CAFÉ AVANÇOU EM SETEMBRO EM NY E DÓLAR ACHATOU PREÇOS NO BRASIL

Por: AGÊNCIA SAFRAS

Os produtores brasileiros de café tiveram um mês de setembro desfavorável em relação a preços. Se na Bolsa de Nova York, que baliza as cotações do café arábica no mundo, os preços acumularam valorização, no Brasil os preços recuaram no balanço mensal. E a culpa foi de um velho conhecido: o dólar.

No mercado internacional, setembro foi dividido pelo pregão do dia 24 na Bolsa de Nova York, uma quinta-feira. Antes do dia 24, os preços vinham subindo bem. O mercado em NY vinha acumulando até o dia 22 uma alta de 12,5% no mês. Entre os fatores altistas, o aperto na oferta global na temporada, especialmente com o programa do governo brasileiro de ajuda aos cafeicultores. Através dele a idéia é se retirarem 10 milhões de sacas do mercado via operações de contratos de opção de venda, AGFs (Aquisição do Governo Federal) e rolagem de dívidas, basicamente.

A aproximação da temporada de frio no Hemisfério Norte, que congrega grandes nações consumidoras, quando se consome mais, era outro fator altista. Fatores técnicos e gráficos completavam o cenário mais positivo.

Depois de uma retração de 0,9% no pregão do dia 23 de setembro, veio o dia de grandes perdas. Na quinta-feira, 24, NY apresentou queda para o arábica de 5%, com baixas também acentuadas na Bolsa de Londres para o robusta. No lado técnico, NY não conseguiu dar continuidade a altas recentes e falhou em romper resistências técnicas/gráficas. Isso já pesou sobre as cotações. Além disso, o dólar mostrou firmeza contra outras moedas e as commodities despencaram pelas bolsas mundiais. O café seguiu este movimento.

No lado fundamental, houve aspectos baixistas também indicados. O clima até agora é favorável para as floradas no Brasil, o que leva à expectativa da confirmação de uma grande safra em 2010, que é de alto ciclo produtivo dentro da bienalidade cafeeira. E em pouco tempo começa a chegar oferta de países como Colômbia e Vietnã.

Ainda assim, em NY, o balanço do mês foi positivo por conta do bom começo de setembro até o dia 22. Assim, o contrato dezembro fechou o mês em 127,80 centavos de dólar por libra-peso, acumulando alta de 4,5% no comparativo com o final de agosto, quando o mercado fechara a 122,30 cents/lb.

Já no mercado brasileiro, além de se ter enfrentado esses altos e baixos de NY, o câmbio foi um grande problema. O dólar em setembro acumulou significativa queda de 6,2%, fechando este último dia 30 a R$ 1,77, contra R$ 1,89 do fim de agosto.

Com as medidas de apoio do governo e com o descontentamento com as cotações atuais no mercado, os cafeicultores seguem segurando a oferta, aguardando por um quadro mais favorável. Isso evitou que o impacto da queda do dólar fosse mais significativa aos preços em reais do café no Brasil.

Assim, tomando por referência o sul de Minas Gerais, o café arábica bebida dura fechou setembro a R$ 248,00 a saca de 60 quilos, acumulando recuo no mês de 2% (agosto fechou a R$ 253,00 a saca no sul de MG).

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