Café Balanço 2005 e Perspectivas 2006

A recuperação de preços e o aumento do consumo no mercado interno e externo foram fatores positivos registrados em 2005. O grande desafio para 2006 é um cenário de suporte de preços externos e internos para essa commodity, que no Brasil gera 8,4 milhões d

31 de dezembro de 2005 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: CNA

Café Balanço 2005

A recuperação de preços e o aumento do consumo no mercado interno e externo foram fatores positivos registrados em 2005, fortalecendo o movimento de retomada do setor iniciada em 2004. a média de preços reais recebidos pelos produtores pela saca de café arábica, com base no Índice Geral Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), de outubro, da Fundação Getulio Vargas (FGV), foi R$ 256,85, o que representa uma evolução de 14,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a média de preços foi de R$ 223,68. Em relação ao café robusto, o valor médio recebido pelos produtores, nos primeiros dez meses do ano, foi de 151,51, uma variação de 6,89% superior aos R$141,73 pagos no mesmo período de 2004.
Apesar da sinalização positiva, o impacto ainda é pouco significado para o produtor, que nos últimos anos enfrentou uma forte crise de preços, com a redução drástica de renda. Um cenário que contribuiu, ainda mais, para descapitalizar o cafeicultor, ampliar o nível de endividamento do setor e diminuir a capacidade de investimentos na cultura. A recomposição de preços no mercado interno está sendo favorecida pela redução na produção mundial, que deverá registrar um déficit de sete milhões de sacas. Neste ano, a produção mundial deverá chegar a 108 milhões de sacas, contabilizando uma queda de 6,5% na comparação com 2004. Em contrapartida, o consumo mundial neste ano deve chegar a 115 milhões de sacas, segundo estimativa da Organização Internacional do Café (OIC).

Pela primeira vez, nos últimos quatro anos, há um movimento de inversão, com o volume de demanda superando a produção mundial. Na pratica, isso significa um ajuste de mercado, que enfrentou especialmente ao longo dos últimos quatro anos, excesso de oferta, produzindo forte crise de preços.
Vários fatores contribuem para esse quadro, tanto no mercado domestico como internacional. Entre eles, a ocorrência de adversidades climáticas registradas em importantes regiões produtoras e armazenadas, como na América Central e México, afetadas pelos furacões Katrina e Stan – e no Vietnã, onde a estiagem afetou a florada nas lavouras, reduzindo em 15% a produção estimada desse pais, que é o segundo maior produtor mundial. Nos Estados Unidos, o furacão Katrina destruiu 565 mil sacas de cafés armazenadas na cidade de New Orleans, o equivalente a 10% dos estoques norte-americanos.

No Brasil, o recuo da safra deverá chegar a 17%, totalmente uma produção de 33,32 milhões de sacas contra os 39 milhões de sacas registradas no ano passado, segundo estimava da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção de café arábica, que representa 72,8% do total, está projetada em 24,25 milhões de toneladas o que representa uma redução de 23,5% em relação à safra anterior. Essa redução está ocorrendo não apenas em virtude da bienalidade da produção cafeeira, mas também por causa do clima desfavorável nas principais regiões produtoras, com a ocorrência de chuvas excessivas. Em contrapartida, o café robusto (conilon) tem uma produção estimativa em 9,07 milhões de sacas, com acréscimo de 20,1% na comparação com a safra passada. As climáticas foram favoráveis, principalmente no estado do Espírito Santo, o maior produtor nacional dessa variedade.

Em 2005, a média de preços reais da saca beneficiada, entre janeiro e setembro de 2005, com base no IGP-DI do mês de outubro, foi de R$ 290,93, o que representa um aumento de 29,8% em relação ao mesmo período de 2004. No ano passado, os preços apresentaram média de R$ 224 pela saca de 60 quilos. A parti desses dados, é possível projetar que o faturamento do setor cafeeiro do setor nacional, medido pelo conceito do Valor Bruto da produção (VBP) será de R$ 9,69 bilhões em 2005; 10,2%a mais que os R$ 8,7 bilhões de 2004.

