A alta do preço da saca nos últimos anos, que saltou de U$ 80 em 2004 para U$ 150 em 2008, não resultou nos lucros previstos, segundo Sílvio Leite, presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé). “A provável rentabilidade foi anulada pela desvalorização do dólar e pelo aumento dos preços dos defensivos e fertilizantes, da energia, do óleo diesel e da mão-de-obra”, disse.
Mas outros fatores recentes, aliados à manutenção de alta dos preços internacionais, podem contribuir para um novo cenário. “O mercado internacional, que hoje é de 120 milhões de sacas, cresce a 2% ao ano, o que representa a necessidade de mais 2,4 milhões de sacas e o Brasil, especialmente a Bahia, pode se preparar para atender a esta demanda”, avalia Leite.
O Brasil é o principal produtor internacional de café e responde por 45 das 120 milhões de sacas colhidas em todo o mundo. Em seguida vem o Vietnã, com 15 milhões, e a Colômbia com 11.
Para Leite, a conquista de novos mercados exige o avanço dos agricultores também na certificação dos produtos. “A certificação permite a rastreabilidade e confiabilidade, num mercado que paga mais, mas exige também informações sobre procedência e detalhes sobre como o café foi produzido, desde o plantio até a torrefação”, diz.
Já João Araújo, coordenador geral do 9º Agrocafé, disse que “o brasileiro descobriu que não precisa atravessar o Atlântico para beber um produto qualidade superior”. Além disso, segundo ele a redução dos estoques também é um indicativo positivo para os produtores. “Pela primeira vez na história o estoque do governo é zero e o estoque de passagem da entressafra caiu de 20 milhões para 8 milhões”, diz.
Araújo também ressalta que este é um momento especial para a cafeicultura baiana, que pode se beneficiar de terras mais baratas do que em São Paulo e Paraná, que estão substituindo o café pela de cana-de-açúcar para a produção de etanol. “Podemos crescer porque temos também água, clima e uma tradição de 160 anos de produção”, avalia.