Os preços do café arábica voltaram a cair em março na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures US).
Porto Alegre, 29 de março de 2018 – E romperam a importante linha de US$ 1,20 a libra-peso para maio. Mais que isso, demonstram ao final de março que estão consolidando esse patamar mais baixo.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o café não tem força para recuperar a linha de 120 centavos de dólar por libra-peso na ICE Futures em Nova York. “Carente de apoio fundamental, o arábica nova-iorquino fica mais vulnerável às flutuações do dólar e bastante pressionado pelo movimento de aversão ao risco, que toma conta dos mercados globais”, comenta. E, com isso, a bebida continua muito perto do fundo, em região de risco de baixa na bolsa nova-iorquina.
Nos fundamentos, a chegada da safra brasileira pressiona o mercado. “A safra nova brasileira se aproxima, com colheita de conilon tendo início em Rondônia. O sentimento continua otimista, com projeções indicando safra recorde”, aponta. Diante disso, a demanda externa não altera a postura, dosando compras, alongando estoques e aguardando a chegada de café novo brasileiro ao mercado.
Diante desse cenário, comenta o consultor, é difícil para o arábica retomar a linha de 120 cents na ICE. Assim, “o mercado consolida um novo patamar de atuação, inferior ao de algumas semanas atrás”. A tensão comercial entre EUA e China e o impasse geopolítico com a Rússia ainda podem trazer nervosismo aos mercados mundiais e favorecer a alta do dólar e levar a novas perdas para o café na bolsa nova-iorquina, adverte Barabach. “Já uma mudança mais consistente para cima na curva de preços passa, necessariamente, por algum problema na oferta. E, nesse caso, o foco é a próxima safra brasileira, que se desenvolve sem grandes problemas.
No balanço mensal, o arábica na Bolsa de Nova York no contrato maio, caiu 3,5%, tendo saído de 122,00 centavos de dólar por libra-peso no final de fevereiro e na sessão de 28 de março fechou a 117,75 centavos. Para o robusta em Londres, o contrato maio teve ligeiro avanço no mesmo comparativo, de 0,3%, passando de US$ 1.724 para US$ 1.729 a tonelada.
No Brasil, o mercado físico interno encontra no dólar mais firme apoio para aliviar a pressão negativa das bolsas. O arábica duro com 15% de catação oscila entre R$ 425,00 a R$ 430,00 no Sul de Minas. Um patamar bem distante dos R$ 450,00 do começo deste ano e bem além dos R$ 480,00 a saca de igual época do ano passado. “Essa diferença gritante intimida o vendedor e justifica a postura mais curta do vendedor”, comenta Barabach.
O preço de fixação de safra nova continua muito próximo da base praticada no disponível, o que tira o interesse de venda antecipada da safra 2018/19. A ideia atual gira em torno de R$ 435,00 a R$ 440,00 para Setembro/2018 no Sul e Cerrado de Minas.
No balanço mensal do mercado físico, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais da safra nova, com 15% de catação, vai fechando o mês de março em R$ 425,00 a saca, contra R$ 430,00 do fim de fevereiro. Já o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, recuou no mesmo comparativo de R$ 310,00 para R$ 305,00. O dólar chegou neste dia 28 de março a R$ 3,332, alta de 2,7% contra o fim de fevereiro (R$ 3,244).
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS