fonte: Cepea

Café bebida em ascensão

26 de junho de 2009 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: 26/06/2009 12:06:56 - Revista Panorama Rural

Deu-se início a colheita nacional do café. As lavouras do fruto em algumas regiões do País estão esperando para serem colhidas. Mas, as oscilações no mercado de commodities com variação das taxas cambiais e a queda nas exportações brasileiras de produtos agropecuários podem influenciar o comportamento do mercado cafeeiro? De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do café (Abic), Nathan Herszkowicz, a queda da economia mundial em nada afetou e nem afetará a nossa cafeicultura.


Segundo dados fornecidos pela própria associação, no primeiro quadrimestre de 2009, as vendas de café cresceram 14%, se comparadas com o mesmo período do ano passado. “É claro que esse nível de crescimento não vai se manter o ano todo, mas a Abic trabalha com a expectativa de 3% de crescimento no mercado de solúvel nos próximos meses”, diz. Para o diretor executivo da entidade, o mercado interno desses produtos vai muito bem, pois a popularidade do produto está crescendo cada vez mais no Brasil.


Lucas Ferreira, diretor do Departamento de café do Ministério da Agricultura, aposta todas as suas “fichas” no mercado interno para que o setor cafeeiro não desaqueça. “Estamos investindo na estimulação do consumo e no mercado interno, por meio de propagandas do setor e também de incentivos ao produtor rural a produzir cada vez mais”, explica.


Ferreira se refere às recentes propagandas veiculadas na mídia, cujo objetivo, segundo ele, é alcançar um público cada vez mais jovem, ou seja, a meta é atingir o público menor de 21 anos. Com relação ao incentivo da produção, já que os estoques brasileiros estão muito baixos, o fomento para o produtor, a que Ferreira se refere, seria os investimentos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira, Funcafé, que em 2009 deverá girar em torno de R$1,8 bilhão.


Exportações – Nathan Herszkowicz da Abic diz que o consumo e a produção nacional tende a aumentar, ajudado, também, pelas exportações de café solúvel e de grãos, que nos últimos quatro meses somaram 30 milhões de sacas enviadas para diversos países do mundo. “Alcançamos números de exportações que jamais sonhávamos, mas, é claro, que alguns países diminuíram suas importações, devido à crise internacional, como na Espanha, por exemplo”, afirma.


O executivo da Abic diz que para outros destinos, como os Estados Unidos e outros países da Europa, não houve oscilações nas vendas externas de café. No entanto, ele alerta que o volume de café solúvel para diversos países vem caindo acentuadamente, principalmente aqueles em que a crise econômica tivera o maior foco, como a Rússia e o leste Europeu.


Um dos principais fatores que fizeram com que houvesse essa queda foi à diminuição dos créditos e financiamentos dos nossos importadores, sendo isso um dos fatores que travam as vendas de café solúvel no Brasil, que sofre com sobretaxações exageradas na hora da venda desses produtos para o mercado externo. “Com este cenário, as indústrias exportadoras de café diminuíram de 30 a 40% o envio de produtos direcionados a outros países.


Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional do café, órgão da Confederação Nacional da Agricultura, diz que o Brasil não produz o suficiente para manter-se aliviado, tanto no mercado externo, quanto no interno. Segundo Lucas Ferreira, do Ministério da Agricultura, no segundo semestre, as exportações deverão acelerar, devido ao período que precede a colheita do produto.


Um levantamento realizado pelo Conselho dos Exportadores de café do Brasil, Cecafé, diz que as exportações do produto verde mais solúvel no mês de maio foi de 2.451.270 sacas, 23,1% a mais do que em maio de 2008. O Porto de Santos foi o responsável por 74.4% do volume embarcado 9.280.596 entre janeiro e maio, seguido pelo Porto de Vitória, com 13% 1.617.576 sacas, e depois pelo Porto do Rio de Janeiro, com 9,8% 1.216.629 sacas.


Um novo convênio firmado entre Apex-Brasil e Abic, com validade até 2010 prevê novas estratégias para a inserção dos cafés do Brasil em diferentes mercados, principalmente os considerados “traders”, que são países ou regiões com um alto potencial de comercialização dos produtos.


Custo de produção – a falta de renda do produtor brasileiro tem sido um dos maiores desafios para o mercado cafeeiro. Perante a esse cenário, Nathan Herszkowicz da Abic explica que com os elevados custos de produção do café torrado e moído e os baixos preços dos produtos, é impossível a obtenção de lucro nesse tipo de cultura. “A atual equação do mercado de café se resume aos elevados custos de produção tanto para o produtor, quanto para a indústria, sendo que os preços não aumentam há mais de quatro anos”, explica.


Um dos fatores que mais pesam no bolso do produtor rural são os elevados preços dos fertilizantes e também o alto custo da mão-de-obra, insumos em geral, máquinas agrícolas, entre outros quesitos. Do lado da indústria, os preços das embalagens e a energia elétrica foram os fatores que impulsionaram a elevação dos custos de produção.


Para se ter uma idéia do potencial cafeeiro, que não tem recebido uma devida atenção por parte dos gestores da economia nacional, na safra passada, a produção brasileira de café foi de 48 milhões de sacas, no entanto, para a safra 2008/09, espera-se uma produção de 40 milhões. De acordo com Breno Mesquita da CNA, o governo está propondo uma série de políticas públicas que irão fomentar a produção.


O consumo do produto está em ampla ascensão, estima-se de 2010 a 2012 haja um aumento de 17 mil sacas. No entanto, de acordo com o especialista da CNA, a produção brasileira ainda não é suficiente para atender os consumidores, “por isso que os nossos estoques estão sempre baixos, até porque, temos que crescer ainda mais para termos um mercado estável”. A capacidade de estocagem brasileira, segundo especialistas, não passa de 500 mil sacas de café.


Uma pesquisa realizada entre a Abic e o Ministério da Agricultura mostra que o potencial de crescimento de mercado é muito grande, já que, nos últimos anos, as doses de café consumidas pelas pessoas tem crescido, principalmente de jovens a partir dos 15 anos, idade bem abaixo do que as pesquisas anteriores, que eram de 21 anos. Com tudo isso, as fazendas, até agora, tem dado conta de atender toda essa demanda, mas não se sabe até quando, pois com um custo de produção alto e o preço baixo pago pelo produto, que gira em torno de R$ 340,00, na média nacional, tem sido um dos desafios para a cafeicultura.


Mercado de opções – uma das saídas encontradas pelo governo para fomentar a agricultura cafeeira é o investimento no mercado de opções. Estabelecer contratos futuros, com preços pré-estabelecidos, é uma aposta do ministro Reinhold Stephanes. O Ministério da Agricultura lançou recentemente, junto com o Ministério da Fazenda, um contrato de opções de venda de três milhões de sacas de café arábica de 60 Kg para a safra 2009. O objetivo é que participem, principalmente, produtores e cooperativas para acelerar a economia do setor.


O prazo de vencimento do primeiro leilão está programado para novembro deste ano, com a oferta de um milhão de sacas, a um preço de R$ 303,50. O segundo leilão, estimado para janeiro de 2010, ofertará 800 mil sacas ao preço de R$ 309,00. Em fevereiro acontecerá o terceiro leilão, a um custo de R$ 311,70 para 700 mil sacas. E o último leilão, de 500 mil sacas, está previsto para março, ao preço de R$ 314,40.


De acordo com Breno Mesquita, o mercado de opções nada mais é do que a criação de um piso de preço a um limite de mil sacas de café. Ele diz que essas ofertas trazem segurança para o agricultor, mas isso é salutar, pois o Brasil deve investir em estoques, pois, com isso, o produtor não corre tantos riscos. Essa iniciativa veio depois de sucessivas quedas no número de adesões ao sistema de opções.


Dados da BM&F Bovespa indicam que o número de contratos futuros e de opções realizados no mês de maio de café arábica deste ano foi 3,6% menor do que no mesmo período do ano passado. Neste mesmo mês foram feitos mais de 55 mil contratos, índice esse considerado não tão bom. O volume movimentado desse mercado, ainda no mês de maio ultrapassou os R$ 1,6 milhões.


A média diária de negócios de café arábica no mês de maio ultrapassou dois mil e setecentos contratos, mas esse índice ficou abaixo se comparado a 2008, que ultrapassou os dois mil e oitocentos, mas em comparação ao mês anterior, o crescimento foi de 29,8%. O volume financeiro negociado no mercado de opções de janeiro a maio deste ano já ultrapassou os R$ 7 milhões.

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