Em relação às vendas externas, o Brasil o principal exportador mundial e responsável por 40% do mercado mundial, deve manter o mesmo volume comercializado no ano passado, de 26 milhões de sacas. O faturamento deverá chegar a US$ 2,8 bilhões, 36,6% superior aos US$ 2,05 contabilidade em 2004.
Há ainda, no cenário interno, outros fatores positivos, pelo aumento do consumo nacional. Entre novembro de 2003 e outubro de 2004, o consumo brasileiro aumentou 8,97%seis vezes mais que a media mundial, que tem aumentando ao ritmo de 1,5% ao ano. Dessa forma, o Brasil consumiu 14,9 milhões de sacas de café, ou seja, 13% de todo o consumo mundial do grão ou, ainda 50% do consumo entre todos os paises produtores. Para este ano, a estimativa é que o consumo interno atinja em 15,8 milhões de sacas, 47,41% da produção nacional.

Essa expansão é resultado de um trabalho que o setor privado está realizando para estimular o consumo do café principalmente entre o segmento jovem da população e mostrar que o produto faz bem a saúde.A CNA, como integrante do Grupo de Promoção e Marketing do Café Brasileiro (formado também pelo Ministério da agricultura, Pecuária e abastecimento e representantes dos demais segmentos privados da cadeia cafeeira, como indústria e comercialização) tem trabalhado, principalmente entre os profissionais de saúde a importância do consumo do grão.

Neste ano a CNA, por intermédio do projeto Conhecer, realizou consulta a cafeicultores para conhecer as conhecer as expectativas do segmento produto quanto à dimensão da área cultivada, qualidade e volume da próxima safra e nível de inadimplência do setor. Os resultados do consulta, realizada entre julho e agosto deste ano, quando foram ouvidos 556 produtores, revelam que o reaquecimento de preços, iniciado no segundo semestre de 2004, pouco reduziu nível de endividamento do setor.

Apesar de recuperação das cotações, a maior parte dos produtores – 77% – não pretende expandir sua área plantada. Um dado interessante é que 49% dos cafeicultores vão intensificar os investimentos em tratos culturais, melhorando a qualidade da próxima safra.Verificou-se, ainda grande preocupação com a agregação de valor e prospecção de novos nichos mercadológicos: 43% dos entrevistados já produzem ou pretendem investir nos segmentos de cafés especiais ou orgânicos.

Perspectivas 2006

O grande desafio para 2006 é um cenário de suporte de preços externos e internos para essa commodity, que no Brasil gera 8,4 milhões de postos de trabalho e a principal fonte de renda para 300 mil produtores em 14 estados. Se por um lado, em curto prazo, a oferta do grão apresenta-se debilitada em virtude do inicio da entressafra brasileira e da redução da estimativa de produção mundial em contrapartida, há uma tendência de aumento das importações de cafés verdes impulsionadas, especialmente, pela proximidade do inverso no hemisfério norte, quando se registra maior consumo de bebidas quentes

A formação de preços ao longo do próximo ano está diretamente relacionada à estratégia comercial a ser adotada pelo Pais, que dever a ter uma produção entre 40,4 milhões e 43,5 milhões de sacas, segundo primeira previsão da safra 2006/07 divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no ultimo dia 09 de dezembro. A estimativa representa um aumento entre 22,7% e 32,% na comparação com a safra 2005/06, de 32,94 milhões de sacas.

No entanto, essa estimativa está condicionada às políticas setoriais pautadas na racionalização do fluxo de oferta da safra futura no mercado internacional. Dessa maneira, o deslocamento do volume excedente, a fim de equalizar o volume da oferta com a intensidade da demanda, poderá ser viabilizada por dois caminhos: seja pela disponibilidade de linhas de credito que possibilitem a estocagem do produto, seja pela introdução de mecanismos de comercialização futura, como as opções de venda privada e publica.

Na avaliação da CNA, a aplicação desses instrumentos torna-se fundamental em virtude da proximidade de colheita da safra, que será de alta bienalidade. Alem disso, os índices de endividamento setorial ainda comprometem a capacidade dos empresários rurais em financiarem, com recursos próprios, o processo de estocagem de mercadoria.

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