Nova classificação aproxima o café negociado do tipo mais comum usado para a exportação
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30/09/2010
Luiz Silveira
lsilveira@brasileconomico.com.br
A busca da cafeicultura por padrões de qualidade superiores chegou até os contratos futuros negociados na BM&FBovespa. A bolsa liquidou no último dia 22 o primeiro vencimento futuro de café com o padrão de qualidade 4-5, que substituiu café tipo 6 a partir do contrato de setembro de 2010. “O tipo 6 demandava um rebeneficiamento para chegar ao padrão de exportação”, explica o diretor de commodities da BM&FBovespa, IvanWedekin.
A classificação é medida pela quantidade de defeitos encontrados em uma amostra durante análises técnicas. A alteração foi feita em maio, a partir de demandas do próprio mercado de café. O objetivo é facilitar o uso dos preços do grão na bolsa como referência para operações comerciais. Isso porque, agora, os contratos futuros passarão a indicar diretamente o preço esperado para o café mais comum de exportação. “Quando o importador conhece o padrão que é negociado em bolsa, sente-se mais estimulado a usar esses contratos futuros”, avalia Wedekin.
Além disso, a elevação do tipo de café referenciado em bolsa tambémbarateia os custos logísticos de quempreferir fazer a liquidação física dos contratos futuros — ou seja, literalmente entregar o café na data de vencimento do contrato para um comprador, via bolsa. “Sem precisar beneficiar o café entregue via bolsa, já há exportador mandando o contêiner direto da cooperativa para o porto de Santos”, afirma Wedekin.
Historicamente, só cerca de 0,5% dos contratos de café são liquidados no mercado físico, mas atualmente é um momento de exceção. Aquele com vencimento em setembro 2010 teve 2,5 mil contratos sendo liquidados fisicamente, o segundo maior volume da história da bolsa paulista. O recorde de 4,5 mil contratos pertence a setembro de 2009.
Considerando que cada contrato é de 100 sacas, o laboratório da BM&FBovespa vai classificar 250 mil sacas de café neste mês. E, pela primeira vez, fará a classificação para o café tipo 4.5, e não mais o tipo 6. “Será o primeiro teste de liquidação física após a alteração do contrato, e logo em um momento de grande volatilidade de preços”, diz o diretor da Bolsa.
Em momentos de maior volatilidade, tende a crescer o número de contratos com liquidação física, explica Wedekin. Nos últimos quatro anos, apenas sete vencimentos futuros de café na BM&FBovespa superaram os mil lotes liquidados fisicamente.
BM&FBovespa Vai ao Campo atinge 12 mil
A bolsa paulista encerrou na última sexta-feira a edição de 2010 de seu programa de popularização de contratos agropecuários, o BM&FBovespa Vai ao Campo, totalizando 12 mil participantes desde sua criação, em 2008. “Já percebemos uma evolução no mercado de opções agropecuárias, por exemplo, que em grande parte resultam deste e outros projetos de popularização das ferramentas da bolsa”, afirma o diretor de commodities da BM&FBovespa, Ivan Wedekin. Segundo ele, os produtores rurais estão sendo cada vez mais levados à bolsa indiretamente, por meio das fornecedoras e tradings que negociam a produção deles nos mercados futuros. Neste ano foram seis cidades visitadas pelo programa, nas principais regiões agrícolas.