disponível é de 524 KW, capaz de iluminar 100 moradias de padrão médio.
A Copel firmou com os produtores rurais seis contratos para a compra dos excedentes de eletricidade. O objetivo da experiência é fornecer elementos para a formulação de um programa nacional de geração de energia distribuída que aproveite, de forma racional e produtiva, os recursos naturais disponíveis.
Essas unidades de biodigestão são, na verdade, pequenas centrais geradoras descentralizadas, diz Francisco José de Oliveira, gerente de energias renováveis da Copel. Ao final do processo, os dejetos já livres do gás metano podem ser usados como adubo de primeira linha pelos agricultores.
Embalagem
11 – Baram
De cada 24 toneladas de entulho moído, é possível construir uma casa de 52 metros quadrados. Foi com essa estatística em mente que Josely Rosa, diretor do grupo gaúcho Baram, especializado em oferecer equipamentos e soluções sustentáveis com foco na construção civil, desenvolveu uma máquina de moer resíduos de construção e demolição o popular entulho. Mais de 60% desse material é descartado irregularmente. A aceitação da máquina foi boa, mas o mercado queria mais, diz Rosa.
Essas são apenas algumas das iniciativas voltadas à sustentabilidade do grupo Baram. Ao longo de onze anos, a companhia, que faturou R$ 75 milhões em 2010, apostou nessa área. O primeiro projeto foi o de um tapume ecológico feito com sacolas plásticas, utilizadas principalmente em supermercados, e com o papel revestido com camada de alumínio do interior de embalagens de alimentos.
A vantagem é que o tapume tem durabilidade superior a dois anos, afirma Rosa. Segundo ele, os tapumes ecológicos são utilizados em 3,8 mil obras. Atualmente, o grupo, que já exporta para Venezuela, Bolívia, Chile e países da África, está em negociação para vender no mercado chinês. No Brasil, o Baram tem representação em nove Estados.
12 – Nestlé
Se você encontrar alguém passeando com uma bolsa parecida com um chocolate Suflair, saiba que se trata de uma iniciativa da Nestlé para dar um fim digno para as suas embalagens projeto que nasceu de uma ideia do empreendedor americano da sustentabilidade Tom Szaky e da sua empresa, TerraCycle.
Voltada a dar uma finalidade a produtos mais dificilmente recicláveis, a TerraCycle encontrou na Nestlé sua principal parceira no Brasil. Com apenas cinco meses de existência, o projeto já atraiu 580 brigadas de coleta, normalmente organizadas em condomínios. O objetivo é ampliar o número de grupos de reciclagem em 20% por ano, diz Marco Bassani, gerente de marketing de chocolates da Nestlé.
Assim que cada um deles acumula, pelo menos, 100 embalagens, a Nestlé recolhe os resíduos. A TerraCycle paga R$ 0,02 por peça, valor que é direcionado para uma ONG escolhida pelo próprio consumidor. A confecção da bolsa fica por conta de ONGs e cooperativas. Por enquanto, os volumes ainda são baixos. Até agora, foram coletadas 85 mil embalagens, que embrulharam 3,4 toneladas de chocolate. Com isso, a TerraCycle doou R$ 1,8 mil.
13 – Pão de Açúcar
O maior grupo de varejo do Brasil, o Pão de Açúcar, foi um dos pioneiros no Brasil no uso de práticas de sustentabilidade. Além dos chamados três Rs reduzir, reutilizar e reciclar a companhia colocou na equação mais três elementos: conscientizar, engajar e educar.
Elegemos três públicos-alvo para levar esta estratégia a cabo: os clientes, os colaboradores e os participantes da cadeia de valor, como fornecedores e provedores de soluções, afirma Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do grupo. A rede varejista lançará oficialmente um programa no Dia do Meio Ambiente, em junho, destinado a estimular os consumidores a reduzirem a utilização de sacolas plásticas em prol das retornáveis.
A questão básica deste programa é a educação, diz o executivo. Para ele, o problema não são as sacolas plásticas em si, mas sim a forma como os consumidores a descartam. Serão concedidos pontos a clientes que utilizarem sacolas retornáveis, que poderão ser trocados por produtos.
O grupo também está investindo em projetos-piloto de energia alternativa para suas lojas, como eólica e solar. Trata-se de um complemento ao bem-sucedido experimento com biomassa. Ao todo, 56 lojas Extra são alimentadas por energia negociada no mercado livre, vinda de biomassa, afirma Bethlem.
