07/02/2014 17:15
Os contratos do café arábica fecharam o pregão desta sexta-feira (7) em alta na Bolsa de Nova York, após registrar uma sessão de intensa volatilidade. O vencimento julho/14 encerrou o dia cotado a 139,85 cents por libra-peso, com 10 pontos de alta, e o setembro a 141,70, com 30 pontos positivos.
O mercado foi pautado pela indefinição sobre a safra do Brasil diante desses impactos de uma forte seca que prejudica os cafezais do país e também frente ao movimentos dos operadores de troca de posições de compra e venda.
O dia começou dando sequência ao movimento de realização de lucros, acentuado por fatores técnicos que fizeram os preços despencarem no fechamento desta última quinta-feira (06). Mas o receio dos investidores em relação ao clima no Brasil, que enfrenta as temperaturas mais altas da história e a pior seca dos últimos 20 anos, acabou pesando nas negociações.
As chuvas previstas para as regiões produtoras do país a partir de 17 de fevereiro deram o tom negativo ao mercado no início do dia. Porém o mercado já discute o impacto negativo na produção brasileira em função do grande período sem chuva. A seca pode reduzir o tamanho dos grãos, provocar mal formação dos frutos e ainda comprometer o desenvolvimento das plantas para as safras futuras. Porém, os analistas reforaçam que ainda é cedo para avaliar o tamanho do prejuízo e até o mercado conseguir medir os estragos, as cotações devem registrar muita volatilidade.
Desde o início deste ano, os futuros do arábica têm exibidos movimentos bastante fortes no mercado internacional e, em seis dias, subiu, pelo menos 4%. A seca muito intensa e o calor excessivo no Brasil fez com que o a commodity revertesse boa parte das expressivas baixas registradas no ano passado, e já registra um rally de alta de 26% em 2014. Até a última quarta-feira (5), cerca de 120 milhões de sacas de café foram negociadas na Bolsa de Nova York, em 300 mil lotes de 283 sacas cada um.
A estiagem que castiga a produção brasileira de café, é tida como a pior dos últimos tempos para o Lúcio Dias, diretor de mercado interno da Cooxupé. O calor muito forte e a seca estão prejudicando o enchimento dos grãos, deixando os grãos chochos.
“O café que você aperta parece plástico bolha, cheio de ar. Não cai uma gota de chuva em lugar nenhum e temos um sol queimando tudo pela frente. Em breve todo mundo vai perceber que este será o fenômeno climático que mais prejudicou a cafeicultura, inclusive pior que muitas geadas”, diz o produtor Jonas Torres, de Alfenas/MG.
Nos últimos dez dias, a situação se agravou no norte do Paraná, interior de São Paulo e Sul de Minas. A combinação de falta de chuvas com altas temperaturas atinge a pior época para a lavoura, que é a fase de formação do grão (granação). No Paraná, levantamento do Deral mostra que nesta safra serão beneficiadas apenas 650 mil sacas de 60 quilos de café em 2014, volume que se confirmado representará uma quebra de 61% em relação as 1,654 milhão de sacas produzidas em 2013. Mas os efeitos das altas temperaturas e da falta de chuvas ainda terão que ser calculados, o certo é que haverá perdas de produtividade.
No relatório semanal divulgado pelo CNC – Conselho Nacional do Café – a entidade afirma que são notórios os impactos iniciais que a falta de chuva no cinturão produtor brasileiro vem trazendo aos cafezais. Entretanto, ainda é muito cedo para avaliar o impacto dessa estiagem, haja vista que a previsão para o retorno das precipitações é apenas a segunda quinzena de fevereiro. Até lá, a possibilidade de perdas poderá ser agravada, principalmente pelo fato dos boletins meteorológicos não indicarem ocorrência de chuvas significativas. O CNC está atento a esse fato e se manifestará a respeito tão logo seja possível uma apuração das perdas, provavelmente no mês de março.
Além da seca no parque cafeeiro do Brasil , também, a aproximação do exercício das opções, programa demandado pelo setor e implantado pelo Governo Federal teria ajudado a influenciar nesse movimento de alta . No mercado interno, por exemplo, a saca de café arábica chegou a superar os R$ 350.
Assim, o CNC reitera sua recomendação para que os cafeicultores aproveitem os momentos de pico para negociar parte da safra e buscar uma média de preços que seja rentável frente aos custos de produção, gerando, consequentemente, renda na atividade.
Fonte: Notícias Agrícolas