14 – Natura
Presente em mais de 15 países, com faturamento de R$ 5,1 bilhões em 2010, a Natura é uma empresa conhecida por ter a sustentabilidade em seu DNA. E uma das principais referências da empresa nessa área é o programa de Logística Reversa, que compreende uma série de estudos e ações para monitorar o ciclo de vida das embalagens recicláveis de seus cremes, xampus e maquiagens. O projeto consiste em utilizar a logística já existente para retirar de circulação essas embalagens e materiais de divulgação já usados, para encaminhá-los à reciclagem.
Criada em 2007, a Logística Reversa da Natura recolheu, em quatro anos, 500 mil toneladas de resíduos em São Paulo, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Esse programa faz parte de uma série de ações para reduzir o impacto de nossos produtos ao meio ambiente, afirma Andressa de Mello, gerente de sustentabilidade da Natura.
Outro projeto importante é o Carbono Neutro, que tem como objetivo reduzir as emissões provenientes das atividades em toda a cadeia de negócios da empresa. Desde 2001 é feito um monitoramento a partir do método de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) dos produtos, que permite quantificar e mensurar os impactos ambientais. Uma das principais iniciativas, fruto desse programa, foi o desenvolvimento de embalagens de polietileno verde, produzido a partir da cana-de-açúcar 100% reciclável.
15 – Green Business
O empresário Guilher-me Brammer foi um dos pioneiros em transformar embalagens em produtos descolados. A TerraCycle, uma ONG americana que Brammer comanda no País, já possui acordos com gigantes como Nestlé, BR Foods e Quaker.
Agora, o executivo criou uma empresa de projetos e soluções de logística reversa: a Green Business. Atualmente, dois projetos estão em curso. O primeiro é um site chamado descola aí. A ideia é incentivar o empréstimo de produtos pouco utilizados, como furadeiras. Nos Estados Unidos, existem 50 milhões de furadeiras que são usadas, em média, por 6 a 13 minutos, diz Brammer.
No site, as pessoas poderão emprestar seus bens e receber um pequeno pagamento por isso. Os investimentos no empreendimento online serão de R$ 1 milhão e o retorno se dará por meio de porcentagens sobre os negócios realizados. Queremos evitar o consumo desnecessário, afirma Brammer.
O segundo projeto em curso, que deve receber quase o mesmo investimento, é de uma carpintaria verde. O objetivo é usar resíduos de fábricas de móveis na fabricação de outras peças, que serão assinadas por artistas e designers famosos. A mão de obra será formada por ex-detentos e pessoas de baixa renda. Apesar de parecerem projetos de ONGs, Brammer garante que a ideia é ganhar dinheiro com as iniciativas. É um investimento de risco, mas com alta lucratividade.
16 – Novelis
A Novelis, empresa americana de laminados de alumínio, é hoje uma das maiores recicladoras de latas de alumínio do Brasil. Originada após o desmembramento da unidade do grupo canadense Alcan, em 2005, e atualmente controlada pela indiana Hindalco, a companhia foi um dos principais motivos que levou Pinda-monhangaba (SP), onde está uma de suas unidades de produção de chapas e bobinas de alumínio, a ser batizada de Capital Nacional da Reciclagem do Alumínio.
Esse processo é parte fundamental do nosso modelo de negócios, afirma Alexandre Almeida, presidente da subsidiária brasileira da Novelis. É fácil de entender. O material reciclado é reutilizado na produção e hoje essa matéria-prima já responde por 55% das vendas da empresa.
No País, a Novelis elevou sua capacidade de reciclagem do material de 80 mil toneladas anuais em 2008 para 200 mil toneladas em 2010, com investimentos de US$ 15 milhões no ano passado. Segundo Almeida, o processo de reciclagem gera todo ano uma economia de energia de 300 MW, equivalente a uma usina hidrelétrica de médio porte. Atualmente, a companhia está montando oito centros de coleta de materiais no Brasil.
17 – O Boticário
Conscientizar vendedores, consultores e consumidores da marca sobre a importância da reciclagem das embalagens dos produtos, impedindo o descarte na natureza, é a missão do Programa Bioconsciência, colocado em prática pela empresa de cosméticos paranaense O Boticário.
Os consumidores levam as embalagens vazias a um coletor, instalado no interior das lojas credenciadas. Esses resíduos são enviados a empresas especializadas, que fazem a reciclagem da embalagem e sua reinserção como matéria-prima em diversos ciclos produtivos. Além de reduzir o impacto ambiental, o programa também beneficia comunidades que trabalham com reciclagem nas regiões de atuação da marca, diz Malu Nunes, gerente de sustentabilidade do Boticário.
Nos primeiros 18 meses do programa, que começou de maneira experimental em lojas do Recife (PE), Campinas (SP), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR), foram recolhidas 80 mil embalagens. Graças aos bons resultados obtidos, o Programa de Bioconsciência já está implantado em mais de 3 mil lojas de 1.550 municípios do País.
O Estado campeão de recolhimento de embalagens é São Paulo. Antes de a Política Nacional de Resíduos Sólidos entrar em vigor, O Boticário já havia implantado esse programa em 66% das suas lojas, afirma Malu.
18 – Merial Brasil
Assim como as pilhas não devem ser descartadas em lixo comum, embalagens de produtos de uso veterinário, como pipetas de antiparasitários e se-ringas para vermifugação, também precisam de destinação adequada. Para incentivar o correto descarte de embalagens e produtos veterinários para cães e gatos, a empresa de saúde animal Merial Brasil está promovendo o bom e velho escambo.
A cada quatro embalagens vazias do antipulgas Frontline devolvidas nas clínicas ou petshops credenciados, o cliente recebe um produto novo na troca. O projeto começou em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em meados de 2009. No começo de 2010, foi estendido para o Estado do Paraná.
A aceitação foi tão boa que o projeto já conquistou a adesão de distribuidoras e mais de 100 lojas. O engajamento, tanto das lojas quanto dos clientes, foi muito bom, afirma Luiz Luccas, diretor de operações da Unidade de Animais e Cia. Da Merial. Lançado juntamente com o programa de recolhimento de resíduos das clínicas veterinárias do Paraná, o projeto tem perspectiva de expansão para todas as regiões do País, ao longo dos próximos dois anos. As embalagens usadas dos medicamentos, que não podem ser recicladas e reutilizadas, de acordo com a legislação brasileira, são recolhidas pela Merial e incineradas.
19 – Bombril
O gerenciamento dos resíduos sólidos é um dos temas mais importantes da política de sustentabilidade da Bombril. Por isso, a companhia paulista participa ativamente do projeto Dê a Mão para o Futuro, desde 2009.
A ação faz parte do Movi-mento Limpeza Consciente, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos de Higiene Pessoal (Abipla), que conta com mais de 20 parceiros, entre pequenas, médias e grandes empresas.
O projeto, que começou no Rio de Janeiro em 2008 e hoje contempla também o Estado do Paraná, procura alternativas para equalizar as demandas ambientais levando em consideração também os aspectos sociais e econômicos, por meio da coleta das embalagens dos produtos, em parceria com cooperativas de catadores.
No Rio de Janeiro, a atuação da Bombril ocorre em seis municípios: Niterói, Barra Mansa, Teresópolis, Mesquita, Resende e região central do Rio de Janeiro e conta com a participação de dez cooperativas. No Paraná, o projeto original envolve 11 municípios e uma cooperativa. Até o momento, sete localidades assinaram o convênio: Jacarezinho, Apucarana, Umuarama, Telêmaco Borba, Cascavel, Foz do Iguaçu e Londrina.
Enquanto as entidades ficam responsáveis pela capacitação das associações ou cooperativas de catadores, o compromisso das prefeituras é implantar ou melhorar a coleta seletiva municipal. A iniciativa proporciona ainda o aumento da conscientização da população sobre a importância do consumo responsável e da cooperação com a separação do lixo.
20 – Philips
A Philips decidiu, em 2008, revisar todas as suas atividades de reciclagens de produtos de sua operação global. Como parte dessa estratégia, criou um projeto para que os consumidores possam dar o destino adequado a seus equipamentos inutilizados e, assim, contribuir para a redução do lixo eletrônico.
O programa está presente em mais de 30 países e consiste na coleta de todos os aparelhos da Philips, como televisores, cafeteiras e aparelhos de vídeo, entre outros, que os consumidores desejam aposentar. Chamado no Brasil de Ciclo Sustentável Philips, o programa começou com uma fase-piloto em Manaus, ainda em 2008, e foi expandido, em março de 2010, para 26 cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.
O projeto funciona da seguinte forma: pelo telefone ou site da empresa, o consumidor descobre onde há postos credenciados para coleta de equipamentos, que, exceto no caso de lâmpadas, pilhas e baterias, devem obrigatoriamente ser da marca Philips. Em seguida, encaminha até um desses locais o seu aparelho.
Os materiais recebidos são repassados à Oxil, parceira da Philips e responsável por desmontar e definir o destino final das peças que não serão reaproveitadas. Em um ano, o Ciclo Sustentável Philips coletou 130 toneladas de equipamentos, como tevês e liquidificadores. Devemos fechar 2011 com o recolhimento de 300 toneladas de aparelhos, afirma Walter Duran, diretor de sustentabilidade da Philips.